Recital gratuito de violino e piano homenageia Almeida Prado

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Luciana Caixeta e Fabíola Pinheiros apresentam nesta sexta (24), às 20h, no CTJ Hall peças de um dos maiores compositores brasileiros. Evento também é transmitido pelo YouTube

Com um catálogo de mais de 600 obras, José Antônio Rezende de Almeida Prado (1943-2010) é considerado um dos maiores compositores brasileiros. A fim de homenageá-lo, a violinista Luciana Caixeta e a pianista Fabíola Pinheiro, duas estudiosas do trabalho de Almeida Prado, apresentam, na edição desta semana do Sextas Musicais, um recital especialmente dedicado a este compositor.

 O espetáculo, com entrada gratuita, será nesta sexta-feira (24), às 20h, no CTJ Hall, na Casa Thomas Jefferson da SEP SUL 706/906. E a transmissão ao vivo pelo YouTube do centro binacional.

Sobre as musicistas

Luciana Caixeta, violinista, é doutora em música pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em performance musical pela Miami University. Fez parte do Miami University Graduate String Quartet e do Presser Quartet. Foi integrante da Orquestra Sinfônica de Santo André, Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, Orquestra Experimental de Repertório e Camerata Fukuda. Atuou como chefe de naipe dos segundos violinos da Miami University Symphony Orchestra, Middletown Symphony Orchestra e da Orquestra Filarmônica de São Carlos.

Foi aluna da Escola de Música de Brasília e da Universidade de Brasília, além de ter estudado com as professoras Márcia Fukuda e Elisa Fukuda. Já foi professora do Young Musicians’ Program da Miami University, do Oxford Violin Studio, da West Chester Academy of Music e da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto.

É professora capacitada pela Suzuki Association of the Americas e, atualmente, é professora de violino do Centro Suzuki de Brasília, da Escola de Música de Brasília e do Suzuki Violin Studio, além de se apresentar regularmente como camerista em colaboração com diversos artistas e grupos da cidade, como o Oxford Violin Duo e a Camerata do Cerrado.

Fabíola Pinheiro, pianista, é natural de Brasília. Doutora em música pela Universidade Federal  da Bahia. Estudou também na Universidade Federal da Paraíba, na Northern Illinois University, na Duquesne University e na Carnegie Mellon University.

 Já participou do Bowdoin Music Festival e do Aspen Music Festival. Apresentou-se como solista à frente de várias orquestras e como recitalista em várias salas de concerto. Como camerista e musicista de orquestra, colaborou com vários instrumentistas e grupos, como a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Paralelamente a suas atividades artísticas, publicou artigos acadêmicos em revistas especializadas, além de se dedicar ao ensino do piano.

 Sobre o programa

 José Antônio Rezende de Almeida Prado (1943-2010), considerado um dos maiores compositores brasileiros, possui um catálogo de mais de 600 obras. Estudou harmonia e contraponto com Osvaldo Lacerda e composição com Camargo Guarnieri e Gilberto Mendes. Entre 1969 a 1973, foi aluno de Nadia Boulanger e Olivier Messiaen.

 Nesses anos de intenso trabalho, de absorção e aglutinação de ideias por meio da sua exposição simultânea a universos tão distintos – o contato com Boulanger permitiu-lhe desenvolver seu métier quanto ao domínio da forma, da harmonia e do contraponto, enquanto Messiaen permitia-lhe explorar questões da autonomia do ritmo e do acorde-cor, Almeida Prado desenvolveu uma linguagem musical própria, bastante peculiar, que culminou na monumental Cartas Celestes para piano.

Em 1974, Almeida Prado assumiu a posição de professor de composição da Unicamp, o que proporcionou-lhe condições favoráveis e estímulo para compor. Excelente pianista, formou duo com o violinista Nathan Schwartzman, com quem explorou o repertório para esta formação camerística e a quem ele dedicou a primeira sonata para violino e piano e, anos mais tarde, a balada B’nai B’rith,  por ocasião  da inauguração da Sociedade Hebraica de São Paulo.

Ao longo da década de 1980, sua adesão ao pós-modernismo não representa uma ruptura, mas a absorção de diversos materiais e suas superposições. Sua segunda sonata, de 1984, traz indícios da temática afro-brasileira tão presente em outras obras deste período bastante prolífico e apresenta uma releitura da forma sonata tradicional. Escrita em apenas um movimento, reelabora as relações tonais que pontuam as diferentes seções da obra e que lhe dão unidade. Violino e piano parecem dialogar a partir de planos sonoros distintos que se unem num intrincado tecido musical.

Ao se aproximar dos anos 1990, sua preocupação com a inteligibilidade do discurso musical o torna mais direto e conciso, buscando uma “simplicidade sem populismo”. Revisita as formas musicais consagradas, como no Noturno nº 13 (1991), escrito em comemoração ao aniversário de 13 anos da filha, a violinista Maria Constança de Almeida Prado. A obra recebeu o prêmio da APCA de melhor música de câmara. Apresenta uma textura homofônica característica do gênero, com harmonias diluídas pelas suspensões e o tratamento livre das dissonâncias.

 Na terceira sonata, de 1991, a sobreposição dos diversos materiais explorados pelo compositor revela um processo de síntese dos processos desenvolvidos ao longo da década anterior. O amadurecimento lhe permite se expressar de maneira orgânica, por meio de um discurso mais fluido. A alternância de seções contrastantes, elaboradas como numa colagem de elementos distintos, confere unidade à obra. Se na Sonata nº 2 o compositor explora as ressonâncias a partir do acúmulo sonoro criado pela repetição de figurações rápidas do piano, na Sonata  para violino e piano nº 3 são os blocos sonoros verticais de acordes que criam atmosferas singulares, às quais o violino se unem.

A Casa Thomas Jefferson e Brasília

A história da Casa Thomas Jefferson se mistura com a de Brasília. O centro binacional, entidade sem fins lucrativos, foi criado na capital federal para contribuir para o desenvolvimento dos habitantes por meio de experiências singulares em cultura e educação. Idealizada desde a inauguração da cidade por um grupo formado por brasileiros e norte-americanos, iniciou as suas atividades em 1963, modestamente, em salas comerciais na Quadra 510 da W3 Sul e segue fiel ao seu estatuto e compromisso com a sociedade.

A série Sextas Musicais destaca-se no cenário de Brasília e do Brasil e pode ser considerada um patrimônio imaterial da capital por sua contribuição à sociedade, às instituições e à comunidade artística. A excelência em todas as áreas em que a Casa Thomas Jefferson adquiriu ao longo de seis décadas e que agora é expandida para outras cidades no Brasil deve ser considerada, com legitimidade, típica e oriunda de Brasília para o Brasil.

 Sobre as Sextas Musicais

As Sextas Musicais são um tradicional evento de Brasília. Desde 1987, a Casa Thomas Jefferson realiza esses concertos gratuitos e com classificação indicativa livre, mantendo-se fiel à missão de conectar e transformar vidas através de gerações por meio de experiências singulares.

Desde 2020, com a pandemia do novo coronavírus, a Casa Thomas Jefferson adaptou as apresentações para o formato on live streaming. Com produção requintada, qualidade de captação e transmissão de som e imagem, as Sextas Musicais demonstram o compromisso e o respeito do centro binacional com os artistas profissionais da música que dedicam suas vidas ao estudo e à performance musical e ao público.

Prestigie!
Sextas Musicais, com público presencial e live streaming
Data: 24 de junho
Horário: 20h
Indicação: livre
 *Com público presencial no CTJ Hall, em Brasília, e transmissão ao vivo no YouTube da Casa Thomas Jefferson – https://bit.ly/3QHfTdj