Conciliar a maternidade com a vida artística é uma alquimia diária. Como artista e mãe, aprendi que não existe fórmula perfeita, mas existe caminho. E esse caminho passa pela escuta do corpo, pela coragem de se permitir e pela confiança na força da criação, mesmo (e principalmente) nos dias em que tudo parece impossível.
Muitas mulheres, depois da maternidade, acreditam que precisam pausar ou até abandonar seus sonhos artísticos ou criativos. Eu vim aqui dizer o contrário: a maternidade pode ser, sim, um portal para a criatividade. Foi depois de ser mãe que aprofundei ainda mais meu olhar artístico e criei projetos que uniam minha identidade, minha ancestralidade e minha visão de mundo.
A seguir, compartilho algumas dicas para outras mulheres que querem manter viva sua chama criativa, seja como artistas profissionais ou como mulheres que desejam apenas um respiro em meio à rotina.
1. Transforme o cotidiano em inspiração
As tarefas do dia a dia podem ser cansativas, mas também podem se tornar matéria-prima. Uma canção pode nascer de uma conversa com seu filho. Uma performance pode surgir do caos do almoço. A arte mora nos detalhes, e os detalhes estão em casa.
2. Crie pequenos rituais de criação
Nem sempre será possível ter uma tarde inteira livre. Então, crie janelas possíveis: 20 minutos para escrever, cantar, desenhar, costurar, dançar. O importante não é o tempo que você tem, mas a constância com que se permite criar.
3. Traga seus filhos para o processo
A arte pode ser vivida em conjunto. Em vez de separar o tempo da criação do tempo da maternidade, por que não unir os dois? Deixe seus filhos verem você compondo, escrevendo, imaginando. Crie junto com eles. Isso fortalece vínculos e ensina, desde cedo, que a arte também é um modo de viver.
4. Crie para você
Nem tudo precisa ser um projeto com fins lucrativos. A arte também é autocuidado, é espaço de cura. Pinte sem intenção de vender, dance sem a obrigação de performar. A liberdade criativa começa quando você entende que não precisa provar nada a ninguém.
5. Conecte-se com outras mulheres
Criei o Festival da Sereia na Europa para dar voz às artistas femininas que, como eu, navegam entre os mundos da arte e da maternidade. E no Brasil, o Tropicalize o Baile nasceu da vontade de celebrar a cultura de forma potente e inclusiva. Cercar-se de outras mulheres criativas é combustível. Juntas, trocamos, nos acolhemos e nos lembramos que não estamos sozinhas.
Ser mãe e artista não é uma dicotomia, é uma potência. E toda mulher pode encontrar, dentro de si, uma forma de criar que dialogue com sua verdade, com sua história e com o momento que está vivendo. A criatividade não nos exige perfeição, apenas presença.
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