Julho Amarelo: tudo que você precisa saber sobre hepatites virais

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Com o objetivo de incentivar o diagnóstico de hepatites virais, a campanha do mês de julho, intitulada Julho Amarelo, é um alerta para a prevenção das hepatites em geral, mas principalmente B e C.

Segundo a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), cerca de 1 milhão de pessoas morrem por ano no mundo em decorrência das hepatites virais. E, são cerca de 3 milhões de novos infectados ao ano.

No Brasil, segundo o IBRAFIG (Instituto Brasileiro do Fígado), cerca de 1 milhão de pessoas têm hepatites virais e que desconhecem ser portadoras desta doença, o que é preocupante. Além disso, as hepatites B e C respondem por cerca de 74% dos casos notificados no país, segundo Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais 2020.

Ou seja, é muito importante se prevenir das hepatites virais e fazer os devidos tratamentos, pois essas doenças podem levar à morte.

Assim, para falar sobre o assunto, convidamos a Dra. Aline Pécora, gastroenterologista do Hospital Santa Clara para esclarecer algumas dúvidas sobre as hepatites virais, mais especificamente a B e a C. Confira.

O que são hepatites virais?
Hepatites virais são infecções silenciosas que atingem o fígado, por isso, os sintomas são bem sutis, como: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, urina escura e fezes claras. Entretanto, tem 1 sintoma que entrega a doença: a pele amarelada.

Pois, quando o fígado está sendo atacado, a pele do paciente começa a ficar mais amarelada e o branco dos olhos também.

No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B, C e D, sendo o último com menor frequência. Desse modo, as infecções causadas pelos vírus das hepatites B ou C geralmente se tornam crônicas. Pois, com a falta de diagnóstico e o avanço rápido da infecção, o fígado fica comprometido, causando uma fibrose avançada ou cirrose, que podem levar ao desenvolvimento de câncer e à necessidade de transplante de fígado.

Por isso, o diagnóstico precoce e a prevenção são importantes. Atualmente, o SUS (Sistema Único de Saúde) disponibiliza testes rápidos para a detecção das hepatites B e C.

Lembrando que todas as pessoas devem ser testadas pelo menos uma vez na vida, mas o recomendado é fazer a testagem periodicamente, principalmente a população mais vulnerável.

São doenças crônicas as hepatites do tipo B e C. E existe tratamento para controle da doença e vacina das hepatites A e B.

“As campanhas de conscientizações são muito importantes para que as pessoas possam conhecer a existência da doença e, principalmente, entender as formas de prevenção e tratamento. Tanto a hepatite B quanto a C podem evoluir para complicações, inclusive câncer de fígado e cirrose. É importante lembrar que para evitá-la existe a vacinação, assim como também é o caso da hepatite A.”, destaca Dra. Aline Pécora.

O que é Hepatite B?
A hepatite B é causada pelo vírus HBV. O HBV está presente no sangue e secreções e essa doença é classificada como uma infecção sexualmente transmissível (IST).

Ou seja, após o contato com o vírus, ocorre uma infecção e, na maior parte das vezes, a infecção se resolve espontaneamente até seis meses após os primeiros sintomas, pois, se o paciente tiver tomado a vacina, os anticorpos anti-Hbs entram em ação.

Porém, algumas infecções pelo vírus HBV perduram após os 6 meses e a infecção é considerada crônica.

As crianças, por exemplo, têm maior chance de desenvolver a forma crônica da hepatite B. O risco pode chegar a 90% de chances em crianças menores de 1 ano. Por isso, é importante fazer o teste no pré-natal, pois assim, começa-se o tratamento de prevenção vertical.

Quais são as formas de transmissão da hepatite B?
Como falamos acima, a hepatite B é um IST, porém existem mais formas de transmissão, como:

  • Relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada;
  • Durante a gestação e o parto se a mãe estiver infectada;
  • Compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos);
  • Compartilhamento de materiais de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam);
  • Tatuagem e piercings;
  • Procedimentos odontológicos ou cirúrgicos que não atendam às normas de biossegurança;
  • Contato próximo de pessoa a pessoa por cortes e feridas.

