Volta às aulas presenciais: pais devem ficar atentos ao comportamento dos filhos

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Com o confinamento, vivemos uma “epidemia de miopia”. O oftalmologista geral e pediátrico, Rodrigo Fernandes, lista os sinais que podem indicar algum problema de visão

Com o retorno das aulas presenciais, uma ação deveria constar no checklist dos pais: uma consulta de rotina ao oftalmologista. A pandemia levou a novos hábitos, como uso exagerado de telas e falta de exposição solar. O resultado foi, segundo um estudo realizado na Argentina e publicado na revista The Lancet, um aumento de 40% na progressão da miopia infantil entre 2019 e 2020.

“Nossas crianças estão vivendo ao ar livre muito menos hoje do que antes da pandemia. Isso prejudica a liberação de dopamina na retina, responsável pelo crescimento ocular e consequente miopia. Com a volta às aulas presenciais, é preciso avaliar se houve alguma consequência, a fim de evitar prejuízos no aprendizado”, afirma Rodrigo Fernandes, oftalmologista geral e pediátrico.

O check-up é indicado porque o desenvolvimento da visão se estende até os 8 anos de idade e o diagnóstico precoce é fundamental para evitar sequelas. No caso da miopia, ela pode aumentar o risco de glaucoma, catarata e descolamento de retina.

Genética x ambiente

A pesquisa realizada na Argentina, da qual participaram 16 oftalmologistas, confirma: não só a genética pode levar ao desenvolvimento da miopia. “O ponto mais importante é a falta de atividades outdoor e exposição solar, mas o uso demasiado de eletrônicos e o hábito de ler com muita frequência também aumentam a propensão à miopia”, afirma Rodrigo Fernandes.

Os principais problemas na visão em crianças são erros refrativos, como a miopia, hipermetropia e astigmatismo, além de estrabismo e ambliopia (visão preguiçosa).

Sinais e sintomas

Segundo o oftalmologista, os pais podem identificar alguns sinais que indicam baixa visão. São eles:

  • Dores de cabeça e nos olhos
  • Dificuldade de enxergar de longe (a criança fica muito perto da TV, por exemplo, ou evita fazer atividades que forcem as vistas)
  • Incômodo com a luminosidade
  • Apertar muito os olhos para enxergar
  • Cair com muita frequência
  • Piscar e coçar os olhos sem explicação

“Os pais também podem brincar de pirata: tampar um dos olhos e depois o outro para avaliar se a criança enxerga igual dos dois lados. E se houver atrasos relevantes na escola, é imprescindível buscar um oftalmologista. O ideal, portanto, é prevenir: fazer a consulta antes da volta às aulas presenciais”, conclui o médico.

Sobre Rodrigo Fernandes

Rodrigo Fernandes é médico oftalmologista na Olhar+ Clínica de Olhos, que fica no Uberlândia Medical Center. Ele fez residência médica na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Limeira – SP, é especialista em estrabismo e visão subnormal pela Universidade de Campinas (Unicamp). Além do Fellowship em Retina Clínica no Hospital Evangélico em Belo Horizonte – MG, atuou por 4 anos como preceptor em oftalmologia pediátrica, estrabismo e catarata no Hospital de Olhos de Aparecida de Goiânia – GO, e é reconhecido pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia – CBO.