Mais do que um teto, o que crianças em situação de risco precisam é de um lar que ofereça amor, cuidado e segurança. Essa é a proposta do Serviço Família Acolhedora da Missão Sal da Terra, desenvolvido em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social e o Poder Judiciário de Uberlândia. Para ampliar a rede de famílias cadastradas, o programa abre inscrições para a nova edição do Curso de Formação, que acontecerá nos dias 15 a 18 de setembro, sempre das 19h às 22h, na Rua Euclides da Cunha, 920, Bairro Custódio Pereira.
Atualmente, mais de 70 crianças e adolescentes em Uberlândia vivem em medida protetiva, aguardando o retorno à família de origem ou adoção. Contudo, menos de dez famílias estão cadastradas para recebê-las em lares temporários — um número que reforça a urgência de fortalecer essa rede.
Segundo Karina de Melo Garcia, coordenadora do serviço, o acolhimento familiar oferece o que instituições dificilmente conseguem: atenção individualizada, vínculo afetivo e segurança emocional. “Durante períodos de separação dolorosa da família de origem, o acolhimento familiar oferece um espaço de apoio e compreensão, ajudando a criança a superar o luto e a adaptar-se, com senso de pertencimento e estabilidade”, explica Karina.
Um lar que transforma vidas
O casal Erica e Marcelo Ramos conhece de perto esse impacto. A cabeleireira e manicure e o analista de sistemas já acolheram 11 crianças, desde recém-nascidos até irmãos em idade escolar. O primeiro acolhimento durou dois anos. “O primeiro encontro foi muito marcante. Recebemos duas crianças lindas, uma menina de 5 anos e um menino de 6, muito sujos e maltratados. Ao olhar para eles, já os imaginei de banho tomado, roupinha limpa e cabelos bem cuidados. Era impossível não sentir vontade de protegê-los”, relembra Erica.
Entre os desafios, o casal destaca o impacto emocional das histórias marcadas por violência e abandono. “A criança chega muito abalada, com uma bagagem negativa muito grande. Até ganhar a confiança e vê-la desarmar leva tempo. Mas uma das maiores alegrias é ver quando ela volta a ser criança, entendendo que existem adultos confiáveis. Quando é um bebê, até um simples sorriso é gratificante”, acrescenta Marcelo.
A despedida é um dos momentos mais delicados do processo, mas também faz parte da missão. “Durante todo o tempo, amamos como se fossem nossos, mesmo sabendo que não são e que vão embora. Trabalhamos isso no coração e mostramos para a criança que, mesmo que o tempo juntos seja curto, o amor fica para sempre na lembrança”, diz Erica.
Curso de Formação
O Curso de Formação para Famílias Acolhedoras é conduzido por psicólogos e assistentes sociais. Nele, os participantes recebem orientações sobre o desenvolvimento infantil, acolhimento emocional e, principalmente, sobre como lidar com o momento de despedida. “Embora seja transitório, o impacto emocional e o vínculo criados podem durar para sempre”, ressalta Karina.
Para se inscrever, é necessário ter mais de 21 anos, residir em Uberlândia há pelo menos dois anos, estar em boas condições de saúde física e mental e contar com o consentimento de todos os membros da casa. O programa é inclusivo e aberto a famílias homoafetivas, pessoas solteiras, casais e idosos.
Serviço
Curso de Formação para Famílias Acolhedoras
Data: 15, 16, 17 e 18 de setembro
Hora: 19h às 22h
Local: Rua Euclides da Cunha, 920 – Bairro Custódio Pereira, Uberlândia
Informações: (34) 3226-9317
Instagram: @familiaacolhedora_uberlandia