Além do comprometimento da visão, a doença pode trazer consequências como baixa autoestima e bullying
Um estudo realizado pelo Hospital São Geraldo, ligado à Universidade Federal de Minas Gerais mostrou que o estrabismo interfere negativamente no bem-estar e na qualidade de vida durante a infância. Além do risco de lesões decorrentes das quedas constantes e a dificuldade de aprendizado causado pelo comprometimento da visão, a doença pode trazer consequências como baixa autoestima e bullying. A pesquisa serve como alerta, principalmente, no “Setembro Amarelo”, mês em que ocorre a campanha nacional de prevenção ao suicídio.
De acordo com o oftalmologista geral e pediátrico, Rodrigo Fernandes, o estrabismo pode resultar em uma série de dificuldades emocionais, principalmente relacionadas à autoestima e aceitação nos ambientes que frequentam. “A criança estrábica, como qualquer pessoa que tenha alguma característica diferente do convencional acaba sendo estigmatizada. Com isso, as chances de sofrer bullying vindo de outras crianças podem ser maiores, principalmente na escola”, alerta o médico.
Diagnóstico e tratamento devem começar cedo
Até os seis primeiros meses de vida, é normal que o bebê não consiga controlar muito bem o movimento dos olhos, levando a um quadro que os oftalmologistas chamam de estrabismo intermitente. Ou seja, a falta de coordenação aparece de vez em quando, mas depois some naturalmente.
“Após os seis meses, a criança precisa ser capaz de manter um bom paralelismo ocular. Nesses casos, quando o estrabismo intermitente continua acontecendo ou o desalinhamento entre os olhos se torna frequente, é necessário buscar ajuda de um profissional para uma avaliação mais criteriosa. Quanto mais cedo iniciar o tratamento melhor, pois a formação visual está em pleno vapor na infância e qualquer ocorrência pode acabar comprometendo o desenvolvimento da visão”, disse o especialista.
Sinais que merecem atenção
De acordo com o médico, o desalinhamento dos olhos costuma ser o primeiro sintoma aparente do estrabismo e já pode ser um sinal de alerta a partir dos seis meses de vida. Quedas frequentes, dificuldade para começar a andar ou o choque constante em móveis e demais objetos também são sinais que merecem a atenção dos pais.
Geralmente, é possível corrigir o estrabismo com tratamento ainda no estágio inicial do problema. “É muito importante que a família esteja atenta e ofereça todo o suporte aos pequenos durante o tratamento. Dessa forma, eles se sentirão apoiados e terão maior capacidade de não sentirem diminuídos ou excluídos, reduzindo assim o risco de quadros depressivos”, finalizou Rodrigo Fernandes.
Sobre Rodrigo Fernandes: Rodrigo Fernandes é médico oftalmologista na Olhar+ Clínica de Olhos, que fica no Uberlândia Medical Center. Ele fez residência médica na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Limeira – SP, é especialista em estrabismo e visão subnormal pela Universidade de Campinas (Unicamp). Além do Fellowship em Retina Clínica no Hospital Evangélico em Belo Horizonte – MG, atuou por 4 anos como preceptor em oftalmologia pediátrica, estrabismo e catarata no Hospital de Olhos de Aparecida de Goiânia – GO, e é reconhecido pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia – CBO.