Muito além do sintoma: abordagem integral para o tratamento da disfunção erétil e ejaculação precoce

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Especialista explica sobre fatores de risco, fatores emocionais e parceria para restaurar a saúde sexual e a autoestima

No Brasil, estima-se que até 20% dos homens apresentem disfunção erétil (DE) moderada a grave. Além de reduzir significativamente a qualidade de vida, relacionamentos e autoestima, a DE é fortemente associada a fatores de risco cardiovasculares — sedentarismo, obesidade, tabagismo, hiperglicemia e dislipidemias.

Por sua vez, a ejaculação precoce (EP) é a disfunção sexual masculina mais prevalente, acometendo de 20% a 30% dos homens. A EP primária inicia-se já nas primeiras experiências sexuais e persiste ao longo da vida, enquanto a EP secundária surge após períodos de ejaculação controlada, podendo estar relacionada a alterações hormonais, ansiedade ou causas orgânicas. Ambas as condições podem gerar aborrecimento, constrangimento, ansiedade e até depressão, embora muitos homens ainda não busquem ajuda por falta de informação ou receio de estigma.

A abordagem integral
Reconhecendo essa realidade, o Serviço de Urologia do Mater Dei Santa Clara adota uma visão que vai além do tratamento pontual dos sintomas, enxergando o paciente de forma integral, nas palavras do urologista Dr. Leandro Alves de Oliveira.

Para o médico, as comorbidades — hipertensão, obesidade, dislipidemias, alterações glicêmicas e hormonais — são causas orgânicas geralmente como consequência de maus hábitos. Ele explica que cada relação malsucedida abre um vazio emocional, pois o medo e a liberação de adrenalina (o mesmo hormônio envolvido no orgasmo) facilitam a ocorrência de EP e contribuem para a perda de rigidez peniana pós-ejaculação.

Por isso, a avaliação não se limita ao órgão sexual, mas inclui investigação de doenças crônicas, perfil lipídico, glicemia e níveis hormonais, bem como o impacto psicológico e o suporte da parceira ou parceiro. Esse olhar holístico, apoiado em diretrizes nacionais e internacionais, visa restaurar não apenas a função erétil e o controle da ejaculação, mas a autoestima e a qualidade das relações afetivas.

Fatores de risco e avaliação diagnóstica
A DE compartilha fatores de risco com doenças cardiovasculares — sedentarismo, obesidade, tabagismo, hiperglicemia e dislipidemias — e deve ser investigada em conjunto com a saúde geral do paciente. A avaliação básica inclui história clínica, aplicação de questionários validados, exame físico e exames laboratoriais (glicose, perfil lipídico, testosterona) para identificar fatores modificáveis.

No caso da EP, o diagnóstico baseia-se na história sexual, diferenciando-a em primária (sempre presente) ou adquirida, e considerando a percepção de controle, aborrecimento e impacto no relacionamento, geralmente precede a disfunção erétil pois é uma causa importante da de diminuição da autoestima e ansiedade,.

A DE e a EP podem afetar de maneira tal que o paciente passa a evitar ter relações para não se sentir constrangido e magoado e esse ciclo vicioso pode levar a transtornos mentais como a depressão.

Tratamentos: da farmacoterapia à parceira como sustentação no tratamento
De acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Urologia, para a DE, os inibidores de PDE5 (sildenafil, tadalafil, vardenafil) são a primeira linha, com adaptac¸a~o de dose conforme eficácia e tolerabilidade. Em casos refratários, recorrem-se a dispositivos de vácuo, injeções intracavernosas ou, em último caso, próteses penianas.

Na EP de longa duração, o tratamento baseia-se em SSRIs diários (paroxetina, sertralina, fluoxetina) ou, para uso sob demanda, dapoxetina — única medicação aprovada especificamente para EP na Europa, desde 2008. Agentes anestésicos tópicos (lidocaína-prilocaína) e técnicas comportamentais podem complementar a abordagem, especialmente para prevenir recidivas.

Dr. Leandro ressalta: “a participação da parceira no tratamento acalma, estimula e aproxima o casal. O desempenho e a cumplicidade a dois ajudam o paciente a recuperar a confiança gradualmente”. Além disso, é fundamental trabalhar a inteligência emocional para enfrentar as aflições do dia a dia — ansiedade, insônia, burnout — que também sabotam a função sexual.

Um convite ao cuidado integral
No Mater Dei Santa Clara, o paciente é acolhido por uma equipe multidisciplinar que avalia a função sexual, a saúde física e a emocional. O Serviço de Urologia convida homens e casais a buscarem orientação especializada para restaurar a função erétil e o controle da ejaculação, mas principalmente a autoestima e a harmonia afetiva.