O Banco de Olhos de Sorocaba – BOS, maior centro de transplantes da América Latina, colabora para reduzir a espera.
O técnico em contabilidade e servidor público, Reginaldo Antônio Fraga, 69 anos, celebra o início de um novo capítulo de sua história. Após seis meses de espera, ele conseguiu realizar o tão esperado transplante de córnea. Acometido por uma doença denominada ceratopatia bolhosa, na córnea do olho direito, ele tinha dificuldade para enxergar, com uma perda significativa da visão direita, além de sentir dores constantes.
Reginaldo é um dos milhares de pacientes que precisam fazer o transplante de córnea no Brasil. Segundo um levantamento feito pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), com informações do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), 24.319 pacientes estão na fila de espera por um transplante de córnea no Brasil – o número dobrou entre 2019 e 2022. Apesar do aumento na lista, o volume de transplantes cresceu entre 2020 (pico da pandemia de Covid-19) e 2022: de 4.374 para 7.826 cirurgias, mas o número está abaixo do patamar pré-pandemia.
Reginaldo Fraga conseguiu entrar na fila de transplante do Banco de Olhos de Sorocaba (BOS), localizado em Sorocoba-SP. O BOS é o maior centro de transplantes da América Latina e oferece uma estrutura diferenciada de atendimento para o transplante de córneas, com pronto socorro 24 horas, tecnologia de última geração e equipe especializada, com mais de 50 médicos especialistas disponíveis, além de um serviço exclusivo de teleatendimento para auxiliar os pacientes que residem em locais mais distantes.
O hospital atende particular, convênio e também pelo SUS, o que possibilita que pessoas de todo o Brasil tenham a oportunidade de realizar o procedimento. O cadastro para avaliação do transplante de córneas pode ser feito pelo celular, por meio do aplicativo disponível nas lojas Google Play e Apple Store, procurando por “Banco de Olhos de Sorocaba”. Caso não seja possível baixar o App do BOS, basta acessar o site: https://app.bos.org.br – Pacientes e fazer o cadastro, porém, algumas funcionalidades de interação no atendimento só existem no App. Para convênios e particulares, a solicitação para avaliação pode ser feita pelo WhatsApp (15) 3212-7040.
Em 2021, BOS zerou a fila de espera para avaliação de transplante de córnea; atualmente, a capacidade do hospital é de realizar mais de 300 transplantes por mês. Quando a pandemia de Covid-19 teve início, o BOS tinha mais de 3 mil pedidos de avaliação em espera, número que continuou a aumentar após um período crítico de suspensão de captação de córneas e transplantes e que só foi zerado depois da implantação do sistema de telemedicina para agilizar o atendimento e encaminhamento desses casos.
A importância da doação de córnea
A cirurgia de Reginaldo Fraga foi realizada pelo médico Henrique Delloiagono. Foi realizado o procedimento denominado transplante de córnea endotelial, que é uma técnica que consiste no transplante apenas da parte interna da córnea doente, conhecida como endotélio. Com isso, a córnea passa a desinchar e voltar a transparência normal, trazendo a visão de volta. “Foi um sucesso o procedimento. Ele já está voltando a enxergar e sentindo mais conforto. Daqui para frente a tendência é só melhorar, com os cuidados necessários que ele deve tomar”, diz o médico.
O especialista salienta a necessidade das pessoas se conscientizarem sobre a doação de órgãos. “Como o caso do Reginaldo, o fato da doação é muito importante. Isso vai ajudar muitas pessoas a voltarem a enxergar. Então, é necessário informar a família sobre a vontade de doar os órgãos. Mesmo na hora mais difícil, que é o momento da morte, quando as pessoas doam, elas estão ajudando outras pessoas que estão aqui, então é extremamente importante”.
Segundo o médico, o BOS realiza em torno de mais de 200 transplantes de córnea, por mês, chegando a mais de 2 mil transplantes por ano. “Nós atendemos não só pacientes de todo o Brasil, mas também de outros países”, informa.
Já em casa, Reginaldo Fraga agradece pela oportunidade. “Quando um dos meus irmãos faleceu, há três anos, eu fui abordado pela assistente social do hospital onde ele estava, que me questionou sobre a doação das córneas dele. Não hesitei e autorizei a doação. Mal sabia que um dia eu precisaria de um transplante de córnea. Graças a Deus foi a decisão mais assertiva. O que sinto hoje é gratidão, em primeiro lugar a Deus, pela oportunidade, e à família do doador, que me deu a oportunidade de voltar a enxergar. Por isso estarei sempre levantando essa bandeira em prol da doação de órgãos. Muitas pessoas podem ter uma vida melhor com a solidariedade de outras”, finaliza Reginaldo Fraga.