Câncer colorretal cresce entre jovens e exige atenção redobrada de pessoas idosas

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Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil deve registrar cerca de 45 mil novos casos de câncer colorretal, por ano, até o fim de 2025. Trata-se do terceiro tipo de neoplasia mais frequente entre homens e mulheres, atrás apenas das de pele não melanoma, de mama e de próstata. O crescimento entre adultos jovens, especialmente na faixa etária entre 30 e 40 anos, também tem chamado a atenção. Ao mesmo tempo, a população idosa segue mais exposta a complicações e demanda uma abordagem que leve em conta o diagnóstico precoce, a funcionalidade, as comorbidades e a condução do tratamento.

De acordo com Vinicio Marques Martins, proctologista do Hospital Madrecor, unidade da Hapvida, em Uberlândia (MG), o câncer colorretal é um tumor maligno que acomete o intestino grosso e o reto. O rastreamento deve ser iniciado a partir dos 45 anos, por meio da colonoscopia. No entanto, pessoas com histórico familiar, doenças inflamatórias intestinais, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn, ou síndromes genéticas, devem começar mais cedo. “Além da colonoscopia, exames como a pesquisa de sangue oculto nas fezes e a retossigmoidoscopia também podem ser indicados em alguns casos”, explica.

Sobre o aumento de diagnósticos em pessoas com menos de 50 anos, o médico explica que está relacionado a fatores comportamentais. “Dietas com alimentos ultraprocessados, sedentarismo, tabagismo e alterações na flora intestinal podem estar associadas ao crescimento da doença nessa faixa etária”, afirma.

O câncer colorretal tem altas chances de cura, quando diagnosticado em estágios iniciais. “Nos casos detectados no estágio I, a taxa de cura pode ultrapassar 90%”, afirma Vinicio Marques.

Entre os sinais que merecem atenção estão alterações no hábito intestinal, mudança no formato das fezes, sangue nas evacuações, dor abdominal recorrente e perda de peso sem causa aparente.

Tratamento  
O tratamento pode envolver cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, de acordo com a localização e o estágio da doença. A escolha terapêutica também considera o perfil genético e molecular do tumor. “Esses dados ajudam a definir a quimioterapia mais indicada e contribuem para a resposta ao tratamento”, explica o proctologista.

No caso dos idosos, a personalização é ainda mais relevante. “Muitas vezes, há resistência por parte do paciente ou da família quanto aos exames ou ao tratamento. A escuta e o apoio da equipe médica são fundamentais para a adesão”, afirma a geriatra, Verônica Reis, que também atua no Hospital Madrecor.

Tratamento em idosos  

A maior parte dos diagnósticos de câncer colorretal ocorre entre idosos. Para Verônica Reis, para tratar a doença na pessoa idosa, é necessário considerar o estado geral do paciente: não apenas a presença do tumor. “A avaliação geriátrica abrangente identifica condições como alterações cognitivas, estado nutricional, mobilidade e suporte familiar. Esses fatores influenciam diretamente na definição do tratamento”, afirma.

A médica observa que a funcionalidade, ou seja, a capacidade de realizar atividades do dia a dia, deve ser levada em conta. “Um idoso independente pode ser candidato a terapias mais intensivas. Outros, com limitações, podem demandar condutas mais conservadoras.”

Comorbidades como diabetes, doenças cardiovasculares e outras condições crônicas também influenciam o plano terapêutico. “É necessário adaptar o tratamento à realidade clínica do paciente, equilibrando riscos e benefícios”, pontua a especialista.

Suporte multidisciplinar 
O acompanhamento de diferentes profissionais impacta positivamente todas as fases do tratamento. “Enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas trabalham em conjunto com a equipe médica para garantir o cuidado necessário”, destaca Vinicio Marques.

Já a geriatra reforça a importância do suporte emocional para o paciente idoso. “A saúde mental influencia diretamente na adesão ao tratamento. É necessário acolher, explicar e incluir o idoso nas decisões.”

Ela complementa que a orientação à família e aos cuidadores também deve ser contínua.  “Eles precisam estar informados e preparados para oferecer apoio, inclusive emocional, ao paciente”, conclui Verônica Reis.