Dia do vira-lata (31): mitos e verdades sobre os cães que ganharam os corações dos brasileiros

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Em 2020, a charmosa cadela vira-lata Pipi ganhou as redes sociais como o meme do cachorro caramelo, e um dos motivos de tanto sucesso é o carinho dos brasileiros pelos peludos que não possuem uma raça definida. De acordo com o Instituto QualiBest, esses pets estão presentes em cerca de 41% dos lares brasileiros. O carinho é tanto que em 31 de julho comemora-se o Dia do Vira-Lata, uma data que também reforça os cuidados necessários com esses cães, que são uma caixinha de surpresa e possuem muitos mitos a respeito da sua origem, saúde e personalidade. Para desmistificar algumas informações sobre os cães sem raça definida, os SRDs, o professor do curso de veterinária do Centro Universitário Una Uberlândia, que faz parte do ecossistema Ânima Educação, Flávio Machado de Moraes, esclarece algumas questões sobre esses pets.

Os SRDs não possuem origem genética determinada e têm descendência do cruzamento entre raças diferentes. Os peludos não possuem o chamado pedigree, um documento que comprova a linhagem do cachorro, e sem ele não há como saber a linhagem familiar. O professor Flávio explica que nem sempre são apenas duas raças envolvidas, já tendo sido identificados múltiplos traços genéticos em um único animal. O especialista também desmistifica algumas informações que normalmente são associadas aos cães vira-latas.

  • Vira-latas vivem mais do que outros cães

Segundo Flávio, o tempo de vida de cães SRD depende muito das doenças que esses animais venham a ter, não havendo nenhuma informação que comprove que independente de diversos fatores, os vira-latas vivem mais.

  • SRDs são mais resistentes às doenças

Segundo o professor, “em termos de resistência à doenças, sabemos que algumas raças de cães com pedigree são mais propensas a desenvolver certas enfermidades do que os SRD. Por exemplo, labradores podem ter mais doenças de pele do que vira-latas. Mas é importante ressaltar que isso irá depender de uma série de fatores, que podem inclusive envolver as condições que o bichinho vive, e ao que ele é exposto diariamente, por exemplo”, detalha Flávio.

  • Cão vira-lata pode comer de tudo

Isso não é verdade. O especialista explica que apesar de já ter sido um forte costume dar restos de comida para animais, isso não é o adequado devido aos condimentos utilizados por humanos como tempero, sal e pimenta, que não são recomendados para cães, inclusive os sem raça definida. “Hoje, as rações facilitam muito, mas de fato antigamente as pessoas costumavam dar restos de comida. Não temos que dar outra alimentação que não seja ração, entretanto existem exceções, por exemplo, animais que têm hipersensibilidade alimentar, uma alergia à ração e por isso é recomendado a alimentação com comida caseira, que pode ter arroz, proteínas e lipídios, mas não condimentos”, explica Flávio.

  • SRDs têm olfato mais apurado

Enquanto o humano consegue sentir o cheiro do feijão cozinhando, os cães conseguem distinguir o feijão, a cebola, o alho e o louro, por exemplo. De acordo com o professor, essa afirmação vale para todos os cães, não havendo distinção em relação aos de raça pura e aos peludos SRD.

Na contramão do carinho, o abandono

Apesar de os carinhosos vira-latas estarem presentes em diversos lares, eles também estão na rua. A Organização Mundial da Saúde estima que existam no Brasil mais de 30 milhões de animais abandonados, sendo 20 milhões de cães. Durante a pandemia, esse abandono aumentou e em Uberlândia, segundo a Associação Protetora de Animais, chegou a crescer 50%. Considerável parte dos pets que não possuem um lar, são SRD. Para o professor Flávio,”uma das causas desse cenário em geral é a situação financeira das pessoas, que piorou com a pandemia e acabou refletindo na decisão de seguir ou não com um pet sob tutela”, finaliza ele.