Câncer de cabeça e pescoço: tabagismo e consumo de álcool são principais fatores de risco para desenvolvimento do tumor

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Campanha ‘Julho Verde’ alerta sobre a importância da prevenção da doença que é muito associada a fatores modificáveis

A maioria dos casos de tumores na região da cabeça e pescoço estão relacionados ao tabagismo e ao alcoolismo, e quando estes vícios são associados, as chances de desenvolvimento da doença são potencializadas. Fumantes que exageram no consumo de bebidas apresentam um risco até 100 vezes maior de desenvolver a neoplasia. Diante deste cenário, a prevenção ganha ainda mais importância para combater este tipo de câncer, por isso neste mês a campanha ‘Julho Verde’ ganha destaque, com objetivo de conscientizar sobre os fatores de risco destes tumores.

O câncer de cabeça e pescoço engloba tumores que atingem a cavidade nasal, seios e pele da face, faringe, laringe e boca, correspondendo a 3% de todos os tipos de câncer. No Brasil, somente neste ano deve ser registrada uma média de 35 a 40 mil novos casos, e dentre os fatores de risco para o desenvolvimento desta neoplasia na população brasileira, os principais são o fumo e o consumo de bebidas alcoólicas, mas outra causa que deve ser destacada é a infecção pelo vírus HPV, que tem influenciado grande parte dos casos da doença registrados em outros países. Foi identificado que o vírus infecta algumas células localizadas nas amígdalas e na região posterior da língua, o que pode provocar o aparecimento de algum desses tumores. São fatores de risco modificáveis, o que reforça a importância da conscientização sobre a doença, principalmente sobre a possibilidade de prevenção, como comenta a radio-oncologista do COT Oncoclínicas, Dra. Izabela Fernandes. “Grande parte dos casos de câncer de cabeça e pescoço estão associados a estes fatores ambientais, por isso a prevenção é essencial para buscar a redução da incidência destes tumores. Dentre os cuidados necessários para se prevenir, evitar o consumo de álcool e o tabagismo são medidas essenciais! Para os fumantes é importante lembrar que ao parar de fumar, o risco de desenvolvimento da doença é reduzido com o passar dos anos. Além destes fatores, a infecção pelo HPV, vírus transmitido na relação sexual, também pode ser evitada com o uso de preservativos e com a vacinação, que inclusive é disponibilizada para meninos e meninas, gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde”, orienta a especialista.

Além de abster o consumo do álcool e tabaco, e adotar os cuidados em relação à transmissão do HPV, a especialista comenta outras medidas que podem contribuir para prevenir a doença. “Manter uma alimentação saudável, ter atenção à saúde bucal e utilizar o protetor solar são cuidados que colaboram na prevenção deste câncer. Também pode ser avaliado com o médico de confiança, a necessidade de incluir a realização de um ultrassom de tireoide em check-ups de rotina”, sugere a radio-oncologista.

Outro alerta importante em relação aos tumores de cabeça e pescoço é sobre o diagnóstico precoce, que potencializa a possibilidade de cura da doença e pode chegar a 90% de chance. Para isso, é importante estar atento aos sinais do corpo. “Além da redução da chance de cura, o diagnóstico tardio pode levar à necessidade de tratamentos mais agressivos que podem comprometer a qualidade de vida do paciente. É essencial estar atento aos sinais do corpo, principalmente se eles forem prolongados. Feridas na boca que não cicatrizam por mais de 15 dias, dificuldades ou dores para engolir, rouquidão longa, caroços na região da cabeça e pescoço, sangramento sem motivo aparente, merecem atenção e demandam uma visita ao médico para investigar”, explica Dra. Izabela.

A definição do tratamento da doença dependerá, principalmente, do estágio do tumor, se está restrito ao órgão de origem ou se já estende para outras partes do corpo. Após a análise, o especialista discutirá as possibilidades com o paciente. “Na maioria dos casos de câncer de cabeça e pescoço é realizada a cirurgia, que pode ser acompanhada ou não de radioterapia, e ainda podem ser utilizadas a quimioterapia,a terapia-alvo, ou mesmo a imunoterapia em casos de metástase. Nos últimos anos, os tratamentos destes tumores evoluíram bastante, visando amenizar sequelas estéticas e funcionais, e que aliados com a atuação de uma equipe multidisciplinar, terão uma reabilitação ainda mais facilitada”, finaliza a especialista.