Dezembro Vermelho: mitos e verdades de quem vive com HIV

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A falta de informação pode, literalmente, ser fatal. Embora essa afirmação pareça um tanto quanto dramática, ela é muito verdadeira, sobretudo quando diz respeito aos cuidados com a saúde — afinal, quanto mais sabemos sobre uma doença, mais ferramentas temos para combatê-la.

Por isso, alguns meses do ano são dedicados à conscientização sobre graves enfermidades. Como é o caso do Outubro Rosa, do Novembro Azul e do Dezembro Vermelho.

O Dezembro Vermelho, tema deste post, é voltado exclusivamente ao combate do vírus HIV (vírus da imunodeficiência humana) e da AIDS (a síndrome da imunodeficiência adquirida). Desse modo, vamos trazer os mitos e verdades de quem vive com HIV.

Essas ainda são questões permeadas por uma série de mitos e preconceitos e que, até os dias atuais, trazem sérias consequências para a vida dos pacientes acometidos.

Por isso, conversamos com a Dra. Denise Lara Oliveira Muniz Santos, ginecologista do Hospital Santa Clara; Ela irá falar sobre o Dezembro Vermelho: mitos e verdades de quem vive com HIV.

O que é o Dezembro Vermelho?

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil teve um aumento de 21% no número de infecções pelo HIV desde 2010. Diante da alta nos índices de pessoas acometidas pelo vírus, o Governo Brasileiro criou o Dezembro Vermelho.

Com a aprovação da lei n° 13.504, em 7 de novembro de 2017, instituiu-se uma campanha nacional de conscientização contra o vírus e a doença. A medida tem o objetivo de levar informações à população, por meio de propagandas, atividades e palestras informativas.

Desse modo, o foco é fazer com que as pessoas compreendam a importância da prevenção e saibam como funciona o tratamento para essa infecção. Além disso, a campanha visa a diminuir o preconceito em torno dos portadores do HIV, que são constantemente marginalizados e pouco compreendidos.

“Além de se prevenir, todas as pessoas com vida sexual ativa devem fazer o exame para detecção de HIV. Isso porque a detecção precoce e o tratamento devem ser iniciados o quanto antes para que o paciente consiga evitar o desenvolvimento da infecção e continuar mantendo uma qualidade de vida como antes”, explica a ginecologista.

É verdade que a AIDS e HIV são a mesma coisa?

Mito. Primordialmente HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana, causador da Aids. Sendo assim, nos primeiros anos da doença a pessoa convive com o vírus sem ter manifestações dela.

Como o vírus ataca o sistema imunológico, principalmente as células CD4, as defesas ficam baixas e deixam o organismo vulnerável a diversas doenças. Desse modo, as pessoas que vivem com a Aids têm o estágio mais avançado da doença, que ataca o sistema imunológico e é causada pelo vírus do HIV.

A Aids só pode ser transmitida através do sangue ou contato sexual?

Mito. A forma de contágio do HIV se dá por meio da troca de fluidos corporais como, por exemplo, sangue, sêmen, secreções vaginais e leite materno. Saliva, urina, lágrimas, fezes e suor são considerados fluidos não infectantes.

O contágio não acontece por meio de interações comuns como abraçar, beijar, dividir objetos ou alimentos.

Mulheres soropositivas podem engravidar sem que o vírus HIV seja transmitido?

Verdade. Atualmente o acesso universal aos antirretrovirais permite que mulheres soropositivas vivendo ou não com AIDS, possam engravidar. Assim, o mais importante é o planejamento da gravidez com o médico que realiza o acompanhamento da mulher.

Portanto, existem medidas que devem ser avaliadas para minimizar o risco para o parceiro e para diminuir as chances de transmissão para o bebê durante a gestação, no parto e pós-parto.

Todo bebê de uma mulher com HIV já nasce com o vírus.

Mito. Hoje em dia, o risco de o bebê nascer com o vírus do HIV é extremamente baixo desde que a gestante tenha feito o planejamento da gestação, pré-natal correto, seu estado imune e tenha feito o uso de antirretrovirais avaliado durante todo o processo pelo médico.

Se durante o sexo oral a pessoa tiver alguma afta ou outra ferida na boca pode contrair o vírus?

Mito. A possibilidade de transmissão do HIV em sexo oral feito em uma pessoa vivendo com HIV é muito baixa. É estimado que o risco de uma pessoa contrair HIV pelo sexo oral receptivo é de 1 em 10 mil, entretanto, a chance de contrair o HIV aumenta em caso de ejaculação na boca.

Nunca se deve esquecer que existem outras doenças de transmissão sexual que podem ser adquiridas através do sexo oral, e o uso da camisinha é muito importante na prevenção.

Posso ser infectado por usar sabonete, toalha, lençóis, talheres ou roupa íntima de uma pessoa soropositiva?

Mito. O risco existe com a troca de fluídos corporais como, por exemplo, sangue, sêmen, secreções vaginais e leite materno.

O exame de HIV detecta o vírus logo no início?

Mito, existe um período chamado de janela imunológica, geralmente nos primeiros 30 dias após o contágio.

 

Quem tem HIV não precisa usar camisinha se o parceiro também tiver o vírus?

Mito, devem usar camisinha sim. O vírus do HIV apresenta uma diversidade genética importante, tipos, subtipos e vírus recombinantes. O sexo sem proteção pode facilitar o risco de transmissão de outros subtipos, vírus resistentes, além do risco de outras doenças de transmissão sexual.

É possível contrair o vírus através de brinquedos sexuais?

Verdade. É raro, porém, existem relatos de casos de transmissão da doença por compartilhamento de acessórios eróticos. Por último, é importante lembrar que a Aids não está relacionada à orientação sexual ou identidade de gênero.