Com a chegada do recesso escolar de julho, especialistas alertam para a importância de as famílias se programarem para passar mais tempo de qualidade com os filhos — especialmente longe das telas. Após um primeiro semestre marcado pela adaptação das escolas à nova lei que restringe o uso de celulares no ambiente escolar, o período de férias representa uma oportunidade importante para dar continuidade ao uso consciente da tecnologia também dentro de casa.
A exposição excessiva às telas já é amplamente reconhecida como prejudicial ao desenvolvimento cognitivo, emocional e social de crianças e adolescentes. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o uso descontrolado de dispositivos digitais pode acarretar distúrbios do sono, atrasos na linguagem, irritabilidade, redução da empatia e até prejuízos na formação de vínculos afetivos.
Do ponto de vista da neurociência, estudos demonstram que a superexposição às telas altera áreas importantes do cérebro em desenvolvimento. Uma pesquisa publicada no JAMA Pediatrics aponta que crianças que passam mais de duas horas por dia em frente a dispositivos digitais apresentam desempenho inferior em testes de linguagem e cognição. Além disso, a dopamina liberada pelo uso contínuo de aplicativos e jogos pode criar um padrão de comportamento viciante, prejudicando a autorregulação emocional e o foco.
Nesse contexto, as escolas, que neste ano se empenharam em readequar suas rotinas à nova legislação, esperam contar com o apoio das famílias para garantir uma relação equilibrada com os eletrônicos também durante o recesso. “O que se aprende na escola precisa ser reforçado em casa. As férias são uma chance preciosa de criar memórias afetivas, promover a criatividade e fortalecer os vínculos familiares por meio do convívio real e das interações presenciais”, afirma a especialista em neurodesenvolvimento infantil e seus transtornos, Esther Guimarães, que também é fundadora e diretora da Escola da Cidade, em Uberlândia.
Dicas de atividades e passeios para as férias:
- Organizar piqueniques em parques e áreas verdes da cidade;
- Incentivar a leitura compartilhada ou contação de histórias em família;
- Visitar museus, bibliotecas, centros culturais e feiras locais;
- Promover jogos de tabuleiro, pintura, culinária ou jardinagem em casa;
- Estabelecer uma rotina diária com momentos de convivência e conversas significativas.
Férias são, acima de tudo, uma oportunidade de desacelerar e reconectar. Com envolvimento e presença ativa, as famílias podem transformar esse tempo livre em um espaço fértil para o desenvolvimento saudável dos filhos — longe das notificações e perto do que realmente importa.