Espetáculo de teatro gratuito retrata lembranças de mulher confinada no espaço manicomial

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Flores de Teatro reestreia neste fim de semana, 7 e 8 de junho, a peça “Sobre ratos, maridos e pulgas”

Após cinco anos de sua estreia em Uberlândia, o grupo mineiro Flores de Teatro apresenta, neste fim de semana , a remontagem do espetáculo “Sobre ratos, maridos e pulgas” . As sessões acontecem no sábado (7), às 20h, e no domingo (8), às 19h, na sede da Associação de Teatro de Uberlândia (ATU) , localizada na Rua Guaicurus, 437 , Bairro Saraiva. A sessão de sábado contará com bate-papo após a apresentação, e a de domingo terá acessibilidade em Libras. A entrada é gratuita, mediante reserva antecipada no Sympla.

Na peça, uma mulher está confinada em um espaço manicomial . Interrogada por um médico, ela revisita as amargas experiências de sua vida, relatadas em cartas enviadas à mãe. O ambiente hospitalar se torna um confessionário para a personagem, vivida pela atriz uberlandense Roberta Liz. A perda de uma filha, a ausência de uma mãe e a violência sofrida pelo marido compõem a dramaturgia, escrita em 2016.

O texto foi desenvolvido por Luiz Leite durante uma residência teatral no Equador, a partir da leitura de cartas de três mulheres reais . A primeira é Pierina Cechini , filha de imigrantes italianos, que em 1909 matou sua filha de 17 meses, ou que desencadeou em sua internação no Hospício São Pedro, em Porto Alegre (RS). Já Camille Claudel , uma escultora francesa, que escreveu cartas para sua mãe, foi internada por 30 anos até sua morte no Hospício de Montfavet, na França. A terceira é Rosa Luxemburgo , que da prisão escreveu cartas sobre os horrores da Primeira Guerra Mundial, antes de ser assassinada.

O espetáculo faz uma crítica contundente à história dos hospícios e hospitais-colônia no Brasil. Esses espaços confinavam não apenas pessoas com diagnósticos de transtornos mentais, mas também epiléticos, alcoólatras, mães solteiras, LGBTQIAPN+, pessoas em situação de rua, pessoas com deficiência, portadores de hanseníase, entre outros que não se enquadravam nos padrões sociais da época. Segundo levantamento da organização Geledés, no hospital psiquiátrico de Barbacena (MG) , fundado em 1903 e considerado um dos maiores do país, estima-se que mais de 60 mil pessoas foram mortas até o início dos anos 1980.

A nova montagem, dirigida por Vilma Campos e Maria De Maria , propõe uma abordagem cênica renovada, agora com a presença de um novo ator em cena, Lupac , mas preserva a essência da linguagem do grupo, reconhecida pela pesquisa de temas como exílio, violência doméstica e saúde mental, especialmente em contextos de guerras, ditaduras e migrações. “Cinco anos se passaram desde a estreia, muita coisa mudou, mas principalmente a atualização com a qual se conta essa história hoje. A expectativa é dar continuidade ao debate em torno destes temas, que não se esgotam, com um trabalho pequeno, intimista, e tão delicado, mas que ainda pode percorrer muitos lugares em busca de diálogos, encontros e reconhecimentos” , destaca Roberta Liz, protagonista do espetáculo.

A circulação conta com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) , do Ministério da Cultura e da Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura de Uberlândia, com apoio da ATU. Haverá também uma sessão gratuita no dia 15 de junho (domingo), às 16h, no Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) – Unidade Shopping Park, em que não é necessário reservar ingressos.

SINOPSE
Em um espaço manicomial, uma interna desvela um conjunto de lembranças transmitidas por amargas experiências relatadas em cartas escritas à sua mãe. Deste modo, as paredes de um quarto frio e as interrogações do médico revelam os dramas vívidos pelo personagem. A perda de uma filha, a ausência de uma mãe e a violência sofrida pelo marido são manifestadas na cena.

FLORES DE TEATRO
O grupo Flores de Teatro surgiu em 2015 , a partir de um processo de investigação artística no curso de Teatro da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), reunindo docentes, artistas, técnicos, técnicos e discentes em criações colaborativas. Com foco em memórias, narrativas e máscaras dentro de um recorte latino-americano , o grupo desenvolve práticas artísticas que atravessam dramaturgia, iluminação, cenografia, coreografia e figurino, priorizando trocas de saberes e processos horizontais.

Atualmente, o grupo atua de forma independente e é referência na cena cultural de Uberlândia. Fazem parte do repertório os espetáculos “Flores arrancadas à névoa” e “Sobre ratos, maridos e pulgas”.

SERVIÇO
Espetáculo teatral “Sobre ratos, maridos e pulgas”
Sessões do 1º fim de semana:
Quando: 7 de junho, sábado, às 20h, com roda de conversa após a sessão.
8 de junho, domingo, às 19h, com acessibilidade em Libras.
Onde: Sede da Associação de Teatro de Uberlândia (ATU)
Endereço: Rua Guaicurus, 437, Saraiva.
Ingressos: Reserva gratuita de ingressos pelo Sympla.
Link: https://www.sympla.com.br/evento/sobre-ratos-maridos-e-pulgas-espetaculo-de-teatro/2976136

Sessão do 2º fim de semana:
Quando: 15 de junho, domingo, às 16h.
Local: Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU), unidade Shopping Park
Endereço: Rua Juvenília Mota Leite, 700, Shopping Park.
Ingressos: A entrada é gratuita e não é necessário reservar ingressos.
Sessão privada: No dia 12 de junho, quinta-feira, às 13h, haverá uma apresentação exclusiva para pacientes que recebem atendimento psicológico pela equipe da UBSF.
Classificação indicativa: 14 anos
Mais informações: https://www.instagram.com/floresdeteatro/