Dia Mundial de Conscientização sobre o Parkinson: compreendendo e combatendo os desafios

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No dia 11 de abril, a comunidade global volta seu olhar para uma das condições neurodegenerativas mais prevalentes e impactantes – o Parkinson. Essa data tem como foco a divulgação dos obstáculos vividos por aqueles que sofrem com a doença, além de ressaltar a importância do acesso à informação e do suporte às famílias e aos pacientes.

Entendendo o Parkinson
O Parkinson é caracterizado como uma enfermidade crônica, progressiva e degenerativa do sistema nervoso central, resultante da diminuição do neurotransmissor dopamina, responsável pela regulação dos movimentos voluntários. Assim, os portadores da doença podem apresentar sintomas como tremores, lentidão motora, rigidez muscular e problemas de equilíbrio.

Dados globais e nacionais
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Parkinson ocupa o segundo lugar entre as doenças neurodegenerativas, ficando atrás somente do Alzheimer. Aproximadamente 4 milhões de pessoas convivem com a condição mundialmente, contando com cerca de 450 mil casos no Brasil. Ainda que as estatísticas nacionais possam variar, pesquisas indicam que cerca de 3,3% dos brasileiros com mais de 64 anos são acometidos pela doença.

Desafios no diagnóstico e no tratamento
Um dos grandes obstáculos no manejo do Parkinson é a identificação precoce da doença. Devido à sua manifestação gradual, os primeiros sintomas podem ser sutis, atrasando a procura por atendimento neurológico especializado. Especialistas, como o neurologista Matheus Ferreira Gomes do Hospital Mater Dei Santa Genoveva, ressaltam que a apresentação inicial de sintomas leves muitas vezes impede que os pacientes busquem avaliação médica em tempo adequado.

No que diz respeito ao tratamento, as alternativas são variadas e incluem terapias medicamentosas, sessões de fisioterapia, acompanhamento fonoaudiológico, suporte psicológico e orientação nutricional, aliados à prática regular de atividades físicas. Para os casos mais avançados, procedimentos cirúrgicos, como a estimulação cerebral profunda, podem ser indicados como opções terapêuticas. “A escolha deve ser individualizada. Exemplos: levodopa, agonistas dopaminérgicos, inibidores da MAO-B, inibidores da COMT e amantadina. Para indicar a estimulação profunda cerebral, o paciente deve ter resposta à levodopa, passar por avaliação neuropsiquiátrica/psicológica e ter imagens do encéfalo, para descartar alterações anatômicas. Para aqueles pacientes em que houve adequada indicação do procedimento, a estimulação profunda pode minimizar os sintomas e trazer grande qualidade de vida. É crucial ressaltar que a estimulação profunda cerebral não cura a doença, mas ajuda no controle sintomático”, diz o médico.

Identificação dos Sinais e Evolução da Doença
Reconhecer os indícios iniciais do Parkinson é essencial, e esses sinais podem incluir lentidão motora, rigidez muscular e tremores durante o repouso, além de manifestações não relacionadas ao movimento, como distúrbios do sono, variações de humor e alterações no funcionamento intestinal. Segundo o neurologista Matheus, “os sintomas tendem a se desenvolver de maneira gradual (embora essa progressão varie entre os indivíduos), e é a combinação de lentidão e rigidez que mais compromete a mobilidade, enquanto a disfagia pode aumentar o risco de broncoaspiração e ocasionar episódios recorrentes de pneumonia”.

Qualidade dos cuidados e expectativa de vida
Conforme destacado pelo especialista, a longevidade dos pacientes com Parkinson está intimamente ligada à eficácia do tratamento adotado e à qualidade dos cuidados recebidos. Esses cuidados abrangem não apenas a terapia medicamentosa, mas também programas de exercícios físicos, sessões regulares de fisioterapia e/ou fonoaudiologia personalizada.

A importância do Dia Mundial de Conscientização
A data representa uma oportunidade para ampliar a compreensão sobre a doença, atenuar o estigma associado e fomentar a criação de uma rede de apoio e solidariedade entre os afetados e a sociedade. “Compreender os desafios enfrentados pelos pacientes e suas famílias é o primeiro passo para garantir que eles recebam o apoio e os cuidados necessários para enfrentar essa condição complexa e desafiadora”, conclui Matheus.