Laboratório Minas Cotton apresenta os resultados da safra mineira de algodão 2023/24

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A safra 2023/24 de algodão no Brasil terminou, revelando um cenário de crescimento e desafios. Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) apresentados no  Relatório de Safra (fevereiro) e no Relatório Anual  Cotton Brazil mostraram que a produção nacional de pluma atingiu 3,7 milhões de toneladas, um aumento de 16,6% em relação à safra anterior. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pela área plantada, que chegou a 1,99 milhão de hectares, 19,7% superior à temporada 2022/23. No entanto, a produtividade nacional registrou uma leve queda de 2,6%, com 1.857 kg de pluma por hectare, reflexo das condições climáticas adversas enfrentadas durante o ciclo.

Minas Gerais se destacou como um dos estados que expandiu sua área plantada, dando um salto de 25.848 mil hectares no ciclo 2022/23 para 32.306 em 2024. A produção em pluma passou de 52.857 mil toneladas para 66.163 na safra 2023/24, sendo também ascendente a média de produtividade que, de 2.041 kg de pluma/hectare, atingiu o patamar de 2.048 kg. Para Lício Augusto Pena de Sairre, diretor executivo da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), esses indicadores “retratam manejos culturais equilibrados e as boas práticas agronômicas adotadas pelos produtores associados. O algodão em Minas Gerais atingiu excelente patamar técnico com produtores e gestores agronômicos adotando tecnologias assertivas, o que reflete em boas produtividades e excelente qualidade de fibra”.

Nesse contexto, a Minas Cotton (Central de Classificação de Fibra de Algodão), unidade filial da Amipa, desempenhou um papel importante nas etapas de análise, classificação e participação na  certificação estadual da origem e da qualidade do algodão, processos que reforçam o diferencial do produto oferecido ao mercado.

Resultados da Safra Mineira 2023/24
A Minas Cotton divulgou neste mês resultados que evidenciam a alta qualidade do algodão cultivado no Estado. “Mesmo enfrentando desafios climáticos, como altas temperaturas, períodos de seca e chuvas excessivas, conseguimos alcançar níveis de qualidade superiores em praticamente todos os índices avaliados”, destacou Anicézio Resende, gerente do laboratório.

Melhoria nos principais indicadores de qualidade em relação à safra passada
– Comprimento da fibra (UHML >1,11 in): aumento de 95% para 98%;

– Uniformidade (UI >80%): aumento de 88% para 95%;

– Micronaire (MIC 3,5-4,9): aumento de 90% para 98%;

– Resistência (STR >28,0 g/tex): aumento de 84% para 95%;

– Índice de fibras curtas (IFC<10%): aumento de 76% para 82%;

– Grau de reflexão (RD>75%): aumento de 86% para 98%;

– Grau de amarelamento (+b<9): aumento de 86% para 95%.

“Esses resultados consolidam Minas Gerais como referência nacional em qualidade de fibra, um avanço significativo em relação às quatro últimas safras”, comentou Resende. A análise instrumental da safra 2023/24 confirmou que a qualidade do algodão brasileiro está dentro dos parâmetros demandados pelo mercado, com destaque para o índice de fibras curtas, que retornou ao patamar acima de 80%, atendendo a uma demanda frequente do setor.

Safra no Brasil
Gustavo Piccoli, presidente da Abrapa, destacou que o crescimento da produção nacional foi motivado principalmente pelo aumento da área plantada. “Na safra 2023/24, o Brasil produziu 3,7 milhões de toneladas de pluma, um crescimento de 16,6% em relação ao ciclo anterior. Esse resultado foi impulsionado pela expansão da área plantada, que chegou a 1,99 milhão de hectares, 19,7% superior à safra passada”.

Piccoli também ressaltou que, apesar dos desafios climáticos, a produtividade se manteve em patamares elevados, com 1.857 kg de pluma por hectare. “Tivemos uma leve queda de 2,6% na produtividade em relação ao recorde da safra anterior, quando alcançamos 1.907 kg por hectare, mas os resultados ainda são muito positivos”, explicou.

Sobre a qualidade da fibra, o presidente da Abrapa destacou que os indicadores têm se mantido dentro dos parâmetros exigidos pelo mercado. “O micronaire está entre 3,5 e 4,9; a resistência da fibra acima de 28 gramas por tex; o comprimento (UHML) acima de 1,11; e a uniformidade acima de 80%. Esses números mostram que o algodão brasileiro continua atendendo às demandas dos mercados mais exigentes”.

Desafios Climáticos e Pragas
A safra 2023/24 foi marcada por desafios climáticos desde o plantio. A seca no início do ciclo forçou os produtores a estenderem o tempo de cultivo no campo para tentar recuperar a produção. “Os problemas climáticos começaram desde o plantio. A falta de chuvas nessa fase atrasou o desenvolvimento das plantas, levando os produtores a alongar o tempo delas no campo, o que resultou em custos maiores com defensivos e impactou a rentabilidade da cultura”, explicou Piccoli.

Além disso, houve um aumento significativo na contaminação das fibras por fumagina, atribuída à proliferação da mosca-branca e pulgão no final de ciclo. “Esse é um ponto de atenção para a próxima safra. A pegajosidade causada pela fumagina pode comprometer a qualidade das fibras e dificultar a comercialização. Precisamos redobrar os esforços no controle dessas pragas”, alertou Resende, da Minas Cotton.

Certificação e Rastreabilidade
A Amipa, em parceria com a Abrapa e o Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas), aumentou seus esforços para auxiliar os cotonicultores a manter a produção dentro de critérios de rastreabilidade e certificação. Atualmente, toda a pluma produzida em Minas Gerais é certificada pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e, por adesão e cumprimento de protocolos específicos por parte das fazendas, certificada nacionalmente pelo Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e licenciada internacionalmente pela Better Cotton Initiative (BCI). Além disso, o beneficiamento da pluma também é certificado pelo Programa Algodão Brasileiro Responsável para Unidades de Beneficiamento de Algodão (ABR-UBA).

A rastreabilidade da produção se dá por meio do Sistema Abrapa de Identificação (SAI) que determina a inserção de um código de barras em todos os fardos de algodão, isso de acordo com as normas ISO 15416 que atendem atributos como contraste, defeitos e decodabilidade, além das normas GS1. Ainda, pelo  SouABR, um programa de rastreabilidade em larga escala, por blockchain, da indústria têxtil do Brasil.

Iniciativas como essas garantem aos produtores acesso a mercados cada vez mais exigentes e aumenta a competitividade do algodão mineiro no cenário global.

Inovação e Qualidade
Para manter e elevar seus padrões, a Minas Cotton está investindo na implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) baseado na Norma ABNT NBR IEC 17025. Esse processo visa obter a acreditação do INMETRO (Cgcre), o que reforçará a confiabilidade dos serviços e atenderá às demandas crescentes da cadeia produtiva. “Esse é um passo estratégico para elevar ainda mais a competitividade do algodão mineiro no mercado global”, afirmou Resende.

Perspectivas para a Safra 2024/25
Para o novo ciclo de produção, as expectativas nacionais são de produtividade próxima à alcançada nos últimos dois anos, com prognóstico de clima favorável para o ciclo agronômico do algodão. No entanto, atrasos na colheita da soja, principalmente no Mato Grosso, podem comprometer a janela ideal de plantio do algodão em algumas regiões, impactando potencialmente as produtividades.

No cenário internacional, o Brasil deve manter sua posição como maior exportador mundial de algodão, com previsão de exportar mais 2,78 milhões de toneladas na safra comercial 2024/25, 4% a mais que no ciclo anterior. “Acreditamos que seguiremos na primeira colocação do ranking de exportações, também nesta safra, à frente dos EUA”, afirmou Piccoli.

A logística de escoamento, embora ainda enfrentando gargalos conhecidos, tem apresentado alternativas interessantes, como o aumento do volume exportado pelo Porto de Salvador, especialmente para a região do Matopiba. “O Porto de Salvador está se consolidando como uma alternativa mais rápida e barata para os produtores da região do Matopiba”, destacou Piccoli.

Além disso, a implementação de certificados fitossanitários digitais pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, a partir deste ano, promete agilizar os embarques. “Essa inovação trará mais celeridade nos embarques de algodão, beneficiando toda a cadeia produtiva”, completou.

Cenário Internacional e Oportunidades
As novas tarifas norte-americanas aplicadas a produtos chineses e mexicanos podem alterar a dinâmica global de produção têxtil, aumentando a demanda por algodão brasileiro na Ásia. “Com a maior fiscalização aduaneira nos EUA sobre a origem do algodão usado em peças de e-commerce, pode haver uma maior demanda por fibras importadas, como as brasileiras, em substituição ao algodão doméstico chinês”, finalizou Piccoli.

Sobre a Minas Cotton
Fundada pela Amipa em 2006, com o apoio do Proalminas é, reconhecidamente, um laboratório alinhado às normas e às melhores práticas para realização de ensaios e classificação de fibra de algodão, priorizando processos que regulamentam o serviço de padronização da classificação do produto.

A confiança, a credibilidade e a transparência geradas pelo trabalho de excelência realizado pela Minas Cotton beneficiam não apenas os cotonicultores, mas também corretoras, tradings, indústria têxtil e muitos outros setores.

Mantém investimentos constantes em capacitação dos colaboradores dentro do sistema de gestão da qualidade (SGQ) e troca de equipamentos que permitem a melhoria das boas práticas de ensaio e classificação das fibras de algodão, dando mais confiança, segurança e credibilidade aos resultados entregue a todo mercado têxtil.

Para dar mais credibilidade, confiança e transparência à classificação e aos ensaios das análises de fibra de algodão entregues ao mercado têxtil, desde 2008 participa dos Round Test Interlaboratorial realizados pelo ICAC (Estados Unidos), ICA Bremen (Alemanha), Senai/FBET (Brasil). Participa também do Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), que orienta e capacita os laboratórios brasileiros dentro dos padrões internacionais de ensaios das análises e da classificação do algodão.