Evento reuniu mais de 700 participantes, promoveu o intercâmbio internacional e destacou a liderança do Brasil no mercado de exportação do algodão.
No dia 4 de julho de 2024, a Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa) realizou o tão aguardado Dia de Campo na Fazenda Experimental Amipa, em Patos de Minas (MG). Este ano, o evento teve um significado especial, marcando os 25 anos de história e dedicação à cotonicultura em Minas Gerais, um marco importante que celebra a trajetória de sucesso e inovação da entidade em prol do setor algodoeiro do estado.
O Dia de Campo reuniu um público superior a 700 pessoas, incluindo produtores de algodão empresariais e familiares – estes vindos em caravana do norte de Minas – políticos, pesquisadores, técnicos, representantes de entidades de classe, comitivas de industriais têxteis e visitantes de sete países africanos, além de representantes da Ásia e Oceania, sob liderança da Agência Brasileira de Cooperação (ABC). Este intercâmbio internacional é especialmente valioso devido às semelhanças entre a topografia, solo e clima do norte de Minas Gerais e das regiões africanas, facilitando a troca de experiências e conhecimentos entre os participantes.
Neste ano, a cotonicultura brasileira apresentou números promissores, com uma estimativa de produção de 3,5 milhões de toneladas na safra 2023/2024, um aumento de 12,2% em relação à safra anterior, segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa). Em Minas Gerais, a área plantada atingiu 32.106 hectares, com uma produção total de fibra de algodão prevista para 65.570,44 toneladas e uma produtividade média de 2.042,31 kg/ha. Durante o mês de maio, o Brasil registrou um aumento expressivo em suas exportações de algodão, com um volume total de 229,4 mil/t, gerando uma receita de US$ 488,5 milhões. Esses números representam um crescimento significativo de 280% em comparação com o mesmo período do ano anterior, posicionando o Brasil, neste momento, como o maior país exportador de algodão do mundo.
“Os Estados Unidos lideraram desde sempre essa posição, mas hoje o Brasil é o maior exportador mundial de algodão. Estamos entregando a pluma para o mundo com excelência, ou seja, o algodão brasileiro hoje não perde nada para nenhum do mundo em termos de qualidade de fibra”, afirmou Daniel Bruxel, presidente da Amipa. Ele destacou que a rastreabilidade do algodão brasileiro é um diferencial significativo, permitindo que os consumidores acompanhem a origem do produto desde o campo até a peça de vestuário.
Parceria Emater-MG
Na abertura do evento, ocorreu a assinatura do protocolo de intenção firmado entre a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerai (Emater-MG) e a Amipa. Este acordo, assinado pelo diretor-presidente da Emater-MG, Otávio Martins Maia, o presidente da Amipa, Daniel Bruxel, e o vice-presidente da Associação, Inácio Carlos Urban, visa promover a divulgação de práticas agrícolas sustentáveis e realizar pesquisas sobre o uso do controle biológico de pragas nas lavouras mineiras. A parceria inclui visitas técnicas aos produtores de algodão para levantar dados sobre os ganhos de sustentabilidade obtidos com o uso do controle biológico, reforçando o compromisso das instituições com a inovação e a sustentabilidade no campo.
Palestras
O evento contou com palestras como a de Antônio Cabrera Mano Filho, ex-ministro da Agricultura, que trouxe o tema “O futuro e as perspectivas do agronegócio brasileiro”, e enfatizou a importância de os produtores brasileiros de algodão investirem em marketing para valorizar o produto nacional frente ao mercado global. Cabrera destacou que, apesar da alta qualidade do algodão brasileiro, é necessário um esforço conjunto para melhorar sua percepção internacional e, assim, aumentar sua competitividade.
Outra palestra, intitulada de ”Indicadores de produção em lavouras de altas produtividades e influência de estresses abióticos na cultura do algodão”, foi ministrada pelo Dr. Fábio Rafael Echer, professor e pesquisador na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste). Echer abordou os desafios e oportunidades atuais da cotonicultura, ressaltando a necessidade de os produtores serem disciplinados e aderirem às exigências tecnológicas para otimizar a produção e atender aos padrões de qualidade do mercado. Sua fala destacou como a adoção rigorosa das tecnologias disponíveis pode resultar em ganhos significativos de produtividade e qualidade.
Discussões e diversidade
Os participantes do Dia de Campo também discutiram temas críticos para o setor, como o atraso da tecnologia disponível no mercado têxtil brasileiro, em comparação com outros países, e a preocupação crescente com a gestão de resíduos da indústria têxtil. Essas discussões fomentaram um debate produtivo sobre as necessidades de modernização tecnológica e as práticas de sustentabilidade necessárias para o futuro da cotonicultura.
“Mais uma vez, esse evento nos surpreendeu muito pela quantidade de informações compartilhadas e pelo número de produtores interessados que participaram e fizeram a diferença”, comentou Inácio. “Esse evento é surpreendente e de alcance internacional, pois atrai interesse de vários países presentes, que vêm copiar tecnologias nossas, e isso é uma grande satisfação, um orgulho poder compartilhar e ajudar”, completou.
A diversidade de atividades oferecidas no Dia de Campo, incluindo visitas guiadas às áreas de plantio de algodão, exposições de equipamentos agrícolas e estandes de produtos e serviços, proporcionou um ambiente dinâmico e interativo para os participantes. O evento destacou-se pela sua capacidade de promover o intercâmbio de conhecimentos e fortalecer as redes de relacionamento entre produtores, especialistas e representantes de toda a cadeia produtiva do algodão.
A visita as quatro estações de campos demonstrativos de variedades de algodão, instalados na Fazenda Experimental da Amipa, foi um dos momentos mais esperados, com um circuito preparado para repassar conhecimento aos participantes.
Inscrições solidárias
As inscrições para o Dia de Campo foram solidárias e toda a renda arrecadada pela Amipa será destinada para duas instituições de Patos de Minas: a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e a Associação Anjos da Vida Huly Angel (AADV). Uma ação coordenada pelo Fundo Social Algobom que mostrou a preocupação da Amipa não só com o setor da cotonicultura, mas também com a comunidade local.
Segundo Lucélia da Costa Borges, gerente administrativa da Amipa e responsável pelo Algobom, este é o segundo ano que o Dia de Campo realiza essa ação social. Segundo ela “o objetivo é engajar nosso público nas iniciativas sociais lideradas pela Associação e mostrar para toda a sociedade que os cotonicultores e demais elos da cadeia produtiva de Minas Gerais são solidários com as necessidades dessas entidades que realizam um trabalho fantástico em favor da população. A cada convite da Amipa para ações dessa natureza vemos com muita alegria a participação dos nossos associados e dos amigos do agro”, conclui.
Para Elisângela Luísa Fernandes, administradora da APAE – que tem 52 anos de atuação na cidade e está presente em mais de 30 outros municípios da região – foi uma grata satisfação o convite para participar desse evento. “Tenho certeza que todo valor arrecadado, bem como as ações que abordamos no evento, serão de grande valia para nós e para a manutenção da instituição”, afirma.
Edição 2024
Neste ano, o Dia de Campo contou com o apoio da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (MG), através do Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas) e do Fundo de Desenvolvimento da Cotonicultura no Estado de Minas Gerais (Fundo Algominas), além do patrocínio das empresas: Agro CP, Autus Chevrolet, BASF, Bayer, Bio Controle, Comdeagro, Cooperpluma, Cotton Wrap, CR Energy, Ditrasa, Exclusiva Bio, Fibra Forte Algodoeira, FMC, IST Cotton, Kreta, Lallemand, Pivodrip, SLC Sementes, Superagro, Syngenta, Syngenta Biologicals, Tama, TMG e Uniparts.