Doença reumática interrompe sonho de trabalhadora e acende alerta sobre cuidados com articulações

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Aos 65 anos, Neide Maria Lopes comemorava uma nova oportunidade profissional ao conquistar uma vaga como empregada doméstica. Precisando de renda e disposta a manter-se ativa, ela enfrentava a rotina com entusiasmo — até que fortes dores no joelho surgiram já no primeiro mês de serviço. Após procurar atendimento médico, veio o diagnóstico: artrose, uma das doenças reumáticas mais comuns. O afastamento imediato do trabalho por cinco dias foi recomendado, mas mesmo com a medicação prescrita, Neide segue com dores intensas e incertezas sobre sua capacidade de continuar exercendo a função.

Histórias como essa acendem um importante alerta de saúde pública. Dados recentes do Ministério da Previdência apontam que as doenças reumáticas estão entre as principais causas de afastamento do trabalho no Brasil, afetando a produtividade e a qualidade de vida de milhares de brasileiros. Artrose, artrite reumatoide, lúpus, fibromialgia e outras condições compõem esse grupo de enfermidades que, muitas vezes, são negligenciadas ou confundidas com o desgaste natural da idade.

Para o médico reumatologista Dr. Carmo Gonzaga de Freitas, um dos pioneiros no estudo e tratamento das doenças reumáticas no Triângulo Mineiro, o problema está no desconhecimento e no atraso no diagnóstico. Com 50 anos de carreira, mais de 45 mil pacientes atendidos e sendo um dos fundadores do Hospital Santa Genoveva, onde realiza atendimentos de segunda a sexta no período da manhã, Dr. Carmo é voz ativa na defesa da atenção precoce às doenças reumatológicas.

“As dores articulares não devem ser ignoradas. Quanto mais cedo for feita a investigação e iniciado o tratamento, maiores são as chances de preservar a funcionalidade do corpo e a autonomia do paciente”, afirma o especialista. Ele explica que o tratamento da artrose, por exemplo, pode incluir o uso de medicação, fisioterapia, mudanças de hábito e, em alguns casos, acompanhamento multidisciplinar — sempre com o objetivo de aliviar as dores e evitar a progressão do quadro.

A trajetória de Neide chama atenção para uma realidade silenciosa que afeta trabalhadores em diferentes faixas etárias e profissões. O acesso à informação e ao acompanhamento médico especializado pode ser determinante para evitar afastamentos prolongados e garantir melhor qualidade de vida para quem deseja continuar ativo, mesmo diante do envelhecimento.

Quando procurar um reumatologista? 

Segundo o Dr. Carmo Gonzaga de Freitas, é importante buscar avaliação médica especializada quando:

  • As dores articulares persistem por mais de duas semanas, mesmo com repouso ou uso de analgésicos comuns;
  • Há rigidez nas articulações ao acordar, que demora a passar;
  • O paciente percebe inchaço, calor ou vermelhidão em alguma articulação;
  • Movimentos simples do dia a dia, como subir escadas, carregar sacolas ou caminhar, passam a ser feitos com dor ou dificuldade;
  • Existem casos de doenças reumáticas na família, especialmente em mulheres acima dos 40 anos.

“O diagnóstico precoce é o que faz a diferença entre conviver com a dor ou controlá-la de forma eficaz. Quanto mais informada a população estiver, menores serão os impactos dessas doenças na vida pessoal e profissional das pessoas”, completa o reumatologista.