Como a medicina reprodutiva ajuda a redefinir o perfil das mães brasileiras
O Brasil atingiu a menor taxa de fecundidade da história, segundo dados divulgados recentemente pelo Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o levantamento, a média de filhos por mulher caiu para 1,5 – número abaixo do necessário para a reposição populacional. A pesquisa também aponta que 16,1% das mulheres chegaram ao fim da idade reprodutiva (até os 49 anos) sem terem tido filhos – em 2000, esse percentual era de 10%.
Entre os principais fatores que explicam essa mudança de comportamento estão foco nos estudos, a estabilidade profissional e financeira, a falta de um parceiro com os mesmos objetivos, a busca por autoconhecimento, além da priorização da saúde mental e de relacionamentos mais conscientes. A idade média das brasileiras ao se tornarem mães subiu de 26 para 28 anos, revelando que a maternidade vem sendo adiada ou até mesmo descartada em muitos casos.
Para a Especialista em Reprodução Humana, Ionara Barcelos, essa é uma realidade que precisa ser acompanhada de informação e planejamento. “A escolha de não ter filhos ou de postergar a maternidade é legítima e deve ser respeitada. Mas é fundamental que as mulheres recebam orientação adequada sobre saúde reprodutiva desde cedo, para que possam tomar decisões seguras ao longo da vida”, afirma.
A médica destaca que a fertilidade feminina é limitada e que, com o passar dos anos, a reserva ovariana diminui. “Muitas pacientes só descobrem que têm baixa reserva quando já estão tentando engravidar. O ideal é que a mulher, mesmo sem intenção de ser mãe agora, conheça seu corpo e saiba as opções disponíveis, como o congelamento de óvulos”, explica Ionara.
O congelamento é uma técnica cada vez mais procurada por mulheres que desejam preservar sua fertilidade para o futuro. “O procedimento é mais eficaz quando feito até os 35 anos, pois os óvulos são mais saudáveis. Dessa forma, se ela decidir engravidar mais tarde, terá mais chances de sucesso com os próprios óvulos”, acrescenta.
Por fim, ela reforça a importância do acompanhamento por profissionais especializados em todas as fases da vida. “Planejar não significa apenas se prevenir de uma gravidez indesejada, mas também preparar o corpo para o momento certo, caso ele venha. A saúde íntima precisa de cuidados contínuos, independentemente da decisão de ser mãe ou não”, concluiu.