Campanha chama atenção para a prevenção do Câncer de Pele, responsável por 185 mil novos casos no Brasil anualmente
Este ano, o calor intenso chegou antes da abertura oficial do verão, levando os termômetros no Brasil a marcarem uma temperatura média de 40º – um motivo a mais para investir nos cuidados com a saúde da pele. Desde o início do mês, a campanha Dezembro Laranja, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, reforça essas orientações e chama a atenção da população sobre a importância de prevenir o Câncer de Pele. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, a cada ano são registrados no país cerca de 185 mil novos casos de câncer não melanoma, o mais comum no Brasil, responsável por 33% dos diagnósticos.
Segundo a dermatologista da Rede Mater Dei de Saúde, Nayara Fayad Souza Dib Mello, o principal fator de risco para a doença é a exposição solar. O dano do sol na pele é cumulativo, ou seja, todo o sol a que nós nos expomos ao longo da vida vai, aos poucos, lesando o DNA celular. Chega uma hora em que nosso organismo não consegue mais reparar esses danos e começam a aparecer lesões na pele. Há outros fatores de risco, como história pessoal ou familiar deste câncer, pessoas de pele clara e suscetíveis a queimaduras solares, uso de medicamentos que podem comprometer a imunidade, tabagismo, alcoolismo e presença de uma grande quantidade de pintas pelo corpo. Segundo Nayara, deve-se evitar a exposição solar, especialmente nos horários em que os raios solares são mais intensos, entre 10h e 16h.
Outro hábito fundamental é o uso do protetor solar, que deve ter fator de proteção igual ou superior a 30. “A incidência dos raios solares está cada dia mais intensa, portanto o uso diário de filtros solares é essencial, não devendo ser limitado apenas aos momentos de lazer ou diversão. Recomenda-se reaplicar o produto a cada duas horas, durante atividades ao ar livre. No dia-a-dia é aconselhável aplicar uma quantidade adequada pela manhã e fazer uma reaplicação no horário do almoço”, explica. Além disso, sempre que possível, é recomendável o uso de roupas adequadas, que cubram toda a pele, bem como o uso de chapéus/bonés de abas largas, sombrinhas e guarda-sol.
Ainda entre as ações preventivas, a médica alerta que é importante agendar consultas anuais com um dermatologista para exames completos, manter uma dieta saudável, parar de fumar e evitar o uso de câmaras de bronzeamento artificial. Também é necessário observar regularmente a própria pele. “Sempre que notar algum sinal novo, ou que algum antigo esteja se modificando, é necessário procurar um dermatologista para avaliar se a lesão é benigna ou maligna, aumentando as chances de um diagnóstico em estágios iniciais da doença. No estágio inicial, a retirada da lesão de pele geralmente é curativa. Mas apenas um exame clínico realizado por um médico especializado ou uma biópsia podem confirmar o diagnóstico do câncer de pele”, recomenda.
O ideal é buscar orientação médica quando surgirem lesões na pele com aparência elevada e brilhante, podendo apresentar coloração avermelhada, castanha, rósea ou multicolorida, e que sangram facilmente. Lesões de pele que apresentam cor (pigmento), que são assimétricas, possuem bordas irregulares, mais de uma cor, diâmetro maior que 6mm (regra do ABCD), e que modificaram/cresceram, também devem ser acompanhadas.
Tipos de câncer e tratamentos
Existem três tipos principais de câncer de pele. O carcinoma basocelular (CBC) é o mais comum e o menos agressivo e se apresenta como lesões que se assemelham a feridas que não cicatrizam ou, até mesmo, nódulos com uma evolução lenta. Geralmente, esses tumores surgem em áreas frequentemente expostas ao sol, como face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. Também comum, o carcinoma espinocelular (CEC) aparece em áreas expostas ao sol e, em alguns casos, está associado a feridas crônicas e cicatrizes na pele. Esses carcinomas geralmente apresentam coloração avermelhada e se manifestam na forma de machucados ou feridas persistentes, que podem ocasionalmente sangrar.
Já o melanoma, que é o tipo mais grave de câncer de pele, pode surgir em qualquer parte do corpo, manifestando-se como manchas, pintas ou sinais de tons acastanhados ou enegrecidos, com formato irregular e propensos a sangramentos. Essas lesões podem ocorrer em áreas de difícil visualização pelo paciente, sendo mais comuns nas pernas das mulheres e no tronco dos homens.
O tratamento do câncer de pele varia de acordo com o tipo, extensão, agressividade e localização do tumor, bem como a idade e o estado geral de saúde do paciente. As modalidades mais utilizadas incluem a cirurgia excisional e a Cirurgia Micrográfica de Mohs, nas quais o cirurgião retira o tumor e analisa o material ao microscópio, preservando boa parte dos tecidos saudáveis. Além das abordagens cirúrgicas, a radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e medicamentos orais e tópicos são opções adicionais de tratamento. Se não diagnosticados e tratados corretamente, os carcinomas espinocelulares e os melanomas correm o risco de se desenvolver e gerar metástases (acometimento de outro órgão), podendo ser fatal.