Analgésicos e anti-inflamatórios têm efeitos distintos no organismo; automedicação representa risco à saúde

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Closeup view of pharmacist hand taking medicine box from the shelf in drug store.

Professora do curso de Farmácia da Pitágoras aponta as principais diferenças entre os medicamentos e recomenda cuidados.

O clima frio pode acarretar problemas típicos da estação, como das vias orais (dor de garganta) e respiratórios, o que estimula o hábito da automedicação – pesquisa divulgada no ano passado pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) indicou que 77% dos brasileiros usam remédios sem prescrição médica. Anti-inflamatórios e analgésicos são as escolhas mais populares da temporada para o alívio de sintomas, porém, especialistas alertam para diferenças e cuidados ao tomar esses dois tipos de substâncias.

Como explica a docente do curso de Farmácia da Faculdade Pitágoras, professora Maria de Fátima Lino Coelho, essas drogas têm funções diferentes no organismo. Enquanto o analgésico age com foco em eliminar ou diminuir a dor de forma rápida, o anti-inflamatório combate as inflamações e, consequentemente, atua no controle das dores. “O primeiro atua diretamente no combate à dor, mas o que está provocando continua ali. Já o segundo serve para eliminar a inflamação e a causa da dor”, explica a docente. Desde 2011 a ANVISA exige prescrição de um profissional de saúde, pois as pessoas passaram a fazer uso desses medicamentos, sem conhecer os seus perigos”, informa.

O principal uso de analgésicos acontece no tratamento de incômodos físicos, relacionados aos músculos, cabeça, dentes, cólicas, ou provenientes de doenças como em gripe ou resfriados. O medicamento também é utilizado para lidar com a recuperação pós cirúrgica ou depois de sofrer lesões. “A função dele é percorrer a origem da dor através da corrente sanguínea bloqueando os sinais enviados”, explica. “As substâncias são identificadas pelo sistema nervoso que enviam uma mensagem e quando o cérebro deixa de receber esse aviso, a dor cessa”, completa.

Segundo a docente, os tipos mais procurados nas drogarias são produzidos à base de ácido acetilsalicílico, dipirona e paracetamol. Seu uso constante é perigoso para a saúde, pois pode mascarar problemas mais sérios, além de gerar efeitos colaterais e provocar dependência química. “O consumo desses medicamentos não pode ser algo constante, e não deve ultrapassar 15 dias no mês. Em caso de persistência dos sintomas, um profissional deve ser procurado para identificar a origem da dor”, afirma a professora.

No caso dos anti-inflamatórios, há dois grupos disponíveis nas farmácias: os não esteroides, que combatem as inflamações com ação antipirética (para abaixar a febre) e analgésica; e os esteroides, como os corticoides, que inibem a produção de substâncias envolvidas no processo inflamatório. “A função é atacar o sistema imunológico para uma resposta imediata. E o profissional de saúde indicará quando esse medicamento for necessário, avaliando sempre os sintomas apresentados pelo paciente, bem como as interações medicamentosas. Pois muitas vezes esses pacientes já fazem uso de outros medicamentos, necessitando de uma avaliação individualizada”, pontua.

Em grande quantidade, a droga pode ser tóxica para os rins e fígado. O uso prolongado pode causar úlceras, osteoporose, assim como a retenção de líquidos, que pode aumentar a probabilidade de novas infecções. “Como possuem funções diferentes, os analgésicos e anti-inflamatórios podem ser usados simultaneamente, mas essa ação deve ser prescrita para não sobrecarregar o organismo”, considera.

“A automedicação é sempre desconsiderada, por isso, essa junção deve partir de uma recomendação médica, e é papel essencial do profissional farmacêutico, fazer as orientações aos pacientes, sobre a correta da utilização dos medicamentos, os prováveis efeitos adversos e orientá-los sobre o quão é arriscado à automedicação”, finaliza.

 

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