Descompasso do coração: entenda a arritmia cardíaca e seus riscos

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Médico alerta sobre a doença que afeta um em cada quatro brasileiros

A arritmia cardíaca é uma doença que pode acometer uma em quatro pessoas ao longo da vida e é responsável pela morte súbita de cerca de 300 mil brasileiros todos os anos. Esses são dados da Sociedade Brasileira de Arritmia Cardíaca (Sobrac). Conhecida também como descompasso do coração, recentemente, esteve em evidência no Brasil devido à morte do jogador de futebol do Nacional do Uruguai, Juan Izquierdo, em agosto deste ano, decorrente de uma arritmia cardíaca sofrida durante uma partida contra o time do São Paulo, pela Copa Libertadores da América.

O cardiologista do Hospital Madrecor, complexo hospitalar que faz parte da Hapvida NotreDame Intermédica, Edson Elviro Alves, explica que existem vários tipos de arritmias cardíacas. A doença caracteriza-se pelas alterações dos batimentos cardíacos tanto em relação a frequência cardíaca (número de batimentos por minuto), quanto na sequência e cadência dos batimentos.

As mais comuns são:
– Bradicardia: frequência cardíaca abaixo de 60 batimentos por minuto;
– Taquicardia: frequência cardíaca acima de 100;
– Flutter e fibrilação atrial: alteração na sequência dos batimentos (o ritmo do coração fica irregular);
– Taquicardia supraventricular e ventricular: batimentos rápidos do coração com início em regiões diferentes no coração.

Segundo Edson Elviro, a mais comum é a fibrilação atrial. “O nosso coração é dividido em átrios e ventrículos, e elas funcionam de forma sincronizada. Ou seja, o átrio, que está na parte superior, contrai e impulsiona o sangue para o ventrículo, que está abaixo. Quando ocorre a fibrilação atrial, perde-se esse sincronismo e as cavidades batem de forma aleatoriamente (cada um no seu ritmo)”, explica o especialista.

De acordo com o cardiologista, os sintomas vão depender de cada tipo de arritmia (batimentos lentos ou acelerados). “Dependem também das condições prévias do paciente. Podemos observar as seguintes queixas: palpitações (batida forte no peito, ‘saltos no peito’, ‘coração acelerado’); tontura; vertigem, podendo chegar a desmaio (a pessoa pode perder a consciência); fadiga (sensação de cansaço desproporcional ao nível de atividade física/esforço); falta de ar (respiração curta, ‘pesada’); dor no peito; suor excessivo e pele fria e pegajosa”.

O cardiologista do Hospital Madrecor explica que os fatores de risco envolvidos no desenvolvimento das doenças cardiovasculares podem acarretar arritmias e, dentre os mais frequentes, estão: a idade (aumento da incidência da doença à medida que a idade avança); história de arritmias na família; hipertensão arterial; doenças cardíacas como insuficiência, doenças cardíacas congênitas; diabetes mellitus; apneia do sono; doença pulmonar como enfisema, bronquite crônica; obesidade; estresse e ansiedade persistentes; doenças metabólicas, a exemplo de patologias da tireoide (principalmente o hipertireoidismo); uso de substâncias e medicamentos, como o álcool, bebidas com cafeína e antigripais.

Edson Elviro alerta sobre a importância de diagnosticar a doença o quanto antes e fazer o tratamento necessário. “As arritmias cardíacas podem causar ou complicar outras doenças, como acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca, angina, parada cardíaca e alteração neurológica”.

O diagnóstico é feito por meio de várias opções, a começar pela consulta médica e os exames invasivos e não invasivos.

Sobre o tratamento, o cardiologista explica que existem metodologias diferentes que podem ou não ser combinadas. “No não medicamentoso, temos as mudanças no estilo de vida, como diminuir o consumo de álcool, café, parar de fumar, tentar diminuir o nível de estresse etc. Já no medicamentoso, temos as medicações antiarrítmicas (medicações que podem fazer o coração voltar a bater no ritmo normal). No caso de emergências, podemos lançar mão da cardioversão elétrica (paciente toma um choque)”, explica.

No tratamento invasivo, o especialista informa que existe o estudo eletrofisiológico com ablação (tipo um cateterismo), por meio do qual identifica-se onde está a alteração do ritmo para isolá-la. “Em alguns casos temos a indicação do implante de equipamentos tipo marcapasso, CDI (desfibrilador)”, complementa.

O médico alerta que pessoas que têm arritmia cardíaca necessitam de orientações médicas para a realização das atividades. Em alguns casos é importante evitar atividades físicas extenuantes e competitivas. “Quando a pessoa apresentar algum dos sintomas acima relatados ou quando apresentar modificação de sintomas prévios, deve procurar ajuda médica. Pacientes com cardiopatia prévia e arritmia devem, de preferência, realizar atividades sob supervisão”, ressalta.

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