As quedas em idosos constituem um problema multifacetado que requer atenção integrada entre profissionais de saúde, familiares e políticas públicas, para assegurar um envelhecimento com qualidade e segurança.
As quedas em idosos representam uma preocupação crescente na área da saúde, especialmente diante do envelhecimento populacional acelerado no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 70% das quedas em idosos ocorrem em ambientes domésticos, destacando-se como uma questão de saúde pública, que demanda atenção para medidas preventivas e ações que assegurem o bem-estar da população idosa.
As estatísticas indicam ainda que 70% das mortes acidentais entre pessoas acima dos 75 anos no país estão associadas a quedas, um número que reforça a necessidade de iniciativas voltadas para a segurança no ambiente doméstico. A Organização Mundial da Saúde (OMS) projeta que, até 2025, o Brasil será o sexto país no mundo em número de idosos. Com a expectativa de vida tendo alcançado os 77 anos em 2021, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as quedas se tornam cada vez mais um desafio crítico, tanto para a saúde individual quanto para o sistema de saúde.
Casos recentes envolvendo figuras públicas evidenciam a importância dos cuidados com a segurança doméstica. O cantor Agnaldo Rayol, de 86 anos, faleceu em decorrência de uma queda em seu apartamento em São Paulo. Ele caiu no banheiro, ambiente conhecido por oferecer riscos, devido à necessidade de equilíbrio em superfícies escorregadias. Em outro episódio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 78 anos, sofreu uma queda no banheiro, resultando em um ferimento na cabeça. Ambos os incidentes exemplificam os riscos aos quais os idosos estão expostos no dia a dia.
A Importância do fortalecimento ósseo e muscular
De acordo com o geriatra Tiago Ferolla, da Linha do Cuidado do Idoso do Hospital Mater Dei Santa Genoveva, a perda de massa óssea em idosos é um problema que exige uma abordagem preventiva desde a vida adulta. “A melhor forma de tratar a perda de massa óssea é a prevenção, que inclui boa alimentação, ingestão de alimentos ricos em cálcio, exposição solar adequada e atividades físicas de resistência, como pilates e musculação”, explica Ferola.
O geriatra destaca que certas condições crônicas podem aumentar o risco de quedas. Doenças como cardiopatias, doenças hepáticas e pulmonares crônicas interferem na mobilidade e na capacidade de oxigenação, fatores que impactam a saúde muscular e óssea. “Essas doenças reduzem a capacidade física dos idosos, afetando diretamente o equilíbrio e o fortalecimento muscular, o que aumenta o risco de quedas”, observa.
O papel da nutrição e atividade física na prevenção
Para manter a saúde óssea, a ingestão adequada de cálcio e vitamina D é essencial. Segundo Ferolla, a vitamina D é fundamental para a absorção do cálcio e o fortalecimento muscular, enquanto o cálcio contribui para a mineralização óssea. Além disso, atividades de resistência, como musculação, ajudam no ganho de força muscular, essencial para a prevenção de quedas.
Ferolla também ressalta a importância do acompanhamento geriátrico para o controle das condições de saúde e para a promoção de práticas preventivas, que vão além do tratamento de doenças. “Prevenir e promover saúde são elementos essenciais no cuidado com o idoso, pois diminuem os riscos de quedas e contribuem para uma melhor qualidade de vida”, conclui.