O ator e diretor Fernando Neves (75), integrante do grupo Os Fofos Encenam de São Paulo (SP) é o convidado do Grupontapé, cia. de teatro de Uberlândia, para dividir palco com as atrizes e cofundadoras do grupo, Kátia Bizinotto e Katia Lou, na nova temporada do espetáculo “As Centenárias”, que continua em cartaz neste final de semana, dias 10, 11 e 12 de outubro, com entrada gratuita. As apresentações acontecem às 20 horas (sexta e sábado) e às 19 horas (domingo), na Rua Tupaciguara, 471, bairro Aparecida. Os ingressos podem ser reservados por meio da plataforma Sympla e retirados uma hora antes do espetáculo.
No último sábado, após a apresentação da peça, que está em cartaz desde o final de setembro e continuará nos dias 13, 18 e 19 de outubro, Fernando Neves, que tem mais de 50 anos de atuação no teatro, celebrou o aniversário de 75 anos e dividiu o momento com o elenco e o público, que cantaram parabéns ao artista. “Foi um momento muito especial. Sou muito bem tratado por aqui. É um carinho sem fim”, comenta o ator.
Trajetória e contribuição ao teatro popular
Fernando Neves é diretor teatral, ator, coreógrafo e bailarino. Descendente de família circense, aprendeu as artes cênicas no circo, experiência que o levou a ser pesquisador sobre a estética do circo-teatro, linguagem que ajudou a consolidar no país.
Como ator, Fernando Neves participou de dezenas espetáculos, desde 1977, e já esteve sob a direção de nomes como Marcio Aurelio, Gabriel Villela, William Pereira, Francisco Medeiros, Maurice Vaneau, Carlos Alberto Soffredini e Marco Nanini.
Na televisão, Fernando Neves atuou em novelas. Na TV Record, teve seu nome no elenco da produção “Cidadão Brasileiro” e no SBT em “Os Ricos Também Choram”, “Maria do Bairro”, “As Pupilas do Senhor Reitor” e “Chiquititas”.
Entre os prêmios que recebeu estão o Governador do Estado (1988), como melhor ator por Lampião e Maria Bonitinha no Reino do Divino; o Festivale, como melhor diretor por A Mulher do Trem; e o Prêmio Qualidade Brasil (2004), como melhor ator em Assombrações do Recife Velho e o APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte pelo projeto Baú da Aretusa, no qual montou cinco peças de gêneros diferentes.
Atuação em As Centenárias
Depois de sete anos longe dos palcos, Fernando Neves teve a oportunidade de voltar a atuar. O convite para fazer parte do espetáculo “As Centenárias” foi feito pelo Grupontapé. Para o ator, um presente. “Poder viver sete personagens, após sete anos fora dos palcos, foi emocionante. Sem falar que contraceno com atrizes maravilhosas e pessoas de primeira classe. Não tinha como não aceitar vir pra cá. Graças a Deus eu aceitei e está sendo muito lindo”, comenta o ator.
Fernando Neves é parceiro de caminhada profissional do autor da peça “As Centenárias”, Newton Moreno, e da diretora Cris Lozano, e foi convidado para preparar o elenco, no final de 2024. Segundo ele, a sintonia entre todos envolvidos no espetáculo foi perfeita. “Poder voltar aos palcos com um texto do meu amigo Newton Moreno, com a direção de Cris Lozano, grande parceira profissional, somado à alegria de estar em cena com duas atrizes fantásticas, Kátia Bizinotto e Katia Lou, é uma lista de prazeres, cujo resultado só poderia ser maravilhoso. Eu digo que o palco é o “raio x” da coxia. O público sente a energia da sintonia entre todos os profissionais envolvidos”, comenta.
A contribuição técnica
Fernando Naves imprimiu na peça “As Centenárias” a técnica de mais de 20 anos de pesquisa. O circo-teatro é uma linguagem que se originou da experiência do pesquisador, mas que ficou adormecida por anos. “Eu estava no meio acadêmico, cursando Letras na USP, onde também cursei Teatro Brasileiro, que fazia parte da cadeira de Literatura Brasileira. Quem ministrava o curso era o Dr. Décio de Almeida Prado, que fez parte da geração que renovou o Teatro Brasileiro na década de quarenta. Para essa geração de intelectuais, tudo que foi realizado nos circos, nos teatros de revista e de comédia (as formas populares), não era bem aceito, pois não viam nestas formas valor artístico. Foi aos 52 anos de idade que resolvi dar luz a essa teoria. Foquei no que era importante e comecei a pesquisar”, conta.
Segundo explica Fernando Naves, o circo é popular, e o circo-teatro é uma técnica popular. “Chamamos de teatro de máscara. Nessa linguagem cênica, fazemos composições. Não tem uma base psicológica, onde tem o drama do personagem. Quando a plateia vê o personagem, seu figurino já o identifica, ou seja, é o trabalho do ator sem psicologismo. É um trabalho épico de composição, que conecta com as pessoas. É diferente do teatro realista que vai se revelando aos poucos. E tudo isso vem do circo”, explica.
A peça
O espetáculo, escrito por Newton Moreno e dirigido por Cris Lozano, apresenta Socorro e Zaninha, duas mulheres centenárias que trabalham como carpideiras e conduzem rituais de despedida. A montagem reúne música, prosa e elementos da cultura popular, propondo uma reflexão sobre a vida e o convívio humano.
“As Centenárias” cria um encontro divertido e comovente sobre vida, morte, amizade e a resistência feminina, sempre com um toque de humor que aproxima e aquece. “É uma peça que dialoga profundamente com o público, porque trata de experiências universais, presentes no cotidiano de todos nós”, destaca a atriz e cofundadora do Grupontapé, Katia Lou.
Ao lado das atrizes e cofundadoras do grupo, Kátia Bizinotto e Katia Lou, Fernando Neves interpreta sete personagens e engrandece ainda mais essa montagem, que celebra memória, afeto e a força das mulheres que transformam o luto em poesia.
Para Kátia Bizinotto, dividir o palco com Fernando é um presente. “Ele traz uma vivência e uma compreensão do teatro popular que dialogam diretamente com o trabalho do Grupontapé”, afirma.
Acessibilidade
Todas as apresentações de “As Centenárias” contam com interpretação em Libras.
O projeto tem patrocínio do Instituto Unimed Uberlândia e do Mercure Hotels, com incentivo do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC) da Prefeitura de Uberlândia.
Serviço
Espetáculo: As Centenárias
Quando: 10, 11 e 12 de outubro de 2025 (sexta, sábado e domingo)
Horários: sextas e sábados às 20h | domingos às 19h
Local: Escola Livre do Grupontapé – Rua Tupaciguara, 471, Bairro Aparecida
Ingressos: gratuitos, por meio do Sympla e distribuídos uma hora antes das apresentações
Informações: WhatsApp (34) 3231-2412 | Instagram @grupontape