Para o médico endocrinologista e especialista em emagrecimento, Rodrigo Bomeny, uma das causas é não estar ciente dos verdadeiros motivos que impulsionam a mudança de hábito
Demorar para adotar uma dieta e começar e largar uma estratégia de restrição alimentar – o que causa o famoso efeito sanfona – são problemas comuns de quem decide emagrecer. Ambos são maneiras de procrastinar as mudanças de estilo de vida que levarão à perda da gordura indesejada e à melhora de saúde. O médico endocrinologista e especialista em emagrecimento, Rodrigo Bomeny, discorre sobre as razões pelas quais procrastinamos e sugere algumas estratégias para driblarmos estes obstáculos. As explicações fazem parte do Você+, método de acompanhamento multidisciplinar, desenvolvido por Bomeny, que foca no desenvolvimento de 5 Níveis considerados essenciais para a mudança do estilo de vida e emagrecimento.
Inicialmente, Bomeny destaca a relação entre procrastinação e motivação. De acordo com o médico endocrinologista, sem a motivação é impossível implementar qualquer mudança e para encontrá-la é preciso explorar três etapas: a primeira é encontrar um objetivo desafiador. “Ele precisa gerar entusiasmo”, diz. A segunda consiste na visualização do caminho a seguir. “Dificilmente, haverá clareza total do percurso, mas é importante ter uma ideia dele”, pondera. A terceira e última etapa passa pela confiança. “Você precisa acreditar que é capaz de alcançar seu objetivo”, afirma.
Dito isso, o especialista em emagrecimento aponta a primeira causa da procrastinação: não estar ciente dos verdadeiros motivos que te impulsionam a agir. “Muitos, por exemplo, não sabem porque desejam emagrecer. Normalmente a dor os impulsiona; a dor física, por alguma limitação ou doença, ou a dor emocional, de se sentir discriminado”, explica. Mas a dor não dura. Assim que o objetivo é alcançado, costuma-se perder esse estimulo e o risco de regredir é grande. Conforme Bomeny, o motor da ação necessita ser um fator positivo (propósito), atrelado a reais valores e necessidades. Uma dica é prestar atenção nas emoções. “Elas servem como um holofote iluminando o que se está negligenciando com o estilo de vida atual”, diz.
O segundo fator é a falta de incentivo. “Talvez você não valorize o resultado que irá obter suficientemente para agir”, diz Bomeny. E para que haja essa valorização, novamente, é essencial saber os verdadeiros motivos das mudanças que deseja implementar. No caso da dieta, por exemplo, é comum o dilema entre o prazer imediato (o que eu desejo comer) e a recompensa futura (o que eu devo fazer para alcançar meu objetivo). Desse modo, conforme o especialista em emagrecimento, é necessário ter muita firmeza sobre porque deseja emagrecer, para que as negativas em relação às tentações de furar a dieta sejam proferidas com confiança e sentidas sem culpa.
A terceira razão é não identificar os riscos da procrastinação. Quando não se tem isso muito evidente acaba-se por acreditar que mudar ou não é indiferente. Uma maneira eficaz de contornar esta situação é comprometer-se consigo mesmo e com as pessoas ao redor. Filhos de pais obesos têm muito mais risco de apresentarem o mesmo problema. A obesidade é fator de risco para várias doenças crônicas, como hipertensão e diabetes. De acordo com Bomeny, estar ciente destes efeitos nocivos pode ser um grande estímulo para adotar rapidamente um novo estilo de vida. “Se você não vê as consequências, não as valoriza e, na prática, subestima seu próprio futuro”, sentencia.
O quarto fator determinante está atrelado ao terceiro. Trata-se da presunção de que sempre haverá tempo de sobra para promover mudanças. “Ao procrastinar, assume-se que o eu futuro tem todo o tempo do mundo, o que não é verdade”, diz Bomeny. O que fica muito claro quando se pensa em perda de gordura. Segundo o médico endocrinologista, ao tomar tal atitude, a pessoa acaba por desvalorizar as próprias perspectivas (de saúde) e a si mesmo. Nesse sentido, deve-se investir nas escolhas do presente, para que o futuro seja mais valioso.
Falhar no planejamento é o quinto motivo. O médico endocrinologista explica que não antever o próximo passo a ser dado é uma das principais razões que geram o abandono dos novos hábitos. “Planejar à noite o que irá fazer de manhã pode ser essencial para uma maior produtividade”, diz. Por sua vez, o abalo emocional e o cansaço físico são dois dos principais fatores que atrapalham o planejamento.
A falta de confiança no caminho a seguir é a sexta causa da procrastinação. De acordo com Bomeny, uma das formas de obter motivação e esperança para persistir na busca de seus objetivos é obter conhecimento a respeito daquilo que tanto almeja. “Não é simplesmente seguir o cardápio alimentar, mas entender o impacto positivo e negativo do alimentos no seu corpo”, destaca. Desse modo, a meta começa a fazer mais sentido para a pessoa, que se torna verdadeiramente parte do processo e responsável pela própria saúde. “Quanto mais séria e comprometida a pessoa estiver com o próprio futuro, mais certa do caminho que está seguindo ela ficará”, afirma.
A sétima e última razão está intimamente relacionada à força de vontade. Nela, simplesmente a pessoa se recusa a seguir determinadas e necessárias etapas do processo. No caso do emagrecimento, por exemplo, muitos não gostam de fazer exercício físico. Outros não conseguem e se negam a aprender a cozinhar e planejar cada refeição. Conforme o médico endocrinologista, a solução destes empecilhos se encontra em pequenos estratagemas. No que diz respeito ao ato de cozinhar, a pessoa pode delegar a tarefa, no que se refere à atividade física, buscar ajuda de um profissional e comprometer-se com ele fará toda a diferença.
Em relação a este último item, Bomeny oferece uma valiosa dica: se está difícil realizar determinadas tarefas, divida-as em tarefas menores. “São ações pequenas demais para serem ignoradas em momentos nos quais a motivação está escassa, o que torna bem mais provável a sua realização no dia a dia”, conclui.