Médica Veterinária explica riscos e benefícios da castração e destaca seu papel na prevenção de doenças, no combate ao abandono e na promoção da saúde pública.
Cães e gatos têm ocupado lugar de destaque nas famílias, mas o aumento da população desses animais ainda é um desafio importante. A castração se destaca como uma medida para a prevenção de doenças e o controle populacional, além de contribuir com a saúde pública e o combate ao abandono. Mas você sabe o momento ideal de realizá-la? Conhece também os riscos?
Segundo a professora Lara Vilela Soares, do curso de Medicina Veterinária da Una, a castração eletiva traz benefícios à saúde dos animais. “No caso das fêmeas, a castração pode ser utilizada de forma curativa ou preventiva na piometra (infecção uterina com risco de morte), além de reduzir o risco de TVT (tumor venéreo transmissível), hiperplasia e prolapso vaginal e tumores de mama. Já nos machos, a castração pode prevenir a ocorrência de doenças testiculares, hiperplasia prostática benigna, prostatite, adenoma glandular perianal, TVT e hernia perineal”, explica.
A decisão de castrar deve ser feita com responsabilidade, considerando o histórico clínico e as necessidades individuais de cada animal. “A idade ideal para o procedimento pode variar de acordo com porte, raça, estilo de vida e saúde geral do pet. O acompanhamento com um médico veterinário é essencial para avaliar os riscos e benefícios, definir o melhor momento e garantir a segurança do procedimento”, orienta. A professora explica que “é importante entender que a castração pode prevenir ou tratar algumas condições, mas também pode aumentar o risco de outras. Por isso, não há uma recomendação única que sirva para todos os casos”.
Embora a castração precoce — realizada entre 6 e 16 semanas — seja praticada em alguns abrigos com o objetivo de garantir a esterilização antes da adoção, essa prática requer análise criteriosa para animais com tutores, sobretudo em raças médias e grandes. “Estudos apontam que a castração muito precoce pode estar associada a maior risco de doenças ortopédicas, alterações no desenvolvimento da vulva e crescimento desproporcional dos ossos longos, entre outras complicações”.
Para quem decide castrar o pet, o pós-operatório costuma ser simples, mas requer atenção como qualquer procedimento cirúrgico. A professora explica que “os cuidados incluem o uso do colar elisabetano, restrição de esforço físico de 7 a 10 dias, administração correta de medicamentos e acompanhamento da cicatrização com o veterinário”.
Questão de saúde pública
Além dos benefícios individuais à saúde dos animais, a castração também tem um impacto coletivo relevante. O crescimento da população de animais errantes, muitas vezes sem supervisão ou acesso a cuidados reprodutivos, tem contribuído para a superlotação de abrigos, aumento do número de abandonos e levantado sérias preocupações de saúde pública. Nesse cenário, a castração eletiva de cães e gatos é amplamente recomendada como uma estratégia eficaz e ética para o controle populacional.
“Ao impedir a reprodução descontrolada, especialmente entre animais que vivem nas ruas ou pertencem a tutores sem condições de cuidar das crias, ela evita o nascimento de ninhadas indesejadas que, muitas vezes, acabam sendo deixadas ao acaso.” Segundo Soares, “a esterilização também promove saúde pública e alivia a pressão sobre abrigos e ONGs, reduzindo a disseminação de doenças, agressividade e acidentes envolvendo animais soltos”.