Setembro Amarelo: como identificar comportamentos de risco e apoiar as pessoas

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O Setembro Amarelo é a campanha de prevenção ao suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, criada no ano de 2014 junto ao Conselho Federal de Medicina – CFM, e é conhecido como o mês de prevenção ao suicídio. Mesmo que o assunto deva ser discutido durante todo o ano, é em setembro que o tema é reforçado e trabalhado. O comportamento de risco nem sempre é visível, muitas vezes é silencioso, mas há alguns sinais que pedem mais atenção. Segundo a OMS, o suicídio é a segunda causa mais comum de morte em pessoas com idade de 15 a 29 anos. Infelizmente, o assunto no Brasil ainda é tratado como um mito, e muitos são os que evitam falar sobre o tema com medo de criar gatilhos. Contudo, um diálogo sobre o suicídio é necessário.

Segundo a professora do curso de Psicologia da Una Uberlândia, Maura Ribeiro Alves, o apoio psicológico seria suficiente para evitar a maioria dos casos de suicídio. “Doenças mentais que não são tratadas, como depressão, bipolaridade e dependência química podem ser as causadoras da maioria dos casos de suicídio. Porém, muitas dessas doenças não são tratadas porque as pessoas nem sequer sabem que precisam de ajuda. É por isso que o setembro amarelo foi criado. A proposta é que especialistas, como psicólogos e psiquiatras, discutam este tema no intuito de identificar fatores de risco e prevenir a autodestruição. O fato de falar sobre suicídio não aumenta o risco deste, pelo contrário, a informação transmitida de forma responsável e adequada promove conhecimento e incentiva a busca de ajuda. Surpreendentemente, 60% das pessoas que suicidaram não chegaram a procurar ajuda. Portanto, conversar sobre o assunto é importante para informar e buscar desenvolver uma sensibilidade ao sofrimento do outro e promover o acolhimento necessário para  quem esteja numa condição de intenso sofrimento e que o suicídio seja uma possibilidade. Demonstrar que as pessoas não estão sozinhas é o primeiro passo para tratar as doenças”, explica.

Às vezes, pessoas que estão com ideação suicida demonstram alguns sinais de alerta. Ficar atento aos detalhes do comportamento do amigo ou familiar, pode ser decisivo, como por exemplo: desinteresse em quaisquer atividades (mesmo as que gosta); falta de produtividade no trabalho ou na escola; isolamento dos amigos e familiares; descuido com a aparência; falta de importância com atividades diárias; falar muito de assuntos relacionados a morte; distúrbios alimentares e alterações no sono; sentimentos de desamparo, solidão/vazio, desesperança frequentes. Períodos de estresse e traumas também podem desencadear pensamentos suicidas para quem já tem algum transtorno mental. “Às vezes a pessoa possui algum transtorno e passa por uma situação que pode ser um desencadeante forte, como ser desligada do emprego, o término de um relacionamento, algum abuso sofrido, problemas financeiros ou perder alguém importante, por exemplo. Esses fatores podem ser o estopim para algo mais sério, e por isso demandam atenção. É necessário sempre ter em mente que, na maioria das vezes, o suicídio é algo feito de forma impulsiva. Ou seja, algumas situações que impactam a vida das pessoas podem levá-las a isso. O suicídio também acaba sendo uma saída para pessoas que sofrem discriminação ou até mesmo o bullying na escola. Vale lembrar que 50% das pessoas que tentam o suicídio não queriam morrer, queriam na verdade se livrar daquela dor, do sofrimento que estavam vivendo”, conta Maura.  

 

Buscando ajuda e atendimento psicológico

Ao identificar que um amigo ou familiar está com problemas, converse com ele. Entretanto, é necessário que essa conversa seja sem julgamentos e opiniões sobre o assunto. Portanto, deixe a pessoa falar, demonstre que a sua intenção é apenas ajudar. É importante, também, buscar ajuda profissional para dar apoio emocional para quem está sofrendo com pensamentos suicidas. 

Instituições como o CVV oferecem ajuda 24h por dia, bastando ligar no número 188. O atendimento é feito de forma anônima por voluntários que guardarão sigilo sobre a pessoa. Além disso, também é possível receber atendimento pelo chat do site, por e-mail ou em um posto de atendimento físico. Os Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, postos e Centros de Saúde) também são instituições que podem ser procuradas em casos de identificação de comportamento suicida.

O setembro amarelo é apenas um mês de conscientização sobre algo que as pessoas devem fazer o ano todo: procurar ajuda e cuidar da saúde mental.