Mês do Algodão: Brasil segue líder em exportação e produção sustentável

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Dia 7 de outubro o mundo celebrou o Dia Mundial do Algodão e o Brasil tem motivos para comemorar. Desde 2024, o país é o maior exportador de algodão e terceiro maior produtor mundial da pluma. Até o momento na safra 2024/2025, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), foram produzidas 4,11 milhões de toneladas, enquanto o volume de exportação no mesmo período alcançou 2,83 milhões de toneladas. Além dos números excepcionais do comércio exterior, o algodão segue muito valorizado pela indústria brasileira, sendo a principal matéria-prima do setor têxtil. O resultado é fruto da união e organização do setor, que tem como principais estratégias o contínuo aumento da produtividade, melhorias na qualidade da fibra, rastreabilidade do campo ao varejo e boas práticas de sustentabilidade.

Algodão brasileiro é número um em certificações socioambientais

Das fazendas de algodão no Brasil, 83% têm produção certificada pelo Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e licenciada internacionalmente pela Better Cotton Initiative (BCI), iniciativas que comprovam a adoção de parâmetros sustentáveis que abrangem desde o plantio ao beneficiamento do produto.

Para receber a certificação nacional, as fazendas passam por auditoria externa, realizada por certificadoras credenciadas, que avalia 195 itens de conformidade socioambiental. Entre os pontos analisados estão a gestão de recursos hídricos, o desenvolvimento regional, a conservação da biodiversidade, a adaptação e mitigação climática, a saúde do solo e o manejo integrado de pragas. Esses critérios colocam o Brasil no topo do ranking mundial de algodão certificado. Na safra 2023/2024, a pluma nacional representou mais de 48% das 5,47 milhões de toneladas certificadas no mundo.

De acordo com o presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli, a produção de uma fibra responsável é um dos grandes diferenciais do algodão brasileiro no mercado internacional. “O consumidor está cada vez mais exigente em relação à preservação ambiental e às práticas de sustentabilidade. Para responder à demanda, grandes marcas têm buscado soluções que estejam alinhadas a esses valores. Nesse contexto, o algodão brasileiro se destaca como uma matéria-prima que une qualidade e sustentabilidade”, destacou Piccoli.

Algodão mineiro destaca-se no ranking nacional

Minas Gerais nesta safra 2024/2025 é o terceiro maior produtor do Brasil. Segundo dados da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), com uma área plantada de 45.078 mil hectares e produção estimada em 75.682,21(toneladas de algodão pluma) e 181.338,23 (toneladas de algodão em caroço), o estado projeta uma das melhores safras em duas décadas, impulsionada por tecnologia, qualidade, capacitação e compromisso socioambiental. Na mesma temporada, foram 20.148 hectares plantados e 35.600 toneladas de pluma colhida com certificação ABR e licenciamento BCI.

Amipa tem papel central nesse avanço, oferecendo orientação técnica e coordenando as auditorias de certificação tanto nas fazendas quanto em unidades de beneficiamento. “As certificações são um investimento no futuro do setor, fortalecendo o algodão mineiro perante os mercados mais exigentes do mundo”, destaca Lício Augusto Pena de Sairre, diretor executivo da Amipa.

Valor além do preço

As marcas que utilizam algodão brasileiro como matéria-prima agregam valor ao produto final devido às características intrínsecas da pluma nacional. Segundo Piccoli, “o diferencial do algodão brasileiro está em oferecer ao mercado, durante os 12 meses do ano, um produto com certificação socioambiental e rastreabilidade, atestando sua origem e detalhando cada etapa da transformação, da semente até chegar à roupa.”.

A rastreabilidade é garantida por dois programas da Abrapa que reforçam a responsabilidade socioambiental da fibra ao assegurar a transparência e a origem de cada fardo comercializado. O primeiro é o Sistema Abrapa de Identificação (SAI). A diretora de Relações Institucionais da Abrapa, Silmara Ferraresi, explica: “Todo fardo de algodão produzido no Brasil recebe uma etiqueta que dá acesso às informações sobre a fazenda de origem, certificações, análises laboratoriais das características da fibra, unidades de beneficiamento e todo o trajeto percorrido até os portos ou fiações nacionais”.

O segundo programa é o Sou ABR, que amplia a rastreabilidade até o consumidor final. “O Sou ABR agrega os dados do SAI às informações das fiações, tecelagens e confecções pelas quais o algodão passa até se transformar em roupa. Por meio da tecnologia blockchain, rastreia toda a cadeia de custódia da fibra”, acrescenta Ferraresi.

No Brasil, grandes redes como C&A, Renner e Calvin Klein já oferecem linhas de produtos rastreáveis em suas lojas, trazendo confiabilidade e valor agregado às coleções.

Da semente à geração de empregos

Com uma cadeia produtiva que vai do campo ao varejo, a transformação do algodão em roupas demanda grande quantidade de mão de obra especializada. Antes mesmo de chegar à indústria, cada fazenda produtora gera, em média, 30 empregos. Já no setor têxtil, de acordo com dados da IEMI/ABIT, são 1,34 milhão de empregos diretos.

Para o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, trabalhar no setor algodoeiro, no campo ou nas cidades, representa uma vantagem para os trabalhadores, já que a demanda por mão de obra capacitada estimula a profissionalização. “A Abrapa, por exemplo, promove regularmente cursos para quem atua em unidades de beneficiamento, laboratórios e também para produtores”, ressaltou.

Nos últimos 20 anos, a produção de algodão no Brasil passou por uma revolução tecnológica, que permitiu superar problemas com pragas e elevar tanto a produtividade por hectare quanto a qualidade da fibra. “O aperfeiçoamento da fibra brasileira passa pelas mãos e pelo olhar atento de quem trabalha diretamente com ela, no campo ou nos laboratórios. Somente em 2025, 1.440 profissionais do setor participaram de cursos oferecidos pela Abrapa em todos os grandes polos produtores”, destacou Portocarrero.

O impacto do algodão vai além do emprego e da capacitação: ele também impulsiona o desenvolvimento social e econômico. “Entre 2013 e 2023, as principais regiões produtoras de algodão registraram um aumento de 21,3% no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM). Atualmente a faixa de desenvolvimento desses locais é de 0,736, superior à média brasileira, que é de 0,606”, afirmou o diretor.

Inovação para o futuro

Desde o final da década de 1990, quando o setor atravessava sua maior crise produtiva, a inovação tem sido o motor da recuperação e da expansão da cotonicultura no Brasil.

O melhoramento genético aumentou a produtividade por hectare e reduziu a necessidade de expansão das áreas cultivadas, permitindo ao país alcançar o posto de terceiro maior produtor mundial. Atualmente, algodão ocupa apenas 0,25% do território brasileiro e apresenta uma qualidade de fibra superior.

A qualidade do algodão brasileiro atende aos mais altos padrões internacionais. O Brasil conta com 14 laboratórios de análise de fibra com HVI, que verificam as principais características comerciais do algodão e servem de referência para o aprimoramento constante da produção, do beneficiamento e da genética da pluma. Esses laboratórios fazem parte do Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), desenvolvido pela Abrapa para garantir a veracidade dos dados de qualidade do algodão brasileiro diante dos principais compradores.

Outra inovação importante foi a adoção do cultivo em sequeiro aliado ao sistema de plantio direto. Hoje, 92% do algodão brasileiro é cultivado apenas com água da chuva. O plantio direto, que envolve o mínimo revolvimento do solo e a manutenção de cobertura vegetal, ajuda a preservar a umidade, reduzir o desperdício de água e aproximar a produção nacional da agricultura regenerativa.

Para Portocarrero, “o futuro do algodão brasileiro está apoiado em sustentabilidade, rastreabilidade e qualidade, sempre fazendo o uso da tecnologia para evoluir em harmonia com a sociedade e o meio ambiente”.

Texto: Ascom Abrapa.