Quais são os sintomas?
Como a hepatite B é uma doença silenciosa, os sintomas são os mesmos das demais doenças que atacam o fígado, como:

  • Cansaço;
  • Tontura;
  • Enjoo e/ou vômitos;
  • Febre e dor abdominal
  • Pele e olhos amarelados

Como prevenir?
A melhor forma de se prevenir da hepatite B, além de usar preservativo e não compartilhar objetos pessoais é tomando a vacina.

A vacinação é a principal medida de prevenção contra a hepatite B, sendo extremamente eficaz e segura.

Desse modo, se a pessoa sabe que possui a doença, ela também deve tomar alguns cuidados, como:

  • Avisar seus contatos sexuais e parentes de primeiro grau para fazer a testagem e se vacinarem contra a doença;
  • Utilizar camisinha durante as relações sexuais se o parceiro não for imune;
  • Não compartilhar instrumentos perfurocortantes;
  • Cobrir feridas e cortes abertos na pele;
  • Limpar respingos de sangue com solução clorada;
  • Não doar sangue ou esperma.

O que é Hepatite C?
A hepatite C se desenvolve igual a B, porém ela é causada pelo vírus HCV. De caráter silencioso, esse tipo de hepatite também afeta o fígado e pode evoluir para um câncer ou cirrose.

Quais são as formas de transmissão?

A transmissão do HCV pode acontecer por:

  • Contato com sangue contaminado;
  • Reutilização ou falha de esterilização de equipamentos médicos ou odontológicos;
  • Falha de esterilização de equipamentos de manicure;
  • Reutilização de material para realização de tatuagem;
  • Procedimentos invasivos (ex.: hemodiálise, cirurgias, transfusão) sem os devidos cuidados de biossegurança;
  • Relações sexuais sem o uso de preservativos (menos comum);
  • Transmissão da mãe para o filho durante a gestação ou parto (menos comum).

Lembrando que a hepatite C não é transmitida pelo leite materno, comida, água ou contato casual, como abraçar, beijar e compartilhar alimentos ou bebidas com uma pessoa infectada, okay!

Quais são os sintomas?
Como falamos acima, as hepatites virais são silenciosas e sorrateiras, entretanto, no caso da hepatite C, o surgimento de sintomas é muito raro.

De acordo com estudos, cerca de 80% dos infectados não apresentam nenhum tipo de sintomas.

Dessa forma, a única maneira de descobrir a infecção é fazendo a testagem espontânea da população prioritária.

Como prevenir?
Como não existe vacina contra a hepatite C, para evitar a infecção, é importante:

  • Não compartilhar com outras pessoas qualquer objeto que possa ter entrado em contato com sangue (seringas, agulhas, alicates, escova de dente etc.);
  • Usar preservativo nas relações sexuais;
  • Não compartilhar quaisquer objetos utilizados para o uso de drogas;
  • Toda mulher grávida precisa fazer, no pré-natal, os exames para detectar as hepatites B e C, o HIV e a sífilis. Em caso de resultado positivo, é necessário seguir todas as recomendações médicas. O tratamento da hepatite C não está indicado para gestantes, mas após o parto a mulher deverá ser tratada.

Além disso, pessoas infectadas devem tomar alguns cuidados como:

  • Avisar seus contatos sexuais e parentes de primeiro grau para fazer a testagem;
  • Não compartilhar instrumentos perfurocortantes e objetos de higiene pessoal;
  • Cobrir feridas e cortes abertos na pele;
  • Limpar respingos de sangue com solução clorada;
  • Não doar sangue ou esperma.

Pronto! Agora que você sabe a importância de prevenir as hepatites virais, principalmente a B e a C, faça a testagem espontânea todos os anos e não se esqueça de tomar as vacinas referentes a essas doenças, pois vacinas salvam vidas.

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