Com a crescente demanda por mão de obra qualificada e os desafios de contratar equipes consistentes e qualificadas ao longo das obras, o setor da construção civil tem voltado sua atenção para estratégias de valorização de profissionais. A iniciativa reflete uma mudança de postura no setor, que passa a enxergar a qualificação e o bem-estar do trabalhador como pilares fundamentais para a sustentabilidade dos projetos e a produtividade das equipes.
Em todo o país, a falta de mão de obra continua sendo um dos principais entraves para o setor da construção civil no Brasil. De acordo com a Sondagem da Construção, levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), 82% das empresas do segmento enfrentam dificuldades na contratação de novos trabalhadores.
O levantamento mostrou que em março de 2025, o déficit profissional da construção civil atingiu o maior nível em mais de uma década. Entre as empresas de serviços especializados, 70% relataram dificuldades para encontrar profissionais disponíveis no mercado, o maior índice desde o início da série histórica, em julho de 2010.
Uberlândia registra atualmente cerca de 52 canteiros de obras voltados para empreendimentos de médio e alto padrão. Entre as empresas com maior presença no setor, a Perplan Incorporação se destaca com cinco obras em andamento na região Sul.
De acordo o engenheiro civil do Nuage Altamira, empreendimento vertical da Perplan, Reges Veludo, cerca de 95% da mão de obra especializada utilizada é terceirizada. Para garantir a entrega dentro do prazo e manter o padrão de qualidade que os clientes merecem é preciso investir em pessoas. “Temos investido em capacitação técnica, melhoria das condições de trabalho e planos de desenvolvimento contínuo como forma de garantir a qualidade das entregas e valorizar esses profissionais que fazem a diferença no dia a dia da obra. Principalmente nas etapas mais técnicas e delicadas, como os acabamentos. Buscamos construir um time comprometido com a excelência”, conta Veludo.
Somente no Nuage Altamira, edifício de 22 andares em construção no bairro Altamira, são mobilizados, em média, 100 trabalhadores para um trabalho que durará em média 30 meses. Nas cinco obras da Perplan são mais de 400 colaboradores atuando, entre pedreiros, serventes, carpinteiros, eletricistas, encanadores, arquitetos, engenheiros civis, entre outros. Reges explica que a composição da equipe é dinâmica, com profissionais fixos e rotativos, conforme a etapa da obra. “À medida que concluímos determinadas fases, como a concretagem, esses colaboradores são direcionados para outros canteiros que demandam essa especialidade. Ao mesmo tempo, novos profissionais entram, como os azulejistas, que assumem os acabamentos nesta fase da construção”, afirma o engenheiro.
Segundo Antônio Borges, Presidente do Sinduscon-TAP, a entidade atua de forma estratégica apoiando os empresários da construção civil na contratação de mão de obra. “Por meio da negociação de convenções coletivas, oferecemos segurança jurídica e estabilidade nas relações trabalhistas. Também promovemos cursos de qualificação e gestão em parceria com o Senai, Sebrae Minas e instituições afins, e facilitamos a intermediação de mão de obra por meio de bancos de currículos e parcerias com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Sine Uberlândia. Além disso, organizamos eventos técnicos, publicamos materiais e informativos que auxiliam na gestão de mão de obras no setor. Nosso compromisso é contribuir com a profissionalização do setor e a eficiência das empresas associadas”, explica.