Especialistas do Hospital Mater Dei Santa Genoveva alertam para importância do diagnóstico precoce
O rápido envelhecimento da população brasileira está elevando a prevalência de doenças oculares, que comprometem a autonomia e a qualidade de vida dos idosos. Em 2022, o país registrou 22,17 milhões de pessoas com 65 anos ou mais, representando 10,9% da população, segundo o IBGE. Globalmente, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 2,2 bilhões de pessoas têm algum grau de comprometimento visual, sendo que 1 bilhão de casos poderiam ser prevenidos ou tratados.
No Brasil, estudos indicam que as principais causas de baixa visão e cegueira em idosos são catarata, erros refracionais não corrigidos, glaucoma, degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e retinopatia diabética. “Essas doenças têm relação direta com o envelhecimento, e algumas delas evoluem de forma silenciosa, por isso a consulta anual ao oftalmologista é indispensável, mesmo sem sintomas”, alerta o oftalmologista Dr. Adael Soares, do Hospital Mater Dei Santa Genoveva.
Principais doenças oculares na terceira idade
Catarata – Opacificação progressiva do cristalino, causando visão embaçada, sensibilidade à luz, halos ao redor das luzes e alterações frequentes do grau dos óculos. “Embora seja mais associada à idade, hábitos saudáveis como prática de atividades físicas, dieta rica em frutas e verduras e uso de óculos de sol podem retardar o seu aparecimento”, explica Dr. Adael.
Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) – Doença degenerativa da mácula que leva à perda da visão central e pode causar distorção das imagens. Tem relação com idade e genética, mas, segundo o especialista, “estilo de vida ativo, alimentação antioxidante e proteção solar ocular ajudam a reduzir o risco de evolução para formas graves”.
Glaucoma – Lesão do nervo óptico que, na forma mais comum, é assintomática no início e provoca perda progressiva da visão periférica. “O glaucoma não tem prevenção, mas o diagnóstico precoce evita sequelas irreversíveis. Por isso, reforço: exame oftalmológico completo, anualmente, para todos os idosos”, orienta.
Doenças sistêmicas e relação com a visão
O médico ressalta que diabetes e hipertensão são importantes fatores de risco para perda visual. “O diabetes mal controlado pode levar à cegueira irreversível por retinopatia diabética. Já a hipertensão pode causar trombose da veia ou artéria central da retina, com sequelas permanentes na visão. O controle rigoroso dessas doenças é fundamental”, afirma.
Além dessas condições, outras alterações comuns em idosos incluem olho seco, presbiopia (“vista cansada”) e, menos frequentemente, doenças como atrofia óptica e distrofias da córnea.
Impacto social
O geriatra Dr. Marcos Alvinair, que faz parte da Linha do Cuidado do Idoso do Hospital Mater Dei Santa Genoveva, reforça que o envelhecimento afeta diversos sentidos e funções do organismo, incluindo a visão, o que pode desencadear um ciclo de empobrecimento sensorial e isolamento social. Ele observa que, ao perder a capacidade de participar ativamente de interações sociais, os idosos podem experimentar sentimentos de desvalorização e solidão, levando a reações depressivas e até comprometendo o desempenho cognitivo, como atenção e memória.
Além disso, a perda visual em idosos está também associada a maior risco de quedas. Pesquisas mostram que boa parte dos casos poderia ser evitada com acesso a exames, correção refracional e cirurgias de catarata, em tempo oportuno.
Reconhecendo a complexidade das necessidades dos idosos, o Mater Dei Santa Genoveva envolve, na Linha de Cuidado do Idoso, diversos profissionais de saúde nesse processo. Além de geriatria, especialistas como nutricionistas, fisioterapeutas, enfermeiros e, quando necessário, psicólogos, oftalmologistas e outros profissionais de saúde trabalham em conjunto, para oferecer um cuidado integral e otimizado.
“O envelhecimento da população é um desafio para a saúde ocular no Brasil. A prevenção e o tratamento precoce não apenas preservam a visão, mas garantem mais autonomia e qualidade de vida para o idoso”, conclui Dr. Adael.