Após quase dois anos do reencontro com a família, paciente retorna ao Hospital Madrecor e revive história

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Paciente, que recebeu a ajuda da equipe de enfermagem do hospital para localizar a família que não via há 35 anos, volta à unidade e emociona profissionais que participaram do reencontro.

O reencontro com a família, após mais de três décadas de afastamento, marcou a vida de Inácio Limeira da Silva, hoje com 64 anos, e também a história do Hospital Madrecor, que faz parte da rede de atendimento da Hapvida, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. No dia 14 de maio deste ano, quase dois anos após o emocionante episódio registrado em outubro de 2023, o paciente retornou à unidade hospitalar e reencontrou os profissionais que protagonizaram um dos momentos mais emocionantes já vivenciados na instituição.

Natural de Nova Granada-SP, Inácio havia perdido completamente o contato com os irmãos desde que se mudou, ainda jovem, para o estado de Goiás. A vida seguiu solitária até que, em 2023, ele sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e foi transferido para o Hospital Madrecor, onde sua história começou a mudar. Sem acompanhantes e sem informações familiares, Inácio despertou o olhar atento e sensível da equipe de enfermagem. Foi a partir de conversas, trocas de memórias e muito empenho, que os profissionais do Madrecor localizaram duas irmãs do paciente – Iracy e Iraí – e proporcionaram o reencontro.

Agora, em 2025, o retorno de Inácio ao hospital trouxe à tona todas as lembranças: o abraço, o reconhecimento mútuo e as lágrimas. “Foi como reviver tudo de novo. Quando ele chegou e nos reconheceu, a emoção tomou conta. Ele é parte da nossa história”, relata a gerente de enfermagem do Madrecor, Érica Lopes.

Ela ressalta que a trajetória de Inácio marcou profundamente todos os envolvidos: “Ninguém vai esquecer dessa história. Pode passar dois, quatro, dez anos… Todos nós vamos lembrar do Sr. Inácio e do esforço que a equipe fez para que tivesse um final feliz”.

Para a coordenadora de enfermagem, Milani Moreira, essa entrega da equipe de enfermagem é o que dá sentido à profissão. “Lidamos com muitas situações difíceis, mas proporcionar esse reencontro foi como escrever um novo capítulo na vida dele e na nossa também”.

Uma história que transcende o cuidado clínico
O reencontro de 2023 envolveu não apenas a recuperação física de um paciente grave, mas também o resgate de sua história e identidade. “Ele chegou sem conseguir falar, acamado, sem pertences, triste e calado. Quando perguntamos sobre a família, ele não dizia nada. Mas algo nos dizia que ele não estava sozinho no mundo. Aos poucos, com o apoio da equipe, ele foi lembrando nomes, apelidos. E nós começamos a busca”, conta a técnica de enfermagem responsável pelo início da investigação, Carla Batista.

A equipe criou um perfil em redes sociais, buscou parentes, cruzou informações. Até que encontraram uma das irmãs, Iraí, morando em Uberlândia. O reencontro foi cinematográfico, segundo a técnica de enfermagem. “Ela chegou quase meia-noite, perguntando desesperadamente onde ele estava. Quando entrou no quarto, ele a reconheceu pelo apelido e os dois se abraçaram. Todos choramos”, relembra.

Mas foi a irmã, que morava em Catalão-GO, Iracy Rocha, que o acompanhou até a alta hospitalar. “No outro dia, ela já estava no hospital e ficou o tempo todo com o irmão”, conta Carla Batista.

Iracy Rocha lembra que o reconhecimento do irmão veio antes mesmo do contato presencial. “Quando mandaram a foto dele, eu reconheci. E quando cheguei na UTI, ele me chamou pelo apelido, falou o nome da nossa mãe… não tive dúvidas”, conta

Recuperação e esperança
Durante a internação, Inácio reaprendeu a falar, a se alimentar e passou por um processo delicado de reabilitação. “Ele teve que reaprender tudo. Foi um processo longo, mas hoje, saber que ele toma banho sozinho, que já se levanta com mais facilidade, é uma grande vitória”, destaca o médico clínico, Heitor Bertoni, que acompanhou o caso desde o pronto-socorro. “Quando ele recebeu alta, nós sabíamos que tínhamos cumprido nossa missão”, destaca.

A infectologista que acompanhou o paciente, Camilla Resende, também relembra a jornada: “Ele chegou com complicações sérias após o AVC, e ficou cerca de 30 dias internado. Mas o que mais marcou foi a questão social envolvida. O reencontro com a família mostrou o quão importante é o nosso trabalho”.

Ao reencontrar a equipe, Inácio, de poucas palavras, emocionou-se e, além do agradecimento feito por meio de lágrimas, olhares e pausas em silêncio, pronunciou: “Estou bem hoje graças a Deus e a vocês. Ainda quero voltar aqui caminhando. Tenho esperança de poder passear, trabalhar, fazer tudo que fazia antes. Eu não queria ter passado por esta doença, mas ter conhecido pessoas tão especiais, como toda a equipe do Madrecor, marcou minha vida. Serei eternamente grato”.

A irmã de Inácio, Iracy Rocha, declara que o irmão já melhorou muito. “Posso dizer que 98% da recuperação já veio. E tudo isso graças à dedicação dos profissionais do Madrecor. Eles não cuidaram só da saúde, cuidaram da vida dele”.

O retorno de Inácio foi um reencontro com o passado, com a equipe que acreditou na força do vínculo humano e com uma nova chance de seguir em frente – agora, cercado por amor, cuidado e família.

Hapvida e a missão de humanizar
Integrante da rede de saúde da Hapvida, o Hospital Madrecor reforça, com histórias como a de Inácio, o compromisso com a humanização no cuidado.

A ação que permitiu os dois reencontros de Inácio – com a família e com a equipe do hospital – integra o Apaixonados pela Vida, programa de acolhimento da Hapvida. A iniciativa “Realizando um Sonho” busca transformar histórias, promovendo momentos de amor e cuidado nos hospitais da rede.

“Realizar o sonho do senhor Inácio foi para nós um presente. A história dele nos inspira e reforça o propósito de cuidarmos com o coração”, conclui o diretor técnico do Hospital Madrecor, Fernando Augusto Almeida.