Apesar dos riscos elevados para a saúde, o uso do dispositivo aumentou em 600% no país nos últimos seis anos
A chegada de vapes e cigarros eletrônicos têm mudado o cenário do tabagismo no Brasil. Ao longo de décadas, políticas e leis são aplicadas para diminuir o hábito da população de fumar. Porém, desde o surgimento dos dispositivos, a história tem sido diferente. Nos últimos seis anos, o consumo de cigarros eletrônicos aumentou 600% no país, de acordo com o Instituto de Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec). O dado é um alerta para a possibilidade de uma epidemia de câncer de pulmão no futuro.
A pesquisa do Instituto aponta quase três milhões de usuários do cigarro eletrônico no Brasil e boa parte desse público é composto por jovens adultos, entre 18 a 24 anos, pois aproximadamente um a cada quatro entrevistados dessa faixa etária já utilizou alguma vez um cigarro eletrônico, de acordo com dados da pesquisa Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia, Covitel 2023.
Ainda de acordo com este estudo, para 20,5% dos jovens, o motivo foi para “experimentar/curiosidade”, 11,6% admitiram que consomem “porque está na moda” e apenas 11,4% afirmam que usam “porque gostam”. Inclusive, o desejo de acompanhar amigos e familiares e os sabores que contém no líquido vaporizado pelo dispositivo, são motivações para uso dos cigarros eletrônicos e vapes.
Diante desses números, no Agosto Branco – mês de prevenção ao câncer de pulmão e combate ao fumo – o alerta merece ser focado no aumento da adesão aos dispositivos eletrônicos. “O hábito de fumar não é seguro em nenhuma hipótese e não podemos ignorar que os cigarros eletrônicos são proibidos no Brasil, portanto, não são regulamentados e controlados por órgãos competentes. Apesar disso, o consumo entre os jovens cresce e isso é muito preocupante, pois já observamos danos à saúde nesse público no mundo todo, principalmente no pulmão. A capacidade de desenvolver dependência à nicotina nessa faixa etária é muito alta. Diante do que já vivemos, devemos enfrentar uma epidemia de tumores no pulmão no futuro”, comenta o pneumologista da Oncoclínicas Uberlândia e diretor técnico da unidade hospitalar do UMC, Thulio Marquez.
É comum encontrar defensores dos cigarros eletrônicos, alegando que ele contém uma menor quantidade de ingredientes prejudiciais à saúde em comparação com o cigarro tradicional, mas o especialista esclarece essa percepção. “Ainda existe a ideia de que os dispositivos eletrônicos são menos nocivos. Porém, eles possuem vários componentes que são muito prejudiciais, como a nicotina, que causa dependência, além de várias substâncias cancerígenas. Alguns vapes podem ter nicotina correspondente a cinco maços de cigarro comum”, conta o pneumologista.
Usuários de cigarros eletrônicos têm câncer mais cedo
Entre os diversos danos proporcionados à saúde, estudos já demonstram que o consumo dos cigarros eletrônicos acelera o desenvolvimento de tumores. Uma pesquisa publicada na revista científica World Journal of Oncology identificou que os usuários dos dispositivos eletrônicos são diagnosticados com câncer por volta dos 45 anos, quase 20 anos antes do que fumantes convencionais, que descobrem a doença em torno dos 63 anos.
Tabagismo é o principal fator de risco para câncer de pulmão
Além dos inúmeros impactos para a saúde, o cigarro eletrônico ainda eleva as chances de iniciar o uso do cigarro tradicional para aqueles que nunca fumaram. De acordo com uma pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), os dispositivos aumentam mais de três vezes o risco de experimentação do cigarro convencional.
Este hábito é o maior responsável pelo câncer de pulmão no mundo todo. Em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o tumor está relacionado ao consumo de derivados de tabaco, segundo o Inca.
O tabagismo também representa um maior risco de morte por esse tipo de câncer, pois a mortalidade por tumor entre fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca fumaram, enquanto entre ex-fumantes é de quatro vezes maior, ainda de acordo com o Inca.
Outros fatores de risco para o desenvolvimento da neoplasia, são:
- Exposição à poluição do ar;
- Infecções pulmonares de repetição;
- Fatores genéticos;
- Histórico familiar de câncer de pulmão;
- Doença pulmonar obstrutiva crônica (bronquite ou enfisema).
“Não fumar é a principal medida para evitar o câncer de pulmão. O hábito é o principal causador deste tumor que é o que mais causa mortes, tanto em homens quanto mulheres. Assim, abandonar o vício e ter hábitos saudáveis, como a prática de exercícios, serão significativos para evitar a doença”, explica Thulio Marquez.
Diagnóstico precoce do câncer de pulmão
Detectar a doença nas fases iniciais é um desafio. Isso porque, em muitos casos, os pacientes só apresentam indícios com o câncer já avançado e muitos deles também são característicos de outras condições. Portanto, qualquer sinal precisa ser investigado.
Os sintomas mais comuns do tumor no pulmão são:
- Dificuldade de respirar;
- Fraqueza e perda de peso sem causa aparente;
- Tosse e rouquidão persistentes;
- Dor no peito;
- Sangramentos pelas vias respiratórias.
Outros impactos do tabagismo
O fumo ainda contribui para elevar o risco de desenvolvimento de vários outros tipos de câncer, como por exemplo: bexiga, pâncreas, colo de útero, esôfago, fígado, boca, laringe, faringe, estômago, cólon, rim e leucemia mieloide aguda.
“O crescimento do número de pessoas adeptas a este mau hábito representará um aumento de doenças causadas por este fator. Isso gera reflexos no sistema de saúde, que terá mais custos para lidar com uma demanda maior. No Brasil ainda não temos projeções sobre esses gastos, mas podemos observar o cenário dos Estados Unidos. Por lá, de acordo com um estudo divulgado na revista Tobacco Control, os vapes custam ao país cerca de US$ 15 bilhões por ano, o que representa R$ 75 bilhões em gastos com a saúde”, finaliza.
Sobre a Oncoclínicas&Co
A Oncoclínicas&Co – maior grupo dedicado ao tratamento do câncer na América Latina – tem um modelo especializado e inovador focado em toda a jornada do tratamento oncológico, aliando eficiência operacional, atendimento humanizado e especialização, por meio de um corpo clínico composto por mais de 2.700 médicos especialistas com ênfase em oncologia. Com a missão de democratizar o tratamento oncológico no país, oferece um sistema completo de atuação composto por clínicas ambulatoriais integradas a cancer centers de alta complexidade. Atualmente possui 145 unidades em 39 cidades brasileiras, permitindo acesso ao tratamento oncológico em todas as regiões que atua, com padrão de qualidade dos melhores centros de referência mundiais no tratamento do câncer.
Com tecnologia, medicina de precisão e genômica, a Oncoclínicas traz resultados efetivos e acesso ao tratamento oncológico, realizando aproximadamente 635 mil tratamentos nos últimos 12 meses. É parceira exclusiva no Brasil do Dana-Farber Cancer Institute, afiliado à Faculdade de Medicina de Harvard, um dos mais reconhecidos centros de pesquisa e tratamento de câncer no mundo. Possui a Boston Lighthouse Innovation, empresa especializada em bioinformática, sediada em Cambridge, Estados Unidos, e participação societária na MedSir, empresa espanhola dedicada ao desenvolvimento e gestão de ensaios clínicos para pesquisas independentes sobre o câncer. A companhia também desenvolve projetos em colaboração com o Weizmann Institute of Science, em Israel, uma das mais prestigiadas instituições multidisciplinares de ciência e de pesquisa do mundo, tendo Bruno Ferrari, fundador e CEO da Oncoclínicas, como membro de seu board internacional. Além disso, a Oncoclínicas passou a integrar a carteira do IDIVERSA, índice recém lançado pela B3, a bolsa de valores do Brasil, que destaca o desempenho de empresas comprometidas com a diversidade de gênero e raça.