Cultura machista coloca saúde masculina em risco

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Neste Dia do Homem, psicóloga explica porque ainda hoje a maioria deles é negligente com o próprio bem-estar físico e mental

Uma pesquisa do Instituto Lado a Lado Pela Vida, que ouviu homens brasileiros de 18 a 65 anos, revelou que  62% desse público masculino só procura um médico quando apresentam “sintomas insuportáveis”. O levantamento, feito em 2021, revela ainda hábitos perigosos por parte deles, como automedicação e a procura por diagnósticos no “Google”, o que é contraindicado por médicos e especialistas. Por esses e outros motivos que o Dia do Homem, a ser celebrado no próximo 15 de julho, foi instituído para promover conscientização sobre os cuidados com a saúde da população masculina.

A psicóloga Soraya Oliveira, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, avalia que a cultura machista ainda hoje é o principal fator para a resistência dos homens em realizar exames e consultas preventivas. “Ser homem não significa estar imune às doenças. Hoje, com estresse, tabagismo, uso do álcool, mesmo que de forma recreativa, ansiedade, pressão social e política, todas estas são situações que vêm adoecendo a população masculina”, detalha.

Ela salienta que esse descuido da grande maioria dos homens ocorre tanto com a saúde física,  quanto com a mental. “Dentro dessa cultura machista, que ainda é muito forte no Brasil, buscar ajuda psiquiátrica e psicológica é algo visto com preconceito. A grande maioria dos homens dificilmente reconhece que está em depressão, que sofre com crises de ansiedade. A bipolaridade, por exemplo, está cada vez mais comum na população masculina”, explica.

De acordo com a especialista, a síndrome do pânico é mais recorrente entre os homens. “Isso se dá devido ao estresse social, familiar e no trabalho. Contudo, os homens normalmente só procuram ajuda em saúde mental quando acham que vão morrer diante de um ataque de pânico, o desespero os leva aos tratamentos psicológicos e psiquiátricos”, ressalta Soraya Oliveira.

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) também alerta para os descaso dos homens com a própria saúde, especialmente frente a doenças como o câncer de bexiga, que de acordo com a entidade, é hoje o segundo tumor urológico mais incidente nessa população. Mas o câncer de próstata ainda segue sendo a principal neoplasia em incidência na população masculina, uma doença que se detectada no início, por meio de exames previstos, tem grandes chances de cura.

Com o avanço da idade, as doenças da próstata e as disfunções sexuais estão entre as principais enfermidades que acometem o homem. Na adolescência e na fase adulta são as infecções sexualmente transmissíveis. Há ainda outras patologias que são mais prevalentes, como hipertensão, doença cardíaca, diabetes e obesidade.

“Os homens no Brasil não vão ao médico o quanto deveriam. Eles precisam entender que, procurar a ajuda de profissionais médicos e de saúde mental é perfeitamente natural e que isso não os tornam menos másculos ou fracos”, ressalta a psicóloga Soraya Oliveira.