Coordenadora da Faculdade Pitágoras aponta as diferenças entre a Varíola, doença erradicada na década de 1980, e a Varíola dos Macacos, que tem registrado casos pelo mundo.
Com a redução do número de casos e internações, e tendo a pandemia de Covid-19 sob relativo controle, as pessoas puderam respirar um pouco mais aliviadas. Até que começaram a surgir no noticiário informações sobre casos de Varíola dos Macacos.
Mas afinal de contas, que doença é essa? A coordenadora do curso de Enfermagem da Faculdade Pitágoras, Bruna Carvalho, explica que a varíola Humana foi erradicada Brasil e no mundo (ou seja, não existe mais entre a população) na década de 1980 depois de uma grande campanha internacional de vacinação promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“A varíola foi considerada uma das mais devastadoras pandemias que a humanidade já enfrentou. A doença vitimou mais de 300 milhões de pessoas no mundo, sendo mais letal do que somadas com a gripe espanhola e as duas grandes guerras mundiais”, diz.
A varíola é causada pelo vírus Orthopoxvirus variolae e a transmissão acontecia de pessoa para pessoa, a partir da inalação de gotículas contendo o vírus, eliminadas ao tossir, espirar ou falar, ou contato direto. Os sintomas eram similares aos de uma gripe comum, mas quando o vírus se instalava no organismo pelo sistema linfático, começavam a aparecer manchas, que evoluíam para pústulas ‘bolhas contendo líquido/pus’. Ao estourarem, as bolhas podiam deixar marcas na pele para o resto da vida do paciente.
Na época do surto de varíola, como não havia cura, a recomendação era esperar o organismo do paciente reagir e combater o vírus. Havia dois tipos de varíola: a varíola major, tipo mais radical da doença, que levava 30% dos doentes à óbito; e a varíola minor, um tipo mais leve que levava a óbito apenas 1% dos doentes.
“Atualmente o calendário do SUS não oferece a vacina, pois a doença é considerada erradicada no Brasil desde a década de 1970. Para as pessoas que tomaram a dose nessa época, é possível que ainda exista algum tipo de proteção contra a Varíola dos Macacos”, explica a enfermeira.
VARÍOLA DOS MACACOS
A Varíola dos Macacos é uma zoonose silvestre viral (transmitida aos seres humanos a partir dos animais) que ocorre em regiões como as florestas da África Central e Ocidental. A doença é causada pelo vírus Monkeypox, que pertence ao gênero Orthopoxvirus, e foi observada inicialmente em macacos em um laboratório em 1958, na Dinamarca.
Os sintomas da Varíola dos Macacos são semelhantes aos da Varíola, mas com menor gravidade: febre, dores de cabeça, musculares e nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão, além de lesões na pele que se desenvolvem primeiramente no rosto e depois se espalham para o corpo. Essas lesões se assemelham à catapora ou à sífilis até formarem uma espécie de crosta, que depois cai.
A transmissão da doença se dá a partir do contato com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e objetos e materiais contaminados, como roupas de cama. O possível surto foi identificado primeiro em pacientes do Reino Unido que não tinham viajado para regiões endêmicas, e a OMS ainda não identificou a fonte de transmissão desses novos casos. Como surgiram casos em outros países, isso pode significar que está havendo transmissão comunitárias em tais nações.
“Por se tratar de uma doença viral, o contágio pode ocorrer através do contato com animal ou pessoa infectada. O paciente que identificar algum dos sintomas deve procurar o serviço de saúde. É recomendado o isolamento da pessoa com suspeita da doença, em um local com boa ventilação natural. As medidas sanitárias também devem ser cumpridas, como uso de máscara e higienização das mãos e objetos de uso pessoal”, finaliza Bruna.