O avanço da crise climática e a chegada do verão direcionam a atenção das equipes de saúde para seus efeitos no organismo humano. O aumento das temperaturas e a intensificação de eventos extremos impactam diretamente a saúde coletiva, inclusive nas empresas, elevando a incidência de doenças respiratórias, cardiovasculares, renais, infecciosas e transtornos mentais. Além disso, há maior risco de desnutrição, acidentes e ferimentos.
O calor excessivo pode causar desidratação, tonturas, queda de pressão arterial, descompensação de doenças crônicas e insuficiência renal. Os grupos mais vulneráveis incluem idosos, crianças, gestantes e pessoas com comorbidades ou em uso contínuo de medicamentos. Em regiões afetadas por queimadas, observa-se o agravamento de quadros de asma, bronquite e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Esses efeitos exigem uma resposta antecipada e coordenada da APS, com foco na prevenção de agravos e complicações.
Segundo estudo publicado em 2024 por pesquisadores brasileiros e portugueses vinculados à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e à Universidade de Lisboa, as ondas de calor foram responsáveis pela morte de 48 mil pessoas no Brasil entre 2000 e 2018. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também alerta que o calor extremo — com temperaturas entre 40ºC e 44ºC por períodos prolongados — contribui para cerca de 500 mil mortes anuais em todo o mundo.
A Amparo Saúde, empresa do Grupo Sabin especializada na gestão de saúde populacional em empresas e operadoras, reforça o papel estratégico da APS na prevenção e no manejo desses riscos. De acordo com o coordenador técnico da Amparo, Leonardo Demambre Abreu, médico de Família e Comunidade, é fundamental orientar as populações vulneráveis a evitarem exposição solar nos horários de pico, manter adequada hidratação e ajustar rotinas de atividade física conforme as condições climáticas.
A APS contribui para a resiliência das comunidades por meio de ações como:
- Educação em saúde, com foco em medidas preventivas e reconhecimento precoce de sinais de agravamento;
- Monitoramento proativo de pacientes com doenças crônicas, visando evitar descompensações;
- Ajuste de planos terapêuticos e orientações sobre o uso de medicamentos durante ondas de calor;
- Administração de vacinas para prevenir infecções por arboviroses como dengue, zika e chikungunya;
- Recomendações ambientais, incluindo proteção contra fumaça de queimadas e estratégias de ventilação domiciliar.
A atuação integrada das equipes de APS permite identificar precocemente alterações clínicas e adaptar condutas com agilidade. O contato contínuo entre enfermeiros, médicos de família e demais profissionais é essencial para proteger os grupos de risco e reduzir internações evitáveis durante períodos de calor extremo e eventos climáticos adversos.
“Com a intensificação dos eventos climáticos, a Atenção Primária se reafirma como porta de entrada essencial para a saúde pública e privada, combinando prevenção, acompanhamento e ações educativas que preservam vidas e promovem qualidade de vida às populações atendidas”, destaca Leonardo Demambre Abreu.



