A qualidade do algodão brasileiro, reconhecida internacionalmente, depende de uma cadeia de processos rigorosos. Para garantir o padrão de excelência, a Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) , realiza no próximo dia 29 de abril, em Uberlândia (MG), o Curso de Capacitação e Qualificação para Inspetores de Unidades de Beneficiamento de Algodão (UBAs).
O curso, que por meio da Abrapa, formou centenas de profissionais pelo Brasil, é um pilar do Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB), sistema que garante a certificação voluntária da fibra, chancelado pelo governo federal.
Transparência e renovação em foco
Anicézio Resende, gerente da Central de Classificação de Fibra de Algodão – Algodão Minas (unidade filial da Amipa), explica que o curso vai além da qualificação técnica. “Capacitamos os inspetores para garantir que uma amostra retirada do fardo corresponda exatamente ao produto comercializado. Isso evita fraudes e garante transparência, rastreabilidade e sustentabilidade, pilares que sustentam a confiança do algodão brasileiro no mundo”, afirma.
O PQAB segue a Instrução Normativa 24 (IN24), que regulamenta a comercialização da pluma, e a Portaria 375, que trata sobre a certificação de produtos vegetais. Resende destaca que a meta é formar 20 novos inspetores em Minas Gerais em 2025, ampliando a adesão ao PQAB. “Cada inspetor certificado é um guardião da qualidade. Eles garantem que as análises laboratoriais reflitam a realidade do algodão, o que é decisivo para negociações justas”, completa.
Já Edson Mizoguchi, gestor do Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI) da Abrapa, reforça o impacto estratégico da iniciativa: “sem essa capacitação, muitas usinas não entenderiam a importância do manejo correto das amostras. Um erro pode levar à contaminação cruzada, comprometendo resultados e abalando a confiança dos compradores”. Ele ressalta que o Brasil exporta mais de 80% do algodão produzido, principalmente para mercados asiáticos exigentes, onde a certificação do Mapa é um selo de correção.
Desafios do PQAB
Apesar dos avanços, a implementação do programa enfrenta obstáculos em três frentes, conforme detalhes Edson:
1. Nas usinas: ajustes técnicos, como a comprovação de equipamentos adequados e a vinculação de produtores às unidades de beneficiamento.
2. Nos laboratórios: manutenção de máquinas de análise HVI (High Volume Instrument) dentro de padrões internacionais e adesão ao sistema SBRHVI, que padroniza certificações.
3. Na expansão: treinar inspetores em todos os estados e convencer produtores da importância da amostragem correta.
“Muitos ainda não veem a experiência como investimento, mas como custo. Precisamos mostrar que a certificação agrega valor, permitindo negociar a pluma a preços mais altos”, explica. Segundo ele, a desconfiança dos compradores asiáticos em relação às análises não auditadas é uma barreira que o PQAB ajuda ao colapso.
Do treinamento à valorização da fibra
Para superar esses desafios, a Abrapa e as associações estaduais, entre elas a Amipa, investem em capacitação contínua e campanhas de conscientização. “Mostramos aos produtores que um algodão bem classificado abre portas no exterior. A rastreabilidade, desde o trabalho até o fardo, é um diferencial que o mercado paga”, afirma Edson.
O curso em Uberlândia, por exemplo, incluirá módulos sobre:
– Técnicas de coleta de amostras para evitar contaminação.
– Registro de dados e rastreabilidade.
– Protocolos de envio para laboratórios credenciados.
Ao final, os participantes serão submetidos a uma avaliação com nota mínima de seis para aprovação. “Não basta conhecer a legislação; é preciso dominar a prática”, reforça o gerente da Minas Cotton.
Números da safra
A expectativa de produção recorde do algodão vem se confirmando na safra 2024/2025. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em seu 7º Boletim de Safra, o plantio está concluído com previsão de área em 2,1 milhões de hectares, crescimento de 6,9% sobre a safra 2023/24. Para a produção de pluma é esperada uma colheita de 3,9 milhões de toneladas, 5,1% acima do volume produzido no ciclo anterior.
O estado é um dos destaques na cotonicultura, ranqueado na terceira posição de maior produtor nacional, com área plantada de 43.570 mil hectares. Segundo indicadores no núcleo Amipa Georreferenciamento e Dados, a produção de algodão em caroço está em torno de 205.128,45 mil toneladas, enquanto a produção de pluma em 84.695,54. Embora algumas regiões mineiras tenham sofrido com veranico entre fevereiro e março, projeta-se uma produtividade média de 313 arrobas por hectare.
Hoje, o algodão brasileiro é reconhecido em mais de 40 países, e o PQAB é um dos responsáveis por esse escopo. “Cada fardo certificado passa por auditorias rigorosas, do campo ao laboratório. Essa é uma garantia de que os compradores sejam fechados”, conclui Resende.
Serviço
Curso de Capacitação para Inspetores da UBA
Público: exclusivo para produtores associados
Data: 29 de abril de 2024
Local: filial da Amipa em Uberlândia (MG)
Informações: (34) 2589-8900 | resende@amipa.com.br | minascotton@amipa.com.br
Realização: Amipa/Minas Cotton, Abrapa e Mapa
Apoio: Seapa, Proalminas e Fundo Algominas