A atenção à espiritualidade tem sido uma forma de apoio no enfrentamento de doenças, e vem ganhando destaque, demonstrando oferecer inúmeros benefícios para pacientes. Uma dessas vantagens observada pelos especialistas, é que a busca pela espiritualidade reflete em outros aspectos da vida das pessoas, resultando até em mudanças de hábitos que levam a uma rotina mais saudável e fazem toda a diferença, por exemplo, para vencer uma batalha contra a doença que é a primeira causa de morte por câncer na população feminina no Brasil: o câncer de mama. No mês de outubro, em que a campanha Outubro Rosa dá destaque às formas de superar este tipo de tumor, o especialista da Oncoclínicas, esclarece sobre o impacto da espiritualidade no tratamento do paciente com câncer.
A espiritualidade é compreendida como a propensão que o ser humano tem a buscar significado para a vida por meio de conceitos que vão além do tangível, com o propósito de encontrar uma conexão com algo maior que si próprio. Assim, o exercício da espiritualidade ajuda a superar situações difíceis, como traumas, grandes perdas ou mesmo o enfrentamento de uma grave doença, porque é possível encontrar um novo significado para aquilo que se está vivendo. Com isso, a prática tem sido aliada para combater as doenças oncológicas e ganha cada vez mais espaço nas discussões de especialistas, inclusive na última edição do simpósio internacional da Oncoclínicas, realizada em setembro, em que o tema foi debatido pelo oncologista do grupo, Dr. Rodolfo Gadia. O especialista comentou sobre os benefícios da prática observados nos pacientes, que vão desde diminuição de índices de depressão, até mais comprometimento no tratamento. Um quesito muito observado é que a atenção à espiritualidade tem ajudado a transformar atitudes simples, mas que fazem toda diferença no cuidado à saúde.
“O paciente ao buscar espiritualidade, ele começa a mudar hábitos e coisas tão simples. Ele muda hábitos de vida que todo o profissional de saúde tenta há muitos anos no consultório e o paciente escuta, mas não sente aquela motivação, aquela força. Então ele continua se alimentando mal, sedentário, fumando, mas de repente, assim que ela busca mais o significado do que está vivendo, trabalhando a espiritualidade, ele tem despertado para mudar os hábitos de vida”, comenta Dr. Rodolfo.
Essa percepção da necessidade de mudar a postura, que é alcançada quando há o exercício da espiritualidade, além de contribuir para o sucesso do tratamento do pacientes, pode ser uma ferramenta ainda na prevenção para o combate de doenças temidas pela população, como é o caso do câncer de mama, o tumor com maior incidência nas brasileiras. Em 2020, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), foi verificado que cerca de oito mil casos de câncer de mama tiveram relação direta com fatores comportamentais, como consumo de bebidas alcoólicas, excesso de peso, inatividade física, por exemplo. O número representa 13,1% dos 64 mil novos casos de câncer de mama em mulheres com 30 anos ou mais, e poderia ser menor com a prática de hábitos saudáveis entre as mulheres.
Além do impacto no estilo de vida, a espiritualidade também favorece o bem-estar emocional, um aspecto relevante para que a paciente mantenha a qualidade de vida. Afinal, é conhecido que o diagnóstico do câncer de mama afeta questões como a percepção da sexualidade e a autoestima, por exemplo, mas os pacientes podem utilizar os meios que usam para desenvolver a espiritualidade para minimizar estes impactos, afastando pensamentos ligados à doença, sentimentos negativos como medo, tristeza ou estresse. Para muitos, a única forma de exercer a espiritualidade é a religião, e há até a percepção de que são a mesma coisa, porém o especialista esclarece a diferença e comenta sobre como há outras formas de praticá-la.
“A religião tem uma grande diferença, vamos dizer assim, a religião está para espiritualidade. Religião é um dos meios seguros bons de conectar com essa espiritualidade. Só que tem várias maneiras de se conectar com a nossa força interior, o sagrado que habita em cada um, fazendo uma atividade física, contemplando, meditando, às vezes escutando uma boa música, compondo, conversando, fazendo um trabalho voluntário, entre outras coisas”, detalha Dr. Rodolfo.
Sobre o câncer de mama
O câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer na população feminina na maioria das regiões do Brasil, de acordo com o INCA. A maior taxa de mortalidade por câncer de mama, em 2020, foi nas regiões Sudeste e Sul, 12,64 e 12,79 óbitos/100.000 mulheres, respectivamente. O instituto ainda estima que em no ano atual (2022) ocorrerão 66.280 casos novos da doença. Diante do cenário, sendo o tumor com maior incidência entre as mulheres do país, o mês de outubro é dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, a prevenção e a importância do diagnóstico precoce, com a campanha Outubro Rosa.
O sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de nódulo na região da mama ou axilas, geralmente indolor, duro e irregular. Mas há outros sinais da doença que também merecem atenção:
- secreção no mamilo;
- inchaço em parte ou em toda mama;
- irritação na pele;
- pele com aspecto enrugado.
Com a identificação de qualquer sintoma, é importante procurar orientação médica. Fazer o diagnóstico do câncer de mama o quanto antes é fundamental para aumentar as chances de vencê-lo, pois quando há a detecção precoce do tumor, a probabilidade de cura chega a 90%.