Maio Roxo alerta para as doenças inflamatórias intestinais e a importância da alimentação saudável

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No Brasil, estima-se que mais de 300 mil pessoas convivam com doenças inflamatórias intestinais (DIIs), como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, segundo dados da Sociedade Brasileira de Coloproctologia. Essas condições autoimunes afetam diretamente o bem-estar dos pacientes e exigem cuidados contínuos, especialmente relacionados à alimentação e ao estilo de vida. Em meio à campanha Maio Roxo, voltada à conscientização sobre essas enfermidades, especialistas reforçam a importância do diagnóstico precoce, da informação e da nutrição adequada como pilares no controle das DIIs.

De acordo com o cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Madrecor, complexo hospitalar da Hapvida, em Uberlândia-MG, e mestre e doutor em Ciências da Cirurgia, Maxwel Boga, as DIIs são doenças autoimunes em que o próprio organismo ataca as células do intestino, provocando inflamações persistentes. “Isso pode causar sérias repercussões digestivas e, com o tempo, levar a complicações como obstruções, perfurações, sangramentos e aumento do risco de câncer intestinal, especialmente após anos de atividade da doença”, explica.

O especialista alerta que os sintomas são variados, podendo incluir diarreia intensa com muco ou sangue, dores e distensão abdominal, fadiga, emagrecimento e febre. “Em alguns casos, pode ocorrer comprometimento da região perianal. Diante desses sinais, a recomendação é buscar avaliação médica o quanto antes”, orienta.

O médico explica que as DII podem, ao longo do tempo, trazer sequelas graves e definitivas para o segmento gastrointestinal acometido, como estreitamentos, obstruções, sangramento e perfurações. “Além disso, aumenta consideravelmente o risco de câncer intestinal. Desse modo, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem evitar a ocorrência de complicações”.

Segundo o médico, o diagnóstico das DIIs envolve uma combinação de exames laboratoriais, tomografia e, principalmente, a realização da colonoscopia com biópsias, que permite visualizar diretamente a mucosa intestinal e identificar alterações características.

Alimentação e saúde intestinal 
Embora a causa exata das DIIs ainda não esteja totalmente explicada, acredita-se que a alimentação possa influenciar o surgimento e a evolução dessas doenças. Dietas pobres em fibras e ricas em alimentos ultraprocessados, por exemplo, podem contribuir para o agravamento do quadro. “Deve-se incentivar uma dieta saudável para um bom funcionamento do trato gastrointestinal.”

O médico explica que a ingestão de fibras e a adequada hidratação facilitam o trânsito intestinal e ajudam na prevenção de inflamações. Alimentos ricos em prebióticos (como alho, cebola, banana verde, maçã e aveia) e probióticos (como iogurte natural, kefir e alimentos fermentados) favorecem o equilíbrio da microbiota — composta por trilhões de microrganismos benéficos — essencial para funções como digestão, imunidade, metabolismo e saúde mental.

A conexão entre intestino e cérebro 
O intestino é frequentemente chamado de “segundo cérebro” devido à sua complexa rede de neurônios e à sua influência na saúde mental e física. “O sistema nervoso entérico (SNE), que controla a digestão, possui mais neurônios do que a medula espinhal e comunica-se com o cérebro por meio do nervo vago, influenciando o humor, a percepção da dor e outras funções”, explica Maxwel.

Alterações intestinais também podem afetar a saúde mental e emocional. De acordo com o especialista da Hapvida, o bom funcionamento intestinal está diretamente relacionado ao bem-estar geral. “A própria expressão popular ‘enfezado’, usada para descrever alguém irritado, remete à retenção de fezes — mostrando como essa conexão é culturalmente reconhecida”, observa.

Embora o estresse isolado não cause doenças gastrointestinais, pode agravar sintomas preexistentes devido à estreita ligação entre o sistema nervoso e o aparelho digestivo.

Sinais de alerta e prevenção 
Maxwel Boga defende que campanhas de conscientização como o Maio Roxo são fundamentais para disseminar informações e estimular o diagnóstico precoce das DIIs. “Entre os principais sinais de alerta, estão: sangue ou muco nas fezes, dor abdominal frequente, distensão, emagrecimento sem causa aparente, diarreia prolongada, vômitos persistentes e constipação”, alerta.

A adoção de hábitos saudáveis — com alimentação balanceada, ingestão adequada de água e controle do estresse — contribui significativamente para a prevenção de distúrbios intestinais e para a promoção da saúde digestiva.