A endometriose severa é a forma mais avançada da doença. Ela ocorre quando o tecido semelhante ao endométrio se espalha profundamente pela pelve e invade órgãos como intestino, bexiga e ligamentos pélvicos. Isso provoca dor intensa, ciclos incapacitantes e risco aumentado de infertilidade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 190 milhões de mulheres no mundo vivem com endometriose — um dado que demonstra a relevância do tema e o impacto global da condição.
Para casos complexos, a cirurgia muitas vezes é necessária. E, nesse cenário, de acordo com a ginecologista Dra. Maria Cecília Ribeiro de Sá, especialista em cirurgia robótica ginecológica no ICR.T, a cirurgia robótica tem ganhado destaque.
Precisão e visão 3D: vantagens decisivas
A cirurgia robótica se diferencia pela combinação de visão ampliada e movimentos delicados. “O sistema robótico oferece visão 3D, muito mais apurada para avaliar lesões pequenas e difíceis de visualizar”, afirma a especialista.
Ela explica que isso faz diferença especialmente na endometriose severa, que costuma atingir regiões profundas e de acesso limitado. “A precisão dos braços do robô permite movimentos mais estáveis e delicados, sem tremores involuntários. Isso dá segurança para retirar lesões profundas com maior controle”, completa.
Além disso, a ergonomia do console robótico reduz o desgaste do cirurgião. “Mesmo em procedimentos longos, a tecnologia diminui a fadiga. E isso também reduz riscos”, destaca.
Menos riscos e menos dor após o procedimento
A robótica também reduz complicações quando comparada à laparoscopia convencional. “Temos menos risco de sangramento e menor possibilidade de lesionar estruturas saudáveis, porque a visão é mais acurada e os movimentos são mais precisos”, explica a médica.
Essa delicadeza no manuseio dos tecidos impacta diretamente o pós-operatório. “A dor costuma ser menor porque há menos trauma tecidual e menos lesões desnecessárias”, afirma. O resultado é uma recuperação mais rápida e confortável, com retorno precoce às atividades.
Preservação da fertilidade e redução de aderências
Um dos maiores desafios da endometriose severa é a preservação da fertilidade. E a cirurgia robótica contribui nesse ponto. “A tecnologia permite menor injúria aos ovários, às trompas e ao útero. Isso reduz sangramento, diminui o trauma e evita aderências”, afirma Dra. Maria Cecília.
Segundo ela, a remoção completa das lesões profundas também melhora o prognóstico reprodutivo. “Quanto mais precisa é a ressecção, menores são as chances de recorrência e melhor é a preservação das estruturas que precisam ser mantidas”, observa.
Um avanço que transforma vidas
A endometriose severa exige diagnóstico preciso e tratamento especializado. A cirurgia robótica oferece segurança, visão aprimorada e precisão — três pilares essenciais para lidar com casos complexos.
“A tecnologia trouxe um salto de qualidade no cuidado com a paciente. Conseguimos reduzir dor, diminuir riscos e proporcionar uma recuperação melhor. Isso muda a vida de muitas mulheres”, conclui.



