Na primeira onda da doença, a faixa etária dos pacientes internados ficava acima dos 65 anos, mas agora está abaixo dos 45.
Com o aumento no número de pessoas infectadas pela Covid-19 em uma segunda onda da doença no Rio de Janeiro, o perfil dos pacientes cada vez mais jovens vem chamando a atenção dos médicos. É o caso de Jonatas Carlos de Azevedo, de 18 anos, que ficou 23 dias internado no Hospital e Clínica de São Gonçalo.
O paciente deu entrada no hospital no dia 5 de dezembro na emergência e se internou no mesmo dia. O quadro de amigdalite se tornou uma pneumonia rapidamente e com 50% de comprometimento pulmonar. Três dias depois, veio a intubação no CTI; evolução rápida para um jovem sem comorbidade e com a saúde em dia. A transferência para o quarto ocorreu 17 dias após a internação. E, apenas em 29 de dezembro, teve alta para casa.
Segundo o Dr. Leonardo Cordeiro, fisioterapeuta do HCSG responsável pelo paciente, explica que o diferencial no tratamento da fisioterapia foi o grande comprometimento da equipe no gerenciamento da ventilação mecânica 24 horas dentro do CTI.
“Ele teve uma disfunção muscular respiratória que foi tratada pela equipe de fisioterapia. Teoricamente, quando não tratada, [essa disfunção] pode estender o período de internação do paciente. Tão prontamente foi feito o tratamento, devolveu-se a capacidade pulmonar do paciente, que saiu com uma funcionalidade já melhor e em uma restituição da capacidade pulmonar.”
Com a abertura das atividades e relaxamento da população, os jovens foram os primeiros que aproveitaram o início da liberação, o que foi determinante para o aumento das infecções. Por ser uma doença de transmissão respiratória, precisa do contato entre as pessoas. Os jovens têm uma preferência pelo contato com outras pessoas, porém, quando eles vão para casa, podem entrar em contato com outros membros da família que estão se resguardando porque sabem dos riscos.
“Embora o Jonatas estivesse saindo para alguns lugares, como churrasco ou praia, não sabemos ao certo se foi descaso somente dele. Pois quem começou com os sintomas aqui em casa fomos nós, os pais”, conta Adriana Calabrot Carlos Azevedo, mãe do rapaz.
Segundo o fisioterapeuta, “na primeira [onda], a idade dos pacientes que procuravam atendimento era maior do que 65 anos e agora está menor que 45 anos, o que preocupa na evolução do contágio aos mais jovens e, consequentemente, aos idosos que geralmente apresentam diversas comorbidades”. Muitas pessoas estão se internando nessa faixa etária, explica o Dr. Leonardo, que complementa: “o descaso dos jovens realmente é uma preocupação de todos, principalmente agora nas festas de final de ano e nesse período de janeiro, que são as férias oficiais escolares. Temos que redobrar a atenção desse público, porque muitos estão banalizando as informações, talvez até mediado pelas fake news”.
Dr. Leonardo faz ainda um alerta: “deve-se redobrar a atenção do uso das máscaras, evitar aglomeração, fazer uma boa lavagem das mãos sempre que tocar em superfícies ou em outras pessoas. E com uso do álcool gel sempre! Essas informações têm que ser passadas para o público de maneira veemente. Um detalhe muito importante é evitar lugares fechados e, se estiver em contato com outras pessoas, manter o distanciamento e o uso de máscara durante as conversas. Acredito que essas recomendações são importantes para qualquer público, seja de crianças, idosos e principalmente nesse grupo de jovens, que agora vem crescendo”, conclui.