Especialista comenta sobre o medo da opinião alheia nas redes sociais

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Adriana Drulla destaca o que é o FOPO e como as pessoas podem reagir ao medo que ganha cada vez mais força na internet

Você já ouviu falar em FOPO? O psicólogo americano Michael Gervais  batizou como FOPO o medo da opinião dos outros (fear of other people’s opinion, em inglês). Esse medo é irracional e faz com que as pessoas deixem de agir de acordo com seus valores e crenças.

Nas redes sociais, o FOPO tem adquirido ainda mais força com a cultura do cancelamento e o medo que as pessoas passaram a ter de fazer postagens, por insegurança em relação à opinião alheia. Considerando que o Brasil é o segundo país do mundo que passa mais tempo contectado à internet, segundo a Hoopsuite e a We Are Social, esse tipo de síndrome preocupa. De acordo com o Comitê Gestor da Internet no Brasil passamos 9 horas e 14 minutos todos os dias na frente das telas – principalmente na do celular.

Mestre em Psicologia Positiva, Adriana Drulla destaca que diversas pesquisas mostram que o nosso cérebro realmente é programado para se importar com a opinião do outro. Somos sensíveis a sinais de desaprovação, mas nem sempre a nossa percepção a respeito do julgamento do outro é correta. Tendemos a errar pra mais, ou seja, é comum acharmos que somos mal vistos mesmo quando isso não é verdade. Quando julgamos que a opinião é desfavorável, nos sentimos mal sobre nós mesmos. E esse sistema funciona tanto no momento da interação com o outro, como quando imaginamos uma futura interação ou lembramos sobre uma interação anterior.

“Isso que um dia foi uma vantagem evolutiva, hoje mais atrapalha do que ajuda. Há milhares de anos, sermos bem vistos por todos com quem convivíamos era extremamente importante, afinal vivíamos em pequenas tribos e precisávamos que os outros cuidassem de nós, às vezes arriscando a própria vida. Hoje, nos comunicamos com milhares de pessoas, mas não dependemos diretamente de todos com quem nos comunicamos, especialmente nas redes sociais. No fim da contas, nossa real rede de apoio é pequena, até menor que antigamente”, completa a especialista.

Adriana reforça ainda que a dor da rejeição social no cérebro humano é equivalente à dor física. Mas as reações dos outros ao nosso respeito dizem mais sobre o outro do que sobre nós. “A ideia é: o sociômetro funciona independente da sua vontade e certa hora você será pego. Mas uma vez que você percebe isso, pode deliberar se aquela avaliação específica tem valor para você. Ou seja, se importar é automático, mas continuar se importando é opcional”, aponta Adriana Drulla.