Mostra de cinema gratuita começa neste final de semana em Uberlândia

Com seleção de produções audiovisuais de diversas partes do Brasil e do mundo, o evento ainda conta com artista convidado do Ceará e atrações artísticas regionais

Começa nesta quinta-feira (15) e vai até o dia 25 , a 7ª Mostra de Cinema Casa Aberta , evento gratuito de atração à difusão de filmes independentes . Nesta edição, o tema central é “Raça, Corpo e Gênero” , que orienta a curaria das 26 produções audiovisuais selecionadas, realizadas por cineastas negros, mulheres, LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência (PCDs) e demais produtores que atuam nas margens do audiovisual. A Mostra é realizada desde 2017 pelo grupo de teatro Trupe de Truões, sediado em Uberlândia (MG).

A programação acontece durante os dois próximos finais de semana de maio no Ponto dos Truões (Av. Ana Godoy de Souza, 381 – Santa Mônica) , e no primeiro sábado (7) de junho em Monte Alegre de Minas , no Centro de Convenções Prof. A entrada é gratuita, e todas as sessões contam com recursos de acessibilidade para pessoas surdas e ensurdecidas.

Neste sábado (17) , o destaque é a participação do artista João Paulo Lima , com a exibição do filme convidado “Todo corpo é ponte e ilha de desejos” às 20h, seguida de uma palestra intitulada “O direito ao corpo” . João Paulo é cearense, artista e pessoa com deficiência, e transita entre diferentes linguagens da cena, do audiovisual e da literatura, criando uma percepção de arte descentralizada. No domingo (18), às 19h30 , ele também apresenta o manifesto de dança “Carta aberta aos corpos não DEFs” , com participação do DJ Nivah . Estas atividades contarão também com audiodescrição para que pessoas com cegueira ou baixa visão possam acompanhá-las, e o evento contará também com uma pessoa específica na equipe para dar apoio e suporte às pessoas com deficiência presentes. A Casa estará aberta para todos e todas!

Além das exposições, a sede da Trupe de Truões receberá diversas intervenções artísticas gratuitas ao fim das sessões . Nomes como Fran Diniz, Chris Rodrigues, Nubiato e Merece uma Agulha integram a programação desta semana. A agenda completa e as classificações indicativas de cada sessão estão disponíveis nas redes sociais da Trupe:  instagram.com/trupedetruoes .

Importante destacar que na quinta (15) e nas sextas-feiras (16 e 23), as sessões são exclusivas para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e para a Escola de Educação Básica da UFU (ESEBA). Nos demais dias, a programação é aberta ao público geral.

TEMA DA EDIÇÃO: RAÇA, CORPO E GÊNERO
Para a curadoria da 7ª Mostra, o cinema é uma ferramenta poderosa na construção de narrativas que inspira a forma como sentimos o mundo. Ele tem o potencial de fortalecer ou desconstruir estereótipos, amplia perspectivas e influência diretamente sobre o imaginário coletivo. A partir disso, a equipe propõe a seguinte provocação: se mulheres e pessoas negras são os grupos sociais mais numerosos no Brasil, por que os filmes de maior alcance ainda são majoritariamente dirigidos por homens brancos?

Em 2022, o Brasil selecionou pela vez um primeiro longa-metragem dirigido por um homem negro, “Marte Um”, para representar o país no Oscar, embora o filme não tenha chegado à lista final. De acordo com o Anuário Estatístico da Ancine (2023), nenhuma mulher brasileira estreou filmes de grande público em 2022. A participação feminina no setor audiovisual foi inferior a 40%. O GEMAA (Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa/UERJ) reforça esse dado no boletim “Raça e gênero nos filmes de grande público (1995–2022)”, que aponta: nenhuma mulher preta ou parda ocupou a posição de diretora em produções do circuito comercial durante esse período.

Na contramão desse cenário, a Mostra Casa Aberta busca fomentar espaços de escuta, frutificação e reflexão a partir de outras perspectivas. “Nesta edição, tivemos mais de 300 filmes inscritos e selecionamos 26 produções de diferentes estados brasileiros, contemplando todas as regiões do país. O público terá acesso a um panorama atual do cinema negro, feminino, de corpos dissidentes e das periferias”, explica Ronan Vaz, coordenador artístico e curador da mostra.