Quem são os jornalistas visionários por trás do Jack Comunica?

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Fabio Almeida e Jacson Gonçalves se conheceram por acaso e transformaram suas histórias em uma voz pela inclusão

 

A história do Jack Comunica começa muito antes do nome virar site. Começa com um encontro improvável, em 2018, entre dois baianos que carregavam sonhos, talentos e uma vontade enorme de fazer a diferença — especialmente na forma de comunicar.

Foto: Edinei Dantas

Jacson Gonçalves, cadeirante desde a infância e então calouro de Jornalismo, precisava de ajuda com um trabalho da faculdade. Foi numa live no Facebook que o pedido encontrou resposta: Fabio Almeida, jornalista formado desde 2016, topou colaborar mesmo trabalhando fora da área. A afinidade foi imediata. Do apoio em um exercício acadêmico, surgiu uma parceria profissional e, depois, um laço de vida.

Foto: Edinei Dantas

Pouco tempo depois, Jacson indicou Fabio para colaborar com um portal de entretenimento. Foi nesse espaço que os textos de Fabio começaram a chamar atenção: sensíveis, respeitosos, com profundidade e um olhar humanizado. Ao mesmo tempo, Fabio passou a conviver de perto com uma realidade até então distante — a das pessoas com deficiência. “Foi com Jacson que aprendi a ver o que o mundo costuma ignorar”, afirma.

Foto: Edinei Dantas

Durante uma cobertura jornalística, os dois vivenciaram um episódio marcante. Após um evento, chamaram um carro por aplicativo. O motorista, ao ver que um deles era cadeirante, alegou que daria a volta — e simplesmente fugiu. A sensação de impotência deu lugar à indignação. “Naquele dia, a dor dele foi minha também”, relembra Fabio.

 

O que talvez nem eles imaginassem era que o destino ainda guardava uma surpresa: ao conversarem com suas famílias, descobriram que eram primos de segundo grau. O laço de alma se tornou também laço de sangue. A conexão foi tanta que, em 2019, decidiram criar um blog próprio — que mais tarde se transformaria no portal Jack Comunica.

 

O nome, escolhido por Fabio, nasceu da junção entre “Jack” (referência a Jacson) e “Comunica”, verbo que traduz a essência dos dois. Contra as opiniões de que nomes pessoais não passavam credibilidade, os dois seguiram firmes. “Mais que uma marca, era nossa história”, destaca Fabio.

 

O caminho, no entanto, foi longe de fácil. Sem apoio financeiro, os jornalistas sustentaram o projeto com fé, dedicação e muita entrega. Trabalharam durante a madrugada, abriram mão de fins de semana e investiram cada centavo no portal. Em paralelo, viviam episódios que testavam não apenas a resiliência física de Jacson, mas também a estrutura social do país.

 

Em um dos maiores festivais de música da Bahia, Jacson foi impedido de acessar uma área adaptada. Acabou ficando em meio à multidão, sob chuva, sem banheiro acessível ou apoio. “Ele se urinou, de tanta dificuldade. E eu, do lado, só conseguia tentar proteger com o corpo”, diz Fabio. A matéria que iriam publicar virou uma nota de repúdio. O silêncio foi, naquele momento, um ato de respeito.

 

Mais do que produzir conteúdo, os dois passaram a viver — e denunciar — a ausência de estrutura para quem tem mobilidade reduzida. De bares a eventos, de universidades a pontos turísticos, a falta de acessibilidade virou pauta constante. E dessa vivência surgiu um novo braço do portal: a editoria Vida de Inclusão, voltada a histórias reais de pessoas com deficiência, depoimentos e entrevistas.

 

Com reportagens como esta sobre acessibilidade digital, o Jack Comunica amplia o debate público e ajuda a formar uma consciência mais empática e justa. “Inclusão não é favor. É dever. É estrutura. É respeito”, reforça Fabio. Para eles, comunicar é mais que informar — é reparar silêncios, escutar o invisível e transformar o comum em relevante.

 

Jacson, que foi criado sob cuidados intensos e restrições por conta da deficiência, cresceu sonhando em estudar. Escolheu o Jornalismo pela paixão em contar histórias e desbravar verdades. “Muitos diziam que essa profissão não era pra mim. Mas eu mostrei que era, sim”, afirma. Hoje, é um exemplo de superação e resistência, atuando nos bastidores, nas redações, com inteligência e sensibilidade.

 

Já Fabio, que chegou a trabalhar como monitor de qualidade em call center, encontrou no Jack Comunica um retorno definitivo à área em que sempre sonhou atuar. A maioria dos textos são publicados com firmeza em manter o propósito do site: contar histórias com alma de um jeito diferente e objetivo.

 

Projetando o futuro, os dois continuam a sonhar alto. Querem transformar o Jack Comunica em um dos maiores portais independentes do país, com pautas de impacto, jornalismo responsável e voz para quem nunca teve espaço. E têm buscado, inclusive, parcerias com instituições, marcas e veículos para expandir esse propósito.

Crédito da Foto: 0ceanoazul_

Hoje, com milhares de leitores espalhados pelo Brasil, o Jack Comunica segue sendo alimentado pelo que sempre moveu os dois jornalistas: verdade, coragem e compromisso com a inclusão social.