Em 2013, apenas 13,6% das mulheres diagnosticadas tinham menos de 48 anos. Em 2023, os dados subiram para 22,4%, levantando um alerta sobre o perfil de quem desenvolve a doença
O Painel Oncologia do DataSUS revelou que, nos últimos dez anos, o câncer de vulva teve um considerável crescimento no país. Os casos registrados saltaram de 405 em 2013 para
1.436 em 2023. A oncologista Maria Cristina Figueroa Magalhães (CRM-PR 22643 e RQE 19751) explica que o câncer de vulva afeta a parte externa do órgão genital feminino, incluindo os lábios maiores e menores, o clitóris e a abertura da vagina. Embora seja relativamente raro em comparação com outros cânceres ginecológicos (colo do útero e endométrio), ele pode ter um grande impacto na saúde e na qualidade de vida da mulher.
Segundo a especialista, a maioria dos casos de câncer de vulva está relacionada a infecções por papilomavírus humano (HPV), principalmente pelos subtipos oncogênicos de alto risco, como o HPV 16 e o HPV 18.
Maria Cristina esclarece que o HPV é um vírus comum e de transmissão sexual. A infecção persistente pode levar a alterações celulares anormais nas áreas afetadas, incluindo a vulva. Essas alterações celulares podem evoluir para lesões pré-cancerosas e, em alguns casos, se transformarem em câncer ao longo dos anos. “A imunossupressão e outros fatores de risco, como o tabagismo, podem aumentar a persistência do HPV e o risco de desenvolvimento de câncer de vulva”, salienta.
A médica comenta que o câncer de vulva pode ser de diagnóstico tardio em mulheres mais idosas ou que raramente fazem exames ginecológicos, pois muitas vezes, as pacientes podem ignorar sintomas iniciais, como coceira ou irritação, acreditando serem apenas problemas menores de pele.
Além disso, Maria Cristina lembra que, por ser um tipo de câncer menos frequente e discutido, tanto pacientes quanto profissionais de saúde podem demorar a associar os sintomas ao câncer, retardando o diagnóstico. Contudo, ao notar qualquer um desses sinais
— coceira persistente na região vulvar; lesões ou feridas que não cicatrizam; inchaço, dor ou sensibilidade ao toque; sangramentos anormais fora do período menstrual e alterações na cor ou textura da pele da vulva — é essencial que a museus consulte um ginecologista para avaliação precoce e tratamento adequado.
Tratamento
O tratamento do câncer de vulva pode variar dependendo do estágio do tumor. As opções incluem:
Cirurgia: o tratamento mais comum, especialmente nos estágios iniciais, envolve a remoção da lesão ou do tumor.
Radioterapia: pode ser indicada antes ou após a cirurgia, dependendo do tamanho do tumor e da presença de linfonodos comprometidos.
Quimioterapia: é geralmente realizada em conjunto com radioterapia ou em casos avançados.
Cirurgia e recuperação
Caso a mulher necessite fazer a intervenção cirúrgica, a recuperação depende do tipo de procedimento realizado. Em cirurgias mais limitadas, tende a ser mais rápida, enquanto cirurgias mais extensas, como a vulvectomia (remoção total ou parcial da vulva), podem exigir mais tempo. Maria Cristina lista algumas etapas importantes no processo de recuperação, como:
Cuidados com a área operada: manter a área limpa e protegida é fundamental para evitar infecções.
Alívio da dor e desconforto: medicações podem ser prescritas para controlar a dor e o inchaço.
Retorno às atividades: o exercício físico deve ser retomado gradualmente, seguindo as recomendações médicas.
Suporte psicológico e sexualidade: muitas pacientes se beneficiam do suporte psicológico para enfrentar questões relacionadas à autoestima e à sexualidade.