Saiba mais sobre a técnica que combina os cinco sentidos humanos, pode impulsionar vendas em estabelecimentos e atrair mais clientes

0

Porfessor Mestre, Arquiteto e Designer de Interiores, Alex de Oliveira dá dicas de ambientação dos espaços usando a neuroarquitetura

Quantas vezes você já esteve em um lugar, seja um estabelecimento comercial, um escritório, ou até mesmo na casa de alguém, e se sentiu depressivo e ansioso ou o contrário, feliz e entusiasmado? Tais sensações estão diretamente ligadas à ambientação destes espaços e engana-se quem pensa que esta relação diz respeito somente às cores que estão sendo usadas no local.

Arquiteto, cenógrafo e designer de interiores, Alex de Oliveira vem aplicando a neuroarquitetura para que a experiência do consumidor, em um ambiente comercial, laboral ou pessoal, seja cada vez mais prazerosa. A técnica, que consiste na aplicação da sinestesia nos ambientes, vai além dos parâmetros técnicos da legislação, ergonomia e conforto ambiental, associando índices como a emoção, a felicidade e bem-estar, considerados índices subjetivos, mas que fazem a diferença para o consumidor moderno, conforme explica o arquiteto. “Embora os estudos sobre a neuroarquitetura venham da década de 60, foi a partir da pandemia que esta necessidade de tornar o ambiente residencial e comercial mais feliz, passou a ser predominante. Ter uma casa ou escritório bonito, confortável e agradável passou a ser imprescindível, já que hoje a gente passa mais tempo nestes ambientes”, diz o profissional, professor mestre em Ciências do Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro.

Uma das primeiras pessoas a observar que os espaços influenciavam nas emoções foi o médico americano criador da vacina da poliomielite Jonas Salk, quem criou, em 1962 uma escola chamada Instituto Salk para pesquisa nas áreas de biologia molecular, genética, neurociência e biologia de plantas na cidade de La Jolla na Califórnia. Para o instituto, ele pediu ao arquiteto Louis Kahn, que o projeto fosse um misto de arte com ciência, onde a funcionalidade e a estética caminhassem lado a lado, inspirando os cientistas a fazerem pesquisa como os artistas fazem arte. Considerado o marco da neuroarquitetura, o edifício do Instituto é um dos prédios mais incríveis e emblemáticos construídos no século XX.

Através das décadas, o estudo foi sendo aprofundado até a criação da Academia Brasileira de Neurociências e Arquitetura, cujo objetivo é capacitar profissionais, desenvolver estudos e integrar múltiplas áreas, criando ambientes híbridos que privilegiam os cinco sentidos (visão, audição, paladar, olfato e tato) permitindo a captação de imagens, sons, sabores, odores e toques, garantindo uma percepção de todo o ambiente, o que nos possibilita meios para sobreviver ao ambiente.

As cores também são um ponto importante que não pode ser considerado de forma isolada. Segundo Alex, juntamente com a biofilia e a iluminação, elas formam o pilar decisivo para o sucesso do espaço. “A neuroarquitetura também engloba alguns outros quesitos importantes, no entanto, a escolha das cores nos projetos, influencia diretamente nas sensações e no humor dos moradores ou frequentadores de determinados ambientes. Por exemplo, algumas cores quentes, como laranja e vermelho, promovem agitação e movimento; enquanto as cores frias, como azul e verde, naturalmente, trazem mais calma e serenidade”, comenta.

Indo muito além da beleza, a biofilia estimula a criatividade, favorece a motivação e reduz o estresse. Por isso, as escolhas feitas para um projeto de arquitetura e paisagismo precisam ser bem pensadas. Uma dica do profissional é o uso de materiais naturais, potencialização da iluminação e a ventilação cruzada. As plantas dão mais vida e energia ao ambiente. “O que temos hoje em termos de espaço, são ambientes cada vez mais compactos, por isso, precisamos fazer o que chamamos de Análise de Ambiente Construído, que é dar solução a estes espaços utilizando técnicas para facilitar a vida útil desse ambiente sujeito à ocupação, leitura, reinterpretação e/ou modificação pelos usuários que interagem com o ambiente social, cultural e psicológico.

Os espaços arquitetônicos funcionam como espécies de âncoras para a memória; o cérebro faz uso de superfícies e sistemas espaciais para armazenar e organizar o mundo em que vivemos. A compreensão desse princípio forma a base para a transferência dos resultados de pesquisas neurocientíficas recentes para a prática arquitetônica. Nesse contexto, a neuroarquitetura conecta a neurociência, a teoria da percepção e a psicologia da Gestalt, à arquitetura, em uma abordagem holística que se concentra nas leis da formação de estruturas e no movimento do indivíduo dentro do espaço arquitetônico. Para ter um ambiente integrado usando a técnica, Alex dá cinco dicas usando os sentidos:

Ambientes sensoriais: Estimular os sentidos das pessoas é muito importante para a neuroarquitetura. Isso pode ser feito através do uso de cores e texturas diferenciadas.

Ambientes informais: A humanização dos espaços de trabalho é essencial para conexão das pessoas com o espaço. Isso pode ser feito através do uso de mobiliário confortável, uso de plantas e espaços de descontração.