Depressão: o papel das escolas no combate à doença

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Diagnóstico e tratamento exigem ação e compreensão de pacientes, familiares e das escolas que têm papel importante na ajuda aos estudantes que enfrentam o problema.

É uma dor que nem sempre tem localização física e que apresenta sintomas graves que  os mais avançados equipamentos de exames de imagem não conseguem mostrar. A depressão, cujo diagnóstico exige habilidade do terapeuta, aceitação do paciente e compreensão de quem está por perto, é considerada o grande problema de saúde ao redor do planeta. A doença que mais cresce no mundo exige uma mudança de paradigmas de toda a sociedade, sobretudo das escolas, em função de que é cada vez maior o número de crianças e adolescentes que passam a sofrer com os efeitos dessa doença silenciosa e voraz. Os índices oficiais sobre depressão no Brasil indicam que a condição continua a ser um problema de saúde pública significativo. Dados do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que cerca de 11,5 milhões de brasileiros sofrem de depressão, o que representa 5,8% da população do país.

Além disso, pesquisas realizadas por instituições como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e estudos acadêmicos têm mostrado um aumento na prevalência de transtornos mentais, incluindo a depressão, especialmente após a pandemia de COVID-19. Fatores como isolamento social, estresse e incertezas econômicas contribuíram para esse cenário.

Pesquisas recentes mostraram que a saúde mental se tornou uma preocupação crescente, especialmente entre jovens e adultos, com um aumento nos relatos de ansiedade e depressão. O acesso a tratamentos e a busca por atendimento psicológico também cresceram, refletindo uma maior conscientização sobre a importância da saúde mental.

Como a escola pode contribuir diante desse cenário
E a escola desempenha um papel crucial no apoio aos alunos que enfrentam a doença, que é tratável. A busca por ajuda profissional e a conscientização sobre seus sintomas são essenciais. Por isso, as campanhas de saúde mental têm se intensificado no Brasil, promovendo a importância de cuidar da saúde emocional e mental da população. Professores e demais profissionais da área da educação precisam ficar alertas aos sinais como mudança de humor, perda de interesse pelos estudos, dificuldade de concentração, agitação ou lentidão excessivas.

A psicóloga escolar da ONE School e da Casa Thomas Jefferson, Patrícia Villa é categórica ao afirmar que a escola deve promover um ambiente acolhedor e seguro, onde os alunos sintam-se à vontade para expressar as emoções e buscar ajuda. Patrícia diz que outro ponto crucial nesse processo é o apoio psicológico. Disponibilizar serviços de orientação e apoio psicológico com especialistas e profissionais treinados também é fundamental. “Estes profissionais oferecem uma escuta ativa, buscando estratégias para o enfrentamento da doença” completa.

Treinamento
Outra iniciativa é implementar programas de conscientização sobre saúde mental que incluam workshops e palestras visando desmistificar a depressão e reduzir o estigma associado a ela. Parte desse trabalho também passa pelo treinamento de professores para poderem identificar comportamentos de risco e entender como abordar alunos que estão lidando com a situação. “A escola também pode incentivar o estudante a participar de atividades que promovam bem-estar, como esportes, arte ou grupos de interesse. O objetivo é apoiá-lo a melhorar a autoestima e a socialização”, aconselha a especialista.

Outro ponto importante citado pela psicóloga é o de sempre incentivar a comunicação entre a escola e a família, para proporcionar um suporte mais robusto ao aluno, garantindo que os responsáveis estejam cientes e possam ajudar. “A escola promove atividades que estimulam a socialização e a inclusão e, por todos esses itens que enumeramos, é um pilar essencial na busca do equilíbrio e do enfrentamento da doença”, finaliza Patrícia Villa.