Dezembro Laranja: dermatologista orienta cuidados antes de procedimentos estéticos

Peelings, lasers e tatuagens exigem cuidado prévio para não mascarar lesões suspeitas. Dermatologista explica como unir beleza e saúde da pele com segurança

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Cada vez mais presentes na rotina de autocuidado, os procedimentos estéticos como peelings e lasers ajudam a realçar a beleza da pele, mas, quando realizados sem uma avaliação dermatológica prévia, podem atrasar o diagnóstico de lesões suspeitas. O alerta é da Paula Salomão, dermatologista cooperadora da Unimed-BH, em sintonia com o Dezembro Laranja, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de pele.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), é estimado o registro de cerca de 220 mil novos casos de câncer de pele no Brasil em 2025, o equivalente a 30% dos tumores malignos no país, sendo o tipo de maior incidência. Quando a doença é detectada precocemente, as chances de cura ficam acima de 90%, o que reforça a importância de estética e saúde da pele serem tratadas como parte do mesmo cuidado.

“Na rotina do consultório, observamos que alguns procedimentos estéticos podem sim mascarar sinais iniciais do câncer de pele”, relata Paula Salomão. Segundo a médica, peelings, lasers fracionados e luz intensa pulsada podem causar vermelhidão, crostas, descamações e essas reações são normais nesses procedimentos.

O problema surge quando uma alteração não é identificada antes do tratamento estético e, depois, é confundida com um efeito esperado do procedimento. Como exemplos, ela cita uma mancha que aumenta, uma crosta que não melhora e permanece como ferida, sangramento contínuo ou uma área que coça muito e machuca com facilidade, mesmo após pequenos traumas.

“Esses sintomas podem indicar queratoses actínicas, que são lesões pré-malignas, ou até mesmo um melanoma inicial. Qualquer reação que foge do padrão esperado deve ser avaliada rapidamente por um dermatologista. No final das contas, é sempre melhor investigar cedo do que perder um tempo precioso na avaliação. Se tem uma coisa que conta na cura do câncer de pele, de todos os tipos, é a detecção precoce”.

A médica reforça a importância de, ao escolher um tratamento estético para a pele, buscar locais com profissionais treinados e protocolos bem definidos. Ela também orienta evitar procedimentos mais agressivos em períodos de maior exposição solar, para prevenir complicações como manchas escuras pós-inflamatórias.

Tatuagens também merecem atenção
Assim como ocorre com peelings e lasers, a avaliação dermatológica prévia também é recomendada para quem pretende fazer tatuagem, orienta Paula Salomão. “Quando cobrimos uma grande área com pigmentos escuros, especialmente os pretos e azulados, dificultamos a avaliação dos nevos e manchas”, explica.

A médica lembra que pintas podem mudar ao longo do tempo e que o pigmento pode reduzir a visibilidade dessas alterações e dificultar a análise pela dermatoscopia, exame que ajuda a diferenciar lesões benignas de suspeitas. Essa atenção é especialmente importante no caso do melanoma, tipo mais agressivo de câncer de pele, que pode se manifestar como mancha escura ou como mudança em uma pinta.

De acordo o Ministério da Saúde, o melanoma representa apenas 3% dos casos de câncer de pele, mas responde pela maioria das mortes devido à sua agressividade e potencial metastático (disseminação do câncer para outros órgãos).

“Oriento sempre, antes de tatuar, fazer uma avaliação dermatológica completa e evitar usar tintas por cima das pintas. Assim, a pessoa pode fazer a tatuagem tranquilamente, sabendo que a pele foi examinada e que as pintas importantes estão em locais visíveis para acompanhamento futuro. É uma questão de prevenção, não de contraindicação.”

Sobre o Dezembro Laranja
Com o objetivo de incentivar a população na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de pele, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) lançou, em 2014, o movimento Dezembro Laranja.

Para a dermatologista Paula Salomão, a campanha existe para reforçar que prevenção é o caminho mais eficaz. Usar protetor solar diariamente, buscar sombra, adotar roupas com proteção UV, óculos escuros e chapéu, além de evitar exposição prolongada, especialmente entre 10h e 16h, são medidas fundamentais para a saúde da pele.

“Evitar queimaduras solares já é um bom começo para prevenir pelo menos os tipos mais graves de câncer de pele. As pessoas se preocupam muito com a estética, mas vale reforçar que a pele realmente bonita é a pele saudável, que foi protegida, bem hidratada, que teve proteção adequada do sol. Uma coisa leva à outra.”