Mudanças climáticas desafiam agricultura no Triângulo Mineiro

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Aumento da temperatura, alterações nos padrões de precipitação e eventos climáticos extremos afetam o ciclo de vida das plantas, o que impacta, em larga escala, na segurança alimentar e na economia mineira.

As mudanças climáticas têm afetado a produção agrícola do Triângulo Mineiro – aliás, não só do Triângulo, mas do Brasil e do mundo. As mudanças nos padrões das chuvas, o aumento das temperaturas, as variações nos padrões de ventos, a elevação do nível do mar e os eventos climáticos extremos, como tempestades, secas e ondas de calor têm impactado de forma significativa o ciclo de vida das plantas, o que causa danos à produtividade e à rentabilidade da lavoura e, consequentemente, à segurança alimentar e à economia.

É o que explica o professor do curso de Agronomia do Centro Universitário Una, João Eduardo Ribeiro Silva. “As mudanças climáticas têm afetado as práticas agrícolas, principalmente, em dois momentos: no plantio e na colheita. No ano passado, por exemplo, em que tivemos bastante influência do El Niño, tivemos um volume baixo de chuvas da primavera, o que não era o que se esperava. Com isso, como o plantio das culturas ocorre principalmente na primavera, houve atraso no plantio e, por consequência, na colheita”.

O quinto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) destacou que o aquecimento global está em curso e tem gerado aumento de pragas em culturas agrícolas e aumento de regiões em situação de estresse hídrico, ou seja, sem água suficiente para suprir as demandas da população. No Triângulo, por exemplo, Silva destaca que a colheita da safra de verão, na qual se planta principalmente a cultura de grãos, deve ser afetada pela falta de chuvas ocorridas no final da primavera, especialmente em outubro e novembro.

Para o agrônomo, os principais desafios que os produtores têm enfrentado no Triângulo Mineiro são a distribuição de chuvas e a ocorrência de geadas. “A distribuição de chuvas, que costumava ser semelhante em todos os anos, tem mudado muito, o que representa um empecilho para a maioria dos produtores rurais, que não utiliza irrigação para a produção de grãos. Por exemplo, ficar sem chuvas por sete ou dez dias, em um período que deveria ser chuvoso, afeta muito a produção da lavoura. Além disso, as geadas, que não eram frequentes, aconteceram muito nos meses de maio e junho de 2022, o que também afetou a produção agrícola desde então”, explica.

Diante da emergência das mudanças climáticas, os produtores rurais podem tomar algumas medidas para manter a produtividade das lavouras, segundo Silva. “Primeiro, é a escolha de qual espécie vai plantar: algumas culturas precisam de uma quantidade maior de água para completar o seu ciclo, como o milho. Então, alguns produtores têm optado por culturas que são menos exigentes em chuvas, especialmente na safrinha, que é a safra plantada após a safra de verão. Ao invés de plantar milho, alguns estão optando pelo sorgo ou mesmo pelo trigo, que são culturas que conseguem se estabelecer melhor e produzir bem mesmo com o volume de chuva um pouco abaixo”, recomenda o professor da Una.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) salienta que a agricultura ocupa dois papéis no cenário de mudanças do clima: ao mesmo tempo em que é uma atividade altamente sensível às mudanças do clima, também é uma atividade que emite Gases de Efeito Estufa (GEE), o que contribui para o aquecimento global. A organização ressalta que essa dupla condição requer a necessidade de uma agricultura de baixo carbono e do desenvolvimento de tecnologias para mitigar os efeitos negativos do clima nos cultivos e nas criações, tornando-se imperativo que os agricultores adotem estratégias de adaptação para garantir a sustentabilidade e a viabilidade de suas operações agrícolas.

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