Segundo Paula Carrijo, problemas oculares não tratados comprometem atividades rotineiras e agravam desajustes psicossociais. Taxa de suicídio acima de 70 anos é maior do que a média.
A falta de acompanhamento oftalmológico na terceira idade pode levar a problemas que extrapolam a saúde ocular. Desajustes psicossociais, como a depressão, podem ser agravadas pela baixa visão que, por ser considerada uma condição comum nesta fase da vida, muitas vezes não é devidamente diagnosticada e nem tratada, levando ao comprometimento da qualidade de vida.
O alerta é da oftalmologista Paula Carrijo e vem em um momento oportuno: o Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio. De acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados em 2018, a média de suicídio acima dos 70 anos é de 8,9 mortes por 100 mil e está acima da taxa nacional, que é de 5,5 por 100 mil.
“A visão é um sentido extremamente importante para o ser humano. Quando ele está comprometido, atividades simples e prazerosas do nosso o dia a dia são afetados, como ler, cozinhar, assistir TV. O impacto disso para um idoso se torna ainda maior, porque pode agravar comorbidades já comuns nesta faixa etária, relacionadas a incapacidades funcionais e à própria dinâmica da vida no envelhecer”, explica a médica.
A depressão, além de ser frequente na população idosa, é uma doença incapacitante por provocar a perda de interesse pelas atividades e profunda tristeza. A baixa visão pode agravar esse distúrbio mental e levar a outras consequências importantes, como intoxicação por ingestão de remédios trocados, quedas e atropelamentos.
Doenças oculares comuns na terceira idade
Catarata, glaucoma e degeneração macular relacionada à idade (DMRI) são algumas das doenças oftalmológicas mais comuns nos idosos e que estão relacionadas à perda gradual da visão. Paula Carrijo lembra que, embora ocorram com frequência, não significa que o envelhecimento seja uma sentença para enxergar mal.
“Com o devido diagnóstico e tratamento, é possível recuperar a nitidez da visão e ter uma boa qualidade de vida”, enfatiza a médica. Adultos acima de 40 anos devem fazer acompanhamento anual com um oftalmologista. Acima dos 60, essa frequência pode ser mantida, desde que não haja nenhuma alteração no exame do fundo do olho. “Se houver outras complicações como hipertensão e diabetes, o acompanhamento deve ser feito mais de perto”, conclui.
Sobre Paula Carrijo é médica oftalmologista na Olhar+ Clínica de Olhos, que fica no Uberlândia Medical Center. Fez especialização na Fundação Altino Ventura (FAV) em Recife-PE e um Fellowship em retina clínica e vítreo no Hospital Evangélico de Belo Horizonte-MG. Reconhecida pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologista (CBO), atua na área de retina e é oftalmologista da clínica dedicada à saúde visual do idoso, mas atende adultos de todas as idades.