Neurologista da Rede Mater Dei de Saúde chama a atenção para campanha da Sociedade Brasileira de Cefaleia 2024 e o cuidado com a automedicação
São mais de 200 tipos de dor de cabeça mapeados pela medicina, mas a maioria das pessoas não tem informações sobre como lidar com eles, e abusam da automedicação para se livrar deste mal. Segundo pesquisa divulgada no Congresso 2023 da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC), a dor de cabeça chega a acometer, ao longo da vida, 94% dos homens e 99% das mulheres. Neste Maio Bordô, a SBC faz uma campanha de conscientização no Brasil sobre as cefaleias e sinais que alertam que a população deve procurar ajuda médica. O mote é “Três é demais” – quando a ingestão de mais de três analgésicos em uma semana é considerada abusiva.
“Quando o paciente se automedica, não analisa se a medicação, a dose e a frequência de uso estão corretas. Por vezes, também não sabe se há contraindicação para o uso daquele remédio. Tipos diferentes de dor de cabeça possuem medicações e doses específicas. O uso muito frequente de analgésicos (mais que 3 comprimidos por semana) pode causar dor de cabeça. Além disto, a pessoa pode ter efeitos colaterais pelo uso da medicação, que vão de dores no estômago até sangramentos e falência dos rins”, explica Dr. Lauro Figueira Pinto, neurologista do Hospital Mater Dei Santa Clara.
Conscientizar as pessoas sobre quando a dor de cabeça é aquela já conhecida, ou merece uma atenção maior, é o objetivo do Maio Bordô. Na avaliação do Dr. Lauro, dores de cabeça são um problema de saúde pública, pois as cefaleias são uma das principais causas de incapacidade no Brasil e no mundo. “Um estudo brasileiro apontou que cerca de 7% das pessoas apresentam mais de 15 dias de dor de cabeça por mês. Estas pessoas que apresentam dores tão frequentes, além de perder produtividade e dias de trabalho (prejuízo econômico), têm perdas de momentos sociais e de lazer com amigos e familiares (prejuízos pessoais e sociais)”, diz o médico.
Segundo explica o neurologista, as mais de 200 cefaleias estão distribuídas em dois grandes grupos: a cefaleia primária, cuja origem é do nosso próprio sistema de dor; e a cefaleia secundária, ligada a outros fatores, como uma pancada na cabeça, sangramento, tumor ou acidente vascular cerebral (AVC).
Cefaleias primárias – Conforme Dr. Lauro Figueira explica, no grupo de cefaleia primária, onde estão as enxaquecas e as cefaleias tensionais, a pessoa já conhece a dor. Ela geralmente é semelhante durante os episódios. “Dentre as dores de cabeça primárias, a cefaleia tipo tensão é a mais frequente. Ela se manifesta como dor / dolorimento em queimação ou peso, bilateral (em geral na testa e na nuca), de intensidade leve a moderada e não incapacitante”.
Enxaquecas – A Enxaqueca é a dor que mais leva as pessoas a procurarem o neurologista, devido a ser intensa e limitante, afirma o médico.
“A enxaqueca em geral é unilateral, variando de lado, pulsátil, piora com movimento, provoca náuseas e vômitos, além de fotofobia e fonofobia. Por vezes os pacientes com enxaqueca apresentam aura, que são sintomas neurológicos focais que podem variar de alterações visuais (ex.: manchas pretas, cintilantes), a sensitivas (dormência ou formigamento) ou até dificuldades para falar, que duram pouco tempo, e em geral ocorrem antes das crises de dor”, esclarece o Dr. Lauro.
Quando a dor muda do padrão – O alerta dos neurologistas para dores de cabeça é quando o padrão da dor mudar. De acordo com o médico, esses episódios podem indicar a cefaleia secundária, que pode ser sinal de algo mais grave, como um aneurisma, meningite, tumor ou AVC. Segundo ele, nem toda dor de cabeça é tensional, ou enxaqueca. “Diferenciar a causa da dor nem sempre é fácil e necessita de um profissional treinado (neurologista) e, por vezes, exames subsidiários como tomografia e ressonância”, ressalta o Dr. Figueira.
Na maioria das vezes, as cefaleias são tratadas por neurologistas, que podem acionar especialistas de áreas multidisciplinares, como a medicina do sono e a cardiologia, pois uma dor de cabeça pode ser reflexo de uma pressão arterial descontrolada, por exemplo. “Na Rede Mater Dei de Saúde temos equipes preparadas para esses diagnósticos e tratamentos, que não são apenas medicamentosos, mas que devem passar pelo cuidado com o sono, a alimentação, atividade física, e ingestão de líquidos. Além disso, indicamos tratamentos adjuvantes, como acupuntura, alongamento, psicoterapia, ou mindfulness, para melhorar o quadro geral do(a) paciente”, complementa o neurologista